Ponte

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Me perdoem os erros, lembrando que é uma produção totalmente amadora, feita por celular, sem auxílio de nenhum editor profissional. Então antes de olhar com olhos críticos, apenas divirtam-se.





A madrugada nem sempre fora tão acolhedora, costumava odiar o escuro e tudo que me lembrasse das sombras, e ver a água negra e densa lá embaixo me dava náuseas, meu peito doía. No fim seria isso? Lutei a vida toda contra ela e no final eu me entregaria a minha escuridão? Viver eternamente nas sombras até que a misericórdia de uma reencarnação me tirasse do vazio... Não, eu não queria voltar para esse mundo.

Não aguentaria um segundo se quer aqui, ficaria para sempre entregue ao escuro, mas nunca mais voltaria para cá.

Era só saltar.

Esperei para ouvir o relógio da cidade soar três da manhã pra finalmente minha coragem atingir o limite e minhas mãos soltarem a barra, mas ficar em cima do grande corrimão da ponte que ligava os distritos era um pouco perturbador, saber que daqui alguns minutos eu me jogaria dentro daquele rio e não tentaria nadar.

Acabou, no fim me restava minhas próprias sombras, até mesmo agora elas espreitavam perto de mim, e estava tudo bem, elas me acompanharam até esse momento, nada mais justo que estarem junto comigo até o fim. Tentei controlar meu coração que batia descontroladamente com a ideia do suicídio, eu não sabia dizer ao certo se eu estava ansiosa ou com medo, mas não voltaria atrás com essa decisão, eu precisava.....

- O que você está fazendo? - alguém havia interrompido meus pensamentos, e girei a cabeça na intenção achar o dono da voz baixa e rouca, a rua estava vazia, como ele chegou tão perto sem nem fazer barulho, eu estava tão imersa assim para não ter escutado? - O que foi? O gato comeu a sua língua?

Avaliei o homem escorado no corrimão, seu capuz tampava o rosto inteiro e a única parte visível era sua mão fina e ossuda, que segurava um cigarro já quase no fim entre os dedos, sem pensar muito respondi sua pergunta. - Por que quer saber?

- Sou curioso. - ele fala quase ronronando e volta seu rosto para o rio antes de continuar. - Planeja pular aí dentro?

- E se eu estiver?

- Não aconselho, o nível da água está alto, se planeja suicídio, volta daqui três dias, assim você não precisa se preocupar com a correnteza ou com a parte do afogamento, - quem era esse cara? E qual era o seu problema? - Se tiver sorte vai ser rápido

- Quem é você?

- Ninguém importante - Murmurou com a voz rouca, ainda desmontando interesse na cena a sua frente. -, e então? Vai ou não?

- Me deixa em paz

- Tudo bem, não estou aqui - ele ficou parado durante um tempo, queria ter ao menos privacidade para pular, mas esse cara nem se quer se afastar, faltava pouco menos de cinco minutos para as três da manhã e ele ainda estava aqui, o que ele queria? Ver um espetáculo?

- Por que quer fazer isso? - ouvi sua voz novamente e apertei firme a barra antes de responder.

- Não é o tipo de coisa que se fala pra um estranho. - falei sem olhar para ele.

- Tem razão, não é... - ele respira fundo e pesado antes de recomeçar a falar. - Mas se pensar pelo lado de que você está prestes a acabar com sua vida, acho que isso não importa muito, não acha?

- Tudo bem... Você não tem nada melhor para fazer? - senti que ele estava rindo de mim, e então se virou para a rua mantendo apenas as costas e os cotovelos no corrimão, o que fez balançar a grade de segurança, segurei firme a barra para me manter em pé.

"crónicas de sombra e fogo" - Toya Todoroki (Dabi)Onde histórias criam vida. Descubra agora