Vinte e três

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Ir trabalhar naquele dia foi difícil, sair da bagunça de membros e cobertores não era uma ideia tentadora, embora fosse sua obrigação, tudo que Levi desejou naquela manhã foi permanecer mais algumas horas no calor dos braços de Eren. Deitados em uma conchinha confortável com Levi entre os braços longos do Jaeger, sair daquele calor era quase uma blasfêmia e Levi continuou xingando seu despertador enquanto tomava seu banho matinal, sabia que quando saísse Eren não estaria mais lá, tendo suas próprias obrigações para cumprir além de precisar se esgueirar pelos corredores para não ser visto.

Cada vez mais Eren se tornava uma presença constante não só em sua mente como também na sua vida, ele já era uma presença importante para todos os momentos importantes da família e seus filhos estavam tão apegados ao tutor como nunca ficaram antes com outros. Eren é especial e Levi quer ter um momento verdadeiro com o Jaeger, sem precisar se esconder, sem precisar fugir da mídia e dos olhos curiosos, mas Levi sabia que isso seria complicado, eles eram dois homens e a tendência comum era rechaçar esse tipo de relação, principalmente quando envolve crianças. Levi tem plena noção da dor de cabeça que terão quando tudo for exposto e infelizmente não tem muito o que fazer quanto a isso, é impossível esconder para sempre e a sociedade sempre seria nojenta e cruel com o diferente do senso comum.

Faltavam alguns meses para o fim do ano e logo as crianças entrarão de férias, talvez fosse bom sair um pouco da rotina massante e levar os pequenos e Eren em uma viagem para algum lugar distante o suficiente para lhes dar privacidade; eles precisavam desse tempo.

Chegar na empresa como todos os dias era um acontecimento, os funcionários paravam tudo que faziam para sair do caminho do chefe até o elevador, alguns nem mesmo olhavam na direção do Ackerman, encarando o chão como se ele fosse muito interessante. No entanto naquele dia as coisas começaram diferentes pois antes que pudesse alcançar o elevador um corpo pequeno trombou com o seu. Levi nem mesmo balançou com o impacto, mas a pessoa que carregava duas caixas enormes e pesadas nos braços bateu com a bunda no chão com um grito de dor e susto e sem surpresa nenhuma Levi reconheceu Nanaba.

O silêncio no saguão foi repentino, todos ficaram em silêncio observando com pena e outros divertimento a novata esbarrar no chefe sempre impassível. Levi percebeu quando Nanaba tremeu e se encolheu, esperando uma bronca e até mesmo uma demissão, como a maioria cochichava pelo lugar, porém o Ackerman não atendeu nenhuma daquelas expectativas, ignorando todo as outras pessoas ele recolheu as caixas – percebendo que estavam extremamente pesadas para uma mulher magra e pequena como Nanaba – e estendendo uma das mãos para ajudá-la a se levantar.

– Quem é seu coordenador? – Sua voz soou como um trovão no ambiente silencioso, assustando a maioria dos funcionários enxeridos que pularam onde estavam, disfarçando a atenção que estavam dando. 

– Di-Dita Ness, senhor. – Nanaba responde trêmula e confusa.

Sem dar muitas respostas Levi caminhou em direção ao setor de contabilidade, este se encontrava no térreo. Nanaba precisou andar a frente para abrir as portas para o chefe com as mãos ocupadas, seu rosto estava retorcido em ansiedade e Levi não se importou em explicar nada para a mulher, estava mais interessado em resolver aquela situação.

O setor foi alcançado e por alguns minutos Levi passou despercebido graças às caixas grandes tampando parte de seu rosto, as pessoas atrás dos computadores – Em sua maioria homens – olharam para Nanaba com nojo, um deles se atreveu bater o ombro nela com força enquanto passava e outro colocou o pé para que tropeçasse. Levi sentiu o mais profundo desgosto ao visualizar aquilo e a situação piorou quando Dita saiu de sua sala, enxergando primeiro Nanaba com as mãos vazias.

– Sua assistente inútil, cadê a porra do material que pedi? Foi fazer o que na merda do depósito? – O homem tinha uma carranca irritada no rosto coberto de barba por fazer, Levi estalou a língua, sem paciência para esperar ser notado. – Essa é uma empresa familiar, garoto, não é lugar para gentinha como você se prostitu-

O tutor Waar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu