VAMPIRO GAY E SEU NAMORADO DRAGÃO

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NOTAS IMPORTANTES:

Hey! Essa fanfic faz parte de uma série de fanfics pós-AWTWB que estou escrevendo. Como são uma "continuação" dos eventos do livro, elas todas estão meio que interligadas. Você não precisa ler uma para entender a outra mas, só para que esteja ciente, a ordem cronológica das que já estão postadas no meu perfil é a seguinte:

21 de junho

Vem comigo

Nas asas do amor

Batatas com sal e vinagre

A lista do Baz, por Simon Snow

Espero que goste da história!!

***

— Vamos falar com a mãe da Penny? — eu termino de estacionar quando Simon pergunta. Ele está vestindo uma das camisas de mangas curtas que comprei para ele, modificada para que use com as asas de fora: tem botões nas laterais.

— Você tem algo pra resolver com ela?

— Eu? Não.

— Nem eu. Ela não vai se importar se não causarmos nenhum problema.

Pegamos emprestada a caminhonete de Shepard para virmos à Watford. 1) Sim, ele e Penélope foram até os Estados Unidos para buscar um carro (Simon e eu nos oferecemos para ir junto. Eu, por educação, Simon, porque ele é Simon. Felizmente, nossas presenças foram recusadas. Não quero sair da Inglaterra tão cedo); 2) Na verdade, Shepard disponibilizou a caminhonete depois que os dois disseram que não poderiam nos trazer — devem estar ocupados invocando outro demônio agora. "Eu sei que vocês vão cuidar bem dela", ele disse, antes de me passar a chave, soando ligeiramente preocupado.

Não que eu tenha lembranças muito boas dessa coisa exagerada de quatro rodas — algumas poucas, sobre a carroceria —, mas não pretendo destruí-la, se é o que Shepard teme.

Em todo caso, chegamos. Simon e eu pulamos para fora da caminhonete e passamos pelo portão onde lê-se "A magia nos separa do mundo, não permitam que nada nos separe uns dos outros". Ele segura minha mão, entrelaçando os nossos dedos (Snow tem feito isso com certa frequência, acho que nem percebe mais. Eu amo cada segundo).

Não temos que nos preocupar com o sol — está nublado o suficiente para que a questão talvez seja a chuva —, desse modo, decidimos ir até as colinas andando e então voar de lá. Uma programação normal no dia de um vampiro gay e seu namorado dragão.

Contornamos a escola pela esquerda, passando por fora do fosso e o mais longe possível dele e dos lobsereios. Foi em algum lugar por aqui que espantamos aquela dragoa. Foi aqui que Simon compartilhou magia comigo pela primeira vez, quando ainda a tinha, quando ainda era uma bomba nuclear, lembro enquanto caminhamos pelo gramado. Simon parece estar pensando o mesmo, pois gagueja uma variação da pergunta que eu já respondi umas mil vezes:

— Baz... você... sei lá, você não sente mesmo falta... da minha magia?

— Já tivemos essa conversa antes.

— Eu sei, mas... — ele solta o ar dos pulmões.

— Eu te disse, Simon: achava que você iria me matar, que eu seria o alvo de uma das suas explosões, que iria me fazer sumir em cinzas no fim de tudo.

— Então... não?

Tem dois meses que moramos juntos, e situações assim, em que Simon deixa a insegurança vir à tona, não são incomuns (acontece comigo também; um brinde aos casais traumatizados!). Tento lembrá-lo de que o presente é bom, é melhor. Me esforço para que ele veja que o agora é mais importante. Deixo claro que eu não mudaria como as coisas estão nesse momento.

— Eu amo você, Snow. E amo não me sentir ameaçado a todo segundo. Então, não — isso faz seu semblante relaxar um pouco. Ele sabe que estou sendo sincero. — Você sabe que eu amo quem você é. Com todos os defeitos. Como largar a toalha molhada em cima da cama, sujar a casa toda com farelo de biscoito, acabar com toda a manteiga em três dias — ele está rindo agora —, nunca me deixar arrumar seu cabelo.

