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Sunghoon era um dos primeiros a chegar na escola, o primeiro a entrar na sala. Preferindo observar a movimentação de alunos chegando - às vezes, até mesmo tirar um cochilo por não ter dormido bem na noite anterior - pela janela que realmente fazer parte disso. Embora quisesse, não se esforçava de forma alguma. (Ele não chegava a realmente se perguntar sobre como ninguém lhe chamava para grupos de amizades, mas às vezes a solidão batia é colocava a culpa nele mesmo por não se espertar, em seguida dava de ombros e achava estar melhor sozinho, daquele jeitinho mesmo).

Jake era o segundo a chegar, apenas pelo fato de ser o encarregado pela organização de sala nos dias de segunda. Encontrava papéis com números de telefones embaixo das mesas, com contas no Instagram e fofocas sobre todos daquele lugar. Era acostumado, mas odiava. Encontrara seu nome tantas vezes sendo citado que chegava a ser cansativo contar (ele nem se esforçava mais, na real).

Naquela manhã (quase) fria de começo de inverno, quando os olhos se encontraram após a conversa da noite anterior e pela primeira vez após alguns anos, os dois meninos sentiram que estavam no universo, que foram lançados na imensidão para descobrir todos os planetas e pular de estrela em estrela. Um sentimento de ansiedade os abraçou, uma bolha de sabão imaginária se formou, e um sorriso contido nos lábios apareceu.

Não era apenas Jake que estava contente. De forma alguma.

Sunghoon sentia estar finalmente na adolescência; sentia que era uma adolescente que estava conhecendo alguém legal, fazendo uma amizade verdadeira e descobrindo coisas que há semanas atrás se questionava sobre nunca ter sentido. A carranca do Park era uma farça, respostas mal educadas uma defesa, roupas escuras eram usadas para causar confusão (contudo, ainda assim, era um estilo que lhe agradava). Não era fácil aos olhos dos outros e tampouco para si mesmo.

Os dois não se falaram. Jake fazia seu trabalho enquanto Sunghoon, dessa vez, o olhava. Nunca tinha encarado alguém por tanto tempo como estava o observando. Era estranho, porque nunca tinha parado para realmente saber como ele era, como era seu rosto, qual era sua altura, como andava, como se comportava, e mais que isso, nunca tinