Treinamento

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- Você se sente culpada? - abri meus olhos rapidamente quando aquela voz, tão sombria tirada dos meus próprios pesadelos arranharam meus ouvidos, na intenção de me cortarem, procurei pelo quarto o dono dela mas não o encontrei, não no meio daquela escuridão.

- Quem está aí?

- Como você pode estar tão feliz, com tudo que aconteceu? - Não respondeu minha pergunta, mas aquela voz era suficiente para que eu saiba, que deveria ter medo. E eu estava com medo.

- O que aconteceu? - Rodeei o quarto atrás de quem estava falando, mas não vi ninguém presente, apertei a coberta e antes que eu virasse para o outro lado, uma respiração gelada, e podre, acariciou meu rosto, fazendo minhas entranhas se contorcer, fedia como a própria morte, o bile me subiu a garganta e pensei que fosse vomitar com aquele cheiro, olhei para frente, o meu corpo agora tremia pelo medo, e vi ele ali, novamente, claro como uma lembrança que insistia em voltar.

- O acidente - abri os olhos novamente e dessa vez o quarto estava claro, meu corpo suava, a franja grudada na testa, foi um pesadelo, somente um pesadelo. Me sentei na cama passando as mãos no meu rosto para tentar clarear minha mente. Não foi nada, só um sonho ruim, mas meu coração insistia em bater acelerado, e o cheiro ainda impregnado no meu nariz. Respirei pesado agora sentindo o cheiro do ar puro, aromatizado, sem aquele fedor horrível do meu pesadelo, e me deitei na cama sentindo-a balançar. Já passou! Estiquei meu braço em busca de Dabi mas acabei não o encontrando onde deveria estar, e virei meu rosto.

A cama estava vazia.

Olhei em volta dessa vez em busca do vilão mas não o encontrei, nem mesmo suas roupas no chão, o banheiro estava aberto e ele também não estava lá. Me sentei novamente e mesmo não querendo, minha mente trabalhou pregando peças em mim. Como uma memória muscular, virei meu rosto na direção do abajur, e dessa vez, havia um papel ali.

Estiquei meu braço e o peguei vendo a caligrafia de Toya nela.

" Tive que sair para resolver uns assuntos da liga para Shigaraki, espero que não se importe de acordar sozinha hoje. Obrigada pela boa noite de sono, eu te vejo tarde, minha querida May "

Ass: T.

Aquilo fez meus pensamentos acalmarem e guardei o bilhete junto com o primeiro, dentro do abajur, assim pude levantar um pouco menos histérica. Senti a seda da camisola dourada na minha pele, que foi uma batalha para vestir já que Toya insistia em que eu dormisse sem ela, e caminhei até o banheiro. Por um instante tive medo de me olhar no espelho mas não tive escolha enquanto escovava os dentes. Toya havia me destruído, meu corpo possuía marcas por várias partes, desde suas mãos nítidas em mim por conta da individualidade, até as marcas de seus tapas na minha coxa, me sinto estranhamente satisfeita com isso...

Terminei minha higiene e antes que eu pudesse secar meu rosto, ouvi batidas na porta do meu quarto, então sem muito ânimo fui até ela com a toalha de rosto em mãos. Quando abri havia um funcionário do prédio, uniformizado me aguardando.

- Pois não?

- Senhorita Decker, vim até aqui a pedido de seu mestre, Kurogiri, ele lhe solicita na ala norte, primeiro andar, onde o mesmo a espera - Isso era do outro lado daquele lugar imenso, por que me esperar tão longe?

- Sobre o que se trata? - Perguntei ainda sem entender muito bem o que acontecia, e o funcionário pegou algo no carrinho ao seu lado e me estendeu, era uma muda de roupas. As peguei.

- Agora que Shigaraki Tomura é oficialmente líder do exército da libertação, foi deixado claro o desejo dele para qual a senhorita pudesse ser treinada no nosso centro de treinamento. Com supervisionamento do vice líder, Kurogiri - balancei a cabeça assentindo, então aquela cessão de tortura recomeçaria. Avaliei as roupas nas minhas mãos, uniformes.

"crónicas de sombra e fogo" - Toya Todoroki (Dabi)Onde histórias criam vida. Descubra agora