— Ei! Isso não é um defeito — ele está certo. — E eu sei arrumar meu cabelo sozinho.

— Então por que não arruma? — ele bate a cauda em minhas costas. Estamos prestes a atravessar o campo de futebol.

— Eu devo ser um pé no saco — Simon diz baixinho, mais para ele mesmo do que para mim.

Eu paro de andar, forçando-o a parar comigo. Me ponho em sua frente. Não solto sua mão. Os olhos azuis de Simon me encaram quase que timidamente.

— Primeiro: todo mundo é um pouco pé no saco, mas não. Segundo: a última vez que estivemos aqui já foi ruim o suficiente, não vamos repetir isso, pode ser? — na última vez que estivemos aqui juntos, Simon quase me matou do coração indo sozinho atrás de Smith-Richards. Ele acena positivamente com a cabeça, eu colo nossas testas. — Podemos curtir o momento? Pode guardar isso para mais tarde? — ele dá mais um sorrisinho, pois sabe que estou usando a técnica dele.

— Sim, podemos — Snow me beija. Tão doce... — Tô feliz por ter vindo comigo, Baz — ele esfrega o nariz no meu.

— E eu estou ansioso para te beijar lá em cima, então vamos ficar tristes em casa, depois de voar um pouco — meu coração bate com mais empenho toda vez que ele sorri.

Continuamos o curso gramado a cima. Simon aponta todo animado uma cabra, quando ela pousa poucos metros a nossa frente, como se eu não estivesse vendo o quadrúpede com asas. Tonto e fofo, é tudo que meu cérebro consegue formular.

— Acho que aqui é um ponto legal — ele conclui, parando no topo de um morrinho. Há cabras em todos os lados (elas se afastam instantaneamente quando me veem).

Solto a mão quentinha de Simon para amarrar meus cabelos num rabo de cavalo bem apertado — trouxe um elástico no bolso, pensando nesse momento —, ficar parecendo o Mozart não é algo que desejo com muita constância.

Snow assiste atentamente cada movimento dos meus dedos, então me deixo demorar um pouco mais que o necessário, só pela satisfação de tê-lo observando; a boca dele está aberta, ele passa a língua pelo lábio inferior e depois o morde. Circe, tenha piedade de mim.

— Ok. O que eu faço agora? — apoio minhas mãos na cintura, aguardando as coordenadas. Nunca fizemos isso dessa forma antes (sem estar em perigo iminente, ou desesperados, ou numa relação um tanto quanto mais estável, num geral).

— Eu acho que vai ser mais fácil se eu te pegar no colo.

— O que for melhor para você, amor.

— Tá. Segura meu pescoço — é tudo o que ele diz.

— De frente ou...?

— Não, tipo... — eu me aproximo lateralmente e passo um dos braços sobre seus ombros. — Isso!

Snow abraça minhas costas e, colocando o outro braço por trás dos meus joelhos, ele me tira do chão — sem nenhuma reclamação, como se o meu peso fosse o mesmo que o de uma pena. Morgana, desse jeito vou querer voar sempre, reflito, sentindo o calor dele me envolver. Ajeito melhor a posição ao redor do pescoço de Simon e sinto sua cauda contornando minha cintura.

— Quais as chances de cairmos? — brinco, mas minha voz sai menos como uma piada e mais como uma preocupação, apesar de eu não estar com medo.

Estou nervoso. Porque, cacete, eu vou voar nos braços do homem que amo! Quão incrível isso é? Poderíamos estar numa cena de filme, num clipe de música. E não estamos à beira da morte essa vez! É novo. Faz meu estômago se encher de borboletas. Lembro do instante em que ele se ofereceu para me trazer — tão entusiasmado e fofo e com o cabelo molhado colado na testa —, o que só me deixa mais... feliz? Grato? Apaixonado? Todas as opções anteriores.

Eu confio em Simon. Sei que ele não me deixaria cair. Ele não deixou nem com uma das asas quebradas e todo baleado.

— Não vou deixar você cair.

— Eu sei — minha voz é mais firme dessa vez.

nas asas do amorWhere stories live. Discover now