Capítulo Nove

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A mais alta nobreza da Corte Noturna voltou os olhos a Rhys e Rhaella.

Ninguém negaria que tal beleza era avassaladora de se encarar. Rhys representava a imagem da perfeição em forma de macho, seu corpo totalmente formado por uma força além da magia conhecida. Já Rhaella era a imagem da feminilidade, etérea. Caminhando juntos era como luz e escuridão lado a lado.

E ambos não eram amados.

Ela percebeu só naquele momento como muitos lordes olhavam pro Grão-senhor da mesma forma que Keir o olhava: com repulsa e temor. A Corte Noturna era extremamente elitista. Tudo se tratava de manter o sangue puro, dos casamentos entre os nobres. Havia doze famílias principais, sendo a dela a mais notória já que no passado foram Reis da Noite. Um título de nobreza extinto após o antepassado de Rhaella perder a coroa para o antepassado de Rhys.

A família de Rhys preferiu apenas obter o título principal de Grão-Senhor. E então, outra controvérsia surgiu com o casamento do pai do Rhys e sua mãe illyriana.

Um mestiço na posição mais alta da corte era uma afronta que cada lorde suportava com repulsa.

Rhys os ignorava de maneira tão calma que os olhos de Rhaella brilhavam em admiração.

Juntos, reverenciaram o trono de Amarantha. Rhaella permitiu-se encarar os pais por um momento. Athenais mantinha um olhar emocionado sob a filha, vendo-a brilhar naquele salão, sendo aquela cujo todos queriam ter ou ser.

Já Keir não parecia tão satisfeito em vê-la tão próxima de Rhysand. Eram "família", porém nada trazia mais desonra a Keir ser lembrado que Rhys era o Grão-Senhor, e não ele.

–Eis o melhor da Corte Noturna –Amarantha glorificou abrindo os braços. –Há muitos rostos em minha casa, e nenhum se sobreponham a estes. Nenhuma corte seria capaz de entregar algo tão extraordinário quanto a Corte Noturna.

Rhys retribuiu o elogio com seu sorriso misterioso. Rhaella sentiu as bochechas esquentarem.

–Filha –sussurrou Athenais. Lagrimas cintilantes desciam no rosto de sua mãe.

–Mamãe –Rhaella avançou até a fêmea e agarrou seu corpo, procurando conforto.

Não percebeu o quanto a mãe lhe fez falta até vê-la.

Tinha dezessete anos. Era considerado o início da vida mortal, mas uma criança aos olhos de septuagenários que comandavam Prythian. Ainda mal adaptada a sua recente maioridade Rhaella passou a chorar nos braços de sua mãe, tal como uma criança que ficou longe da proteção dos pais. Athenais ficou desconfortável. A filha não foi preparada pra se comportar daquela maneira tão emotiva, ainda mais na frente de toda a elite da corte noturna. O que iriam dizer de sua família? De sua reputação?

Mas Rhaella não a largava. Não conseguia. Era como alguém que se afogava e procurava agarrar-se ao máximo de fôlego que conseguia.

–Rhaella, pare já com isso –Keir segurou o braço de Rhaella e a afastou a menina da mãe. A posicionou ao lado dele e endureceu os dedos pra que Rhaella não conseguisse escapar. –Perdoe-nos, majestade. Fêmeas são tão emotivas!

Eles não se viam há meses. Outros pais choravam todos os dias porque estavam afastados de seus filhos.

Não os dela. Eles não se importavam o suficiente.

–Me desculpe, papai –Repetiu abaixando a cabeça.

Amarantha preferiu ignorar e Rhaella, sua família e Rhys foram pra mesa principal. Eram degraus acima das outras, onde podiam ser vistos como superiores.

Corte de Estrelas e TormentoOù les histoires vivent. Découvrez maintenant