Capítulo 3

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West Hill (cidade fictícia)

Lauren já havia tomado banho, trocado de roupa, comeu alguma coisa e foi ler, recebeu algumas propostas tentadoras, quando se está quebrado o que não falta são opções de maneiras de como você se quebrar ainda mais.

Estava lendo O morro dos ventos uivantes quando ouviu o som de notificação no celular, número desconhecido.

"oi, quero combinar o trabalho"

Camila Cabello.

"Oi Camila, mansa hein? Gosto assim"

"Olha Lauren se você não quiser levar a sério o trabalho me avisa que falo com a professora, digo que está colocando dificuldades e que prefiro fazer sozinha do que assim"

"Não precisa fazer fofoca pra professora, calma, quer um pouco do meu Rivotril?"

"Me colocaram de dupla com a pior"

"Oh, era pra eu me sentir ofendida? Saiba que não estou satisfeita em estar com você também, mas quero uma boa nota. Vamos fazer sobre Van Gogh, A noite estrelada"

"E quem disse que você escolhe? Eu já estava com algo em mente, Van Gogh confesso, talvez coincidência pensarmos igual nele, mas eu quero falar sobre os girassóis"

"Assim não vamos chegar a lugar nenhum, concordamos em discordar"

Camila respirou fundo antes de responder.

Camila era muito perfeccionista em tudo que fazia, tinha notas impecáveis, era uma das garotas mais populares da escola, aparentemente tinha uma vida perfeita.

"16h30 na sua casa, pode ser? Me manda o endereço, aí falamos sobre... Espero não correr risco de ser assaltada por aí"

"É muito mesquinha mesmo, eu não nem me dar o trabalho de responder. Vou enviar a localização em tempo real e você se vira, cuidado nos maluco da quebrada"

"Que malucos da quebrada Lauren?"

"Lauren?"

Falou na zoeira pra deixa-la com medo. Apesar de não ser lá uma visita que estava feliz em ter, deu uma arrumada rápida no quarto que estava meio bagunçado, preparou suco de morango e colocou pra gelar, a roupa estava boa, afinal não ia a lugar algum mesmo, era só Camila Cabello.

Ficou surpresa por ela se oferecer em vir a sua casa, achou que iria íntima-la a ir na dela. Sabia que esse trabalho seria um dos mais complicados, por ser com ela.

No horário combinado ela chegou, tocou a campainha. Lauren abriu a porta.

— encontrou algum maluco da quebrada?

— você é uma idiota. Vamos falar do trabalho aqui na porta mesmo?

— entra

Deu espaço e Camila entrou, observando tudo ao redor, a casa era simples, mas bem aconchegante. Haviam algumas fotografias espalhadas pela sala, algumas de Lauren bebê nos braços de Clara. Antes que a garota fizesse alguma pergunta chamou a atenção dela.

— meu quarto é por aqui

— aqui na sala está bom, naquela mesa

Apontou.

— tenho uma mesa pra estudos no meu quarto, aqui não

Foram para o quarto, Camila ficou um pouco sem jeito porque estavam sozinhas, nunca havia trocado uma palavra direito com Lauren, sempre esteve em seu grupinho, que era bem separado do grupo de Lauren.

— não imaginei que tivesse o quarto assim

— assim como? Esperava o que? Um monte de caveiras, velas, pôsteres do satanás? Se bem que eu assisto Lucifer a série e adoro (risos)

— você é muito grossa sabia?

— não era assim que imaginava? E de onde tirou espaço pra sua mente imaginar como seria meu quarto? Já pensou em vir aqui antes?

— não seja tola, modo de falar, apenas achei que fosse diferente, mas é só um quarto normal, com livros, uma cama

— você e seus amigos são mestres no julgamento

— estamos aqui pra falar do trabalho ok?

— ok

Pov Lauren J.

Conversamos algumas pautas sobre o trabalho e ela acabou me convencendo a fazermos sobre Os girassóis de Van Gogh, eu amo girassóis, coincidentemente ela também, então pra que discutir e não chegar a lugar algum?

— a gente faz a pesquisa e cada uma estuda o suficiente pra fazer o seminário em sala, e antes da apresentação a gente vai se reunindo pra debater algumas coisas, pode ser? só não me preocure no Colégio

— porque essa a fixação toda? porque acha que eu faço questão de falar com você no Colégio? sempre foi assim?

— assim como?

— de ligar tanto para o que as pessoas pensam?

— eu não ligo, acontece que existe as divisões e é melhor que continue assim

— é só um trabalho, depois disso cada um pro seu lugar e nada muda, então não tem pra quê se preocupar com nada

Respirei fundo e me senti na cama. Droga, agora não, agora não. Mas desde quando meu corpo obedece? Minha respiração começou a ficar ofegante e parecia faltar ar nos meus pulmões.

— ei, o que foi? para de brincadeira Lauren

Olhei pra minhas mãos e elas tremiam, porra de crise de ansiedade. Levei as mãos até o rosto tentando controlar a falta de ar.

— você ta morrendo? Meu Deus eu vou chamar alguém

— não, pega água pra mim, rápido

— eu nem sei onde fica a cozinha

— procura

Ela saiu do quarto e eu abri a gaveta procurando meu remédio, porque agora ansiedade? Camila vai contar pros amigos que me viu tendo um ataque, certeza.

Ela voltou com a água e eu joguei o comprimido na boca engolindo junto da água. Me olhei no espelho e vi que estava mais branca que giz, e ela parecia um pouco assustada.

— não sei o que dizer

— já pode ir embora e contar pro seus amigos, vão ter sobre o que fofocar amanhã

— eu vou embora, você fala sobre julgamentos e você mesma comete, idiota

— não tem nenhum outro nome pra me chamar além desse?

— vou pensar em um pior é substituo. Vou embora, espero que cuide de... Seja lá o que for que você tem, saiba que nem sempre compactuo com as piadinhas dos meus amigos

— se calar e dar risada dá no mesmo, mas isso realmente não importa, nunca esperei além disso de você

— para de me tratar como uma megera Lauren, ou realmente não vai ter como fazermos esse trabalho juntas, ou temos trégua ou desisto!

— ok, desculpa, estou nervosa, acabei de ter uma crise de ansiedade. Trégua! Pelo trabalho

— ótimo, até a próxima então, a gente combina por mensagem

— beleza

— não vai me deixar na porta?

— você sabe o caminho

— que grossa grr

Acabo de descobrir que irritar Camila Cabello é a minha especialidade.

Fragmentos - CamrenWhere stories live. Discover now