Capítulo 13

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Depois de Deena passar o endereço, Heather prontamente se dirigiu até lá. As duas estavam no quarto onde poderiam conversar calmamente, e a loira estava estranhando tudo aquilo. Por que diabos o namorado de sua amiga estava se comportando assim, como se a conhecesse? Era tudo tão estranho!

- Eu sei que que você está estranhando por ter te pedido que viesse aqui, afinal, supostamente você não me conhece, certo? – Falou calmamente.

- Realmente é estranho. Bom eu estou certa de que não te conheço, mas já não creio que seja o mesmo de sua parte... – Deena sorriu sem graça e pensou como começaria.

- Heather, Tofu, A4... – Murmurava os nomes das maneiras que só Deena, costumava chama-la. - rolinha, lesba...

A menina permaneceu imóvel, porém com um ar incrédulo. Deena fora a primeira pessoa em que ela se declarou bissexual e a de olhos escuros, com o certo tempo, gostava de pirraçá-la chamando-a daquele nome que ela tanto odiava.

- Não me chama de lesba! – Falou um pouco emburrada sem perceber a própria fala.

- Heather, pode ser uma loucura o que eu vou dizer agora... – Pausou olhando-a fixamente. - Eu sou a Deena.

- Isso não é loucura. – Soltou um riso fraco. - Isso passa dos limites de loucura pra mim, que sou maluca!

Não dava para acreditar. Ta, ok, ele sabia os apelidos que Deena costumava a lhe chamar, mas aquilo não significava nada.

- Você tem que acreditar em mim, Heather. Sou Deena, sua amiga. De colegas para amigas de Balé. Essa loucura aconteceu há duas semanas e... – Parou por um momento antes de tentar convencê-la: - Megan...

- Como você sabe sobre Megan? – Falou ríspida, levantando-se.

- Estou dizendo... Sou Deena! Deena Johnson, a garota tímida que entrou de cabeça baixa logo na primeira aula, e por conta dessa timidez, uma garota cheia de marra falou sentada com uma cara amarrada, e eu não respondi de primeira por vergonha. – Sorriu lembrando-se. - "Hey, baixinha, estou falando com você! Tem cola quente colada na boca? Levanta essa bunda da cadeira antes que eu te arraste pro meio da sala!"

- Hã? Mas como você... Meu Deus! – Frustrou-se sentando na cama ainda tentando captar aquilo tudo. - Como?

- Eu vou te contar tudo...

Deena começou a relatar tudo que havia acontecido nos mínimos detalhes nas últimas duas semanas, Peter, a fonte, o desejo, o trocar de corpos na manhã seguinte, o problema de se adaptarem, agir pelo comportamento do outro, a briga com o amigo. Exceto sobre estar apaixonada, isso deixaria por último.

Heathee coçou as têmporas.

- Eu... Já ouvi falar sobre essa fonte italiana. – Murmurou ajeitando-se na cama. - Até sobre essa lenda de troca de corpos... Mas é só uma lenda! Impossível... definitivamente impossível!

- Você confia em Deena? – Perguntou firme de repente.

- É claro que eu confio! Totalmente! – Foi astuta em dizer, realmente confiava. Elas eram aquele tipo de amizade em que você não consegue explicar. Chega de repente. Vocês não têm muitas coisas em comum, mas isso basta. E quando se dão conta, são melhores amigos.

- Então sabe que se você contasse um segredo, ela jamais contaria a ninguém. Jamais trairia sua confiança, certo? – Buscava confiança da amiga. Heather assentiu. - Quando tinha cinco anos, seus pais brigaram. Você estava escondida dentro do armário, mas podia ver tudo atrás de uma pequena brecha... - Começou devagar. - Era tão pequena, tão indefesa, tão inocente... não entendia muito bem o que se passava, sua mãe chorava inconsolada, seu pai gritava alterado. E você lá dentro... escondida, no escuro chorando aos soluços, com medo, sem eles saberem de que estava ali observando... Aquele foi o pior dia de sua vida, nesse mesmo dia seu pai saiu de casa, e quando chegou à noite, você se surpreendeu ao vê-lo parado na porta de seu quarto. O mesmo lhe dissera que iriam embora. Que sua mãe não poderia cuidar de você sozinha, e que... você seria um peso enorme para ela, um fardo. Você nem ao menos entendeu o que aquelas palavras queriam dizer ao certo, mas entendeu o que o seu pai dizia se fosse embora com ele, que seria o melhor para sua mãe... Um total equívoco, já que sua mãe nem mesmo sabia de nada disso. Seu pai mentira, queria te levar com ele e você foi. Porém antes de ir, caminhou cuidadosamente até o quarto onde sua mãe dormia com a respiração pesada, parecia estar tendo pesadelos e você, com apenas 6 anos, sussurrou lentamente em seu ouvindo...

Se Eu Fosse Você (Sameena)Where stories live. Discover now