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Eu não me lembro de muita coisa, mas sim de almoçar com Noah, Sina e Heyoon.

A tarde está ensolarada, o que me deixa com um pouco de calor. Abano meu rosto com as mãos, tomando a atenção de Noah. Estamos andando até nossas respectivas casas.

— Está com calor? — assinto com a cabeça. — Podemos ir naquela sorveteria se quiser, é perto daqui.

Não consigo compreendê-lo. Depois de conversarmos na escola, Noah não havia falado comigo. Nem hoje de manhã, quando nos encontramos no corredor. Nada.

Mas, agora, parece que nada mudou, visto que ele não parava de me olhar durante a refeição, enquanto Sina e Heyoon falavam sobre algo que eu não prestava atenção. Seu olhar sobre mim me distraía.

— Pode ser. — sorrio. — Ei, casal — as duas garotas param de conversar e olham para mim. — Querem ir na sorveteria com a gente?

— Nós? — minha irmã pergunta. — Não, obrigada. Fiquem à vontade, casal.

Elas simplesmente saem de perto, deixando eu e Noah sozinhos. Sinto minha bochecha esquentar. Sina sempre fez piadas com relação ao relacionamento que eu nunca tive, mas nunca na frente do moreno.

— Vamos? — ele diz e digo que sim com a cabeça.

O silêncio está presente enquanto caminhamos até a sorveteria. Não consigo dizer alguma coisa, porque estou com vergonha dos meus próprios pensamentos. E, com isso, eu quero dizer que tenho vontade de segurar a sua mão enquanto andamos juntos pelas ruas, só para sentir-me bem. É loucura, eu estou ficando louco.

Quando dou-me conta, chegamos ao local. Dessa vez, Noah sugere de comprarmos nossos sorvetes e sentarmos em um banco que há em uma praça do outro lado da rua e penso que é uma boa ideia.

Que clichê. Um casal que ainda não é um casal sempre vai tomar sorvete em uma praça bonita, com flores ao redor e sorriem porque descobrem que estão apaixonados um pelo outro. É tão clichê.

— Ok, deveríamos falar sobre sua irmã dizer que somos um casal? — é o que Noah diz quando terminamos nossos sorvetes. Arregalo os olhos.

— Não, não deveríamos — rio. — Sina sempre faz esse tipo de brincadeira. Joalin e ela acham que vamos ficar juntos ou algo assim. É engraçado.

— Elas são divertidas, ri muito um dia desses.

— Ah, foi isso que elas te disseram quando te deixei sozinho com elas? — levanto a sobrancelha, arrancando uma risada de Noah.

— É, algo assim. Sina disse que tem certeza de que nós gostamos um do outro e Joalin disse que me bateria se eu partisse o seu coração.

Acho que vou explodir de vergonha. Essas duas não sabem ficar em silêncio.

— Desculpa por elas, ficam meio fora de controle. — Noah ri, mas logo fica sério novamente.

— Por que elas diriam isso? Você falou de mim ou alguma coisa do tipo?

Quero enfiar o meu rosto na terra e nunca mais sair. Acho que minhas bochechas estão mais vermelhas do que nunca, não sei o que responder. Por isso só olho para Noah, que me encara de volta, curioso.

— Eu não sei. Bem, eu acho que sei, mas... Não sei se consigo te dizer o que é.

E o silêncio está de volta. Eu estou muito nervoso para iniciar outra conversa e estragar tudo. Eu praticamente disse para Noah o que sinto em relação à ele, mas não com todas as letras. Tenho medo de abrir a boca novamente e assustá-lo.

— Josh? — a voz dele interrompe meus pensamentos. — Você... Você acha que Sina tem razão?

Noah fala muito baixo, mas é o suficiente para essa pergunta chegar aos meus ouvidos. Novamente, não sei o que responder. Na verdade, sim, sei. Respiro fundo e preparo-me para o que vem a seguir.

— Acho — sussurro. — E você?

Não acredito que acabei de dizer isso. Não tenho para onde correr. É agora ou nunca.

Minha mente diz que Noah vai sair correndo. Ela diz que Noah vai gritar comigo, dizer que somos apenas amigos e que eu entendi tudo errado. Depois nunca mais vamos conversar e eu voltarei a ser solitário.

Noah não diz nada. Na realidade, o moreno pega a minha mão e coloca na altura de seu coração. Ele bate acelerado e sua mão está molhada de suor, mas não me incomodo.

— Eu acho que os meus batimentos cardíacos falam por mim.

Então, como se realmente fosse um clichê, Noah me puxa pela cintura e tudo parece fazer sentido quando nossos lábios se tocam. 

Prince | NoshWhere stories live. Discover now