Capítulo 19

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Sam ressonou na cama devagar ouvindo o bater insistente na porta, ela sabia que era sua mãe, mas simplesmente ignorou até não conseguir ouvir mais as batidas. Aos poucos ela foi se enrolando com o lençol de seda, e suavemente, fechou seus olhos.

Era domingo, e ela estava ali mais uma vez. Por horas olhando fixamente o nada, fazendo exatamente nada. O som da música suave invadia seu quarto, e ela apreciava a voz de Bon Iver sair pelo rádio. Ela não queria sair da cama àquele dia. Na verdade, ela não queria sair nunca mais de sua cama. Sam queria ficar ali. Trancada. Sozinha. No escuro de seu quarto. Onde não havia nada e nem ninguém para perturbá-la. Ela só queria ficar longe de tudo e todos...

Seus pais a receberam de braços abertos quando ela chegou extremamente molhada naquela tarde em casa. Eles a acolheram e colocaram-na para dormir sem dizer uma palavra. Pois eles sabiam que Sam falaria o que havia acontecido quando se sentisse melhor. Mas eles se enganaram quando viram que a filha não havia melhorado. De tanto insistirem, Sam ordenou aos berros que queria ficar sozinha. Eles assim, tristes, obedeceram, dando um tempo para a menina.

Seu celular não parava de tocar um minuto. E ela, como se não doesse o bastante, ignorou todas as chamadas insistentes, como se não estivesse ouvindo. Poderia ser loucura, mas para ela não era. Por três semanas ela ficou trancada naquele quarto. Não sentia vontade de sair e muito menos comer, mas quando a fome batia, se tornava impossível, então ela descia as enormes escadas para fazer uma refeição. E ela logo tratava de voltar a se trancar no quarto.

As cortinas de seu quarto sempre se mantinham fechadas, e quando ficava entediada, ela dava voltas pelo ambiente ou ligava a televisão.

Ouvia a campainha de sua casa ser tocada todos os dias, e um breve 'Ela não está bem, o que quer com ela?' Saindo da boca de sua empregada, mãe ou pai. Assim Sam entendeu quem era, e ela colocava o travesseiro tapando o rosto. Faltou a escola pelo simples motivo de não querer dar de cara com um certo alguém. E esse alguém era Deena Johnson...

Ela soltou um longo suspiro, e abriu os olhos... Os mesmos se encontraram marejados, assim como todos os dias desde que fugiu de Deena. Ela passou seus olhos azuis caídos pelo quarto e observou cada coisa que ela tinha feito. Um grunhido furioso saiu. O quarto estava totalmente destruído. Sam havia destruído tudo, e nela ainda existia uma vontade de querer quebrar e destruir mais alguma coisa. E quando assim ela fazia, até se sentir satisfeita. Quando a loira não conseguia mais se manter em pé, simplesmente se deitava na cama e chorava.

Parecia que todas as suas energias tinham acabado, se esgotado. E não existia mais um carregador para recarregá-las. Não havia mais um certo alguém para fazê-la sorrir como dias atrás. Ela se sentia cansada fisicamente e psicologicamente. Confusa e magoada, iludida e acabada. Mas não eram nada comparado com a dor em seu coração.

Olhou o relógio e viu que eram exatamente três horas da tarde. Sam gemeu. Estava morrendo de fome, mas hoje ela não queria comer. Pois sabia que largaria metade e ela não queria desperdiçar. O sol quente adornava no céu naquele dia que podia se considerar os piores para Sam. E sobre uma pequena brechinha da grande janela, havia um pouco de luz. O vento fraco batia contra as cortinhas amarelas e por conta disso a luz foi refletida em um de seus Cds, indo diretamente em seus olhos. Ela gemeu novamente, agora de frustração.

A caligrafia diferente na mídia em suas mãos era inconfundível, e ela pensou consigo mesma se deveria assistir. A próxima coisa que aconteceu foi ela apertar o play, dando início ao vídeo.

Sam assistia e seus olhos iam aumentando um pouco de tamanho. A primeira e última vez que ela tinha assistido estava morrendo de vergonha, agora ela parecia mais inacreditada com o que via na tela.

Se Eu Fosse Você (Sameena)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora