Capitulo Um

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A mãe não estranhou que Padma estivesse ausente no jantar.

A governanta raramente aparecia nas refeições. Seu trabalho era garantir a presença de Rhaella.

E já sentada em seu lugar quando os pais chegaram, Rhaella pediu ao Caldeirão que eles não percebem o cheiro de medo vindo dela. Que não percebessem as mãos tremendo no colo da garota.

Mãos que acabaram de assassinar alguém.

—Sente-se preparada pra amanhã? –Perguntou a mãe de Rhaella com um sorriso.

Athenais era bela. Apesar de ser mulher do administrador da corte e todos saberem como Keir é com "suas fêmeas" todos da corte cobiçavam Athenais.

Os cabelos loiros, presos em um penteado elaborado, o rosto de traços finos e o porte de uma nobre. A beleza que Mor herdou, não Rhaella.

A dela não foi herdada da família. Como Athenais dizia fora um presente da própria Mãe.

Rhaella já estava farta dos presentes da tal deusa.

—Lembre-se, dê prioridade aos Senhores Grão-feéricos, depois perca tempo com os herdeiros –disse o pai a olhando atentamente.

—Eu sei, papai –Rhaella apertou os lábios.

—Ela não terá dificuldade em chamar atenção –Athenais sorriu orgulhosa. –Todo macho da nossa corte a olha como uma deusa em Prythian.

Todos exceto Rhysand. O único macho com quem Rhaella queria conversar amanhã.

Os pais a proibiram de falar com o Grão-Senhor, por isso Rhaella vira Rhysand apenas três vezes na corte. Quando sabiam de sua aparição estava proibida de comparecer ao salão, Padma até mesmo a trancava no quarto.

Os pais diziam que Rhysand era um monstro cruel, uma aberração. Metade illyriano, o povo rebelde e indisciplinado que vivia nas montanhas. Padma contou sobre eles quando era criança, as asas que perfuraram pessoas, o ódio sanguinário nos olhos. Monstros que Rhaella nunca deveria se aproximar.

Por isso mesmo sem a vigilância dos pais Rhaella temia encontrar Rhysand, ou aquele seus amigos, na corte. Só de pensar nas assas pontudas...

Ela estremeceu.

—Não fale com Rhysand –O tom rígido do pai a retirou de seus devaneios. –Ele é perda de tempo. Não é do nosso interesse casa-la com aquele bastardo.

Rhaella sequer pensava nisso. Rhysand, era o homem mais lindo de todos sim, mas a menina temia seus poderes de ler mente, de ver a real vontade de seu coração. Não se imaginava conviver com uma pessoa que a qualquer momento poderia doma-la, invadir sua mente e fazer dela o que quisesse.

Ainda sim precisaria dele. Tinha esperança que ele fosse sua salvação.

(...)

Quando por fim pode retornar ao quarto Syrax estava ali, a esperando. O felino piscou os grandes olhos verdes, aguardando ansioso por sua refeição.

Syrax era uma das excentricidades que Rhaella pediu ao pai em seu aniversário de treze anos. Queria um animal de estimação, uma companhia no mundo escuro. O pai sugeriu animais pequenos, domáveis, que toda menina da corte adoraria ter.

Mas Rhaella se encantou com o maior deles, o mais perigoso. Um grande felino negro Syrax, exportado nas terras além do mar. O felino possuía baixa magia, a habilidade de atravessar o tempo-espaço como os Grão-Feéricos, porém em extensão limitada há dois metros.

Corte de Estrelas e TormentoWhere stories live. Discover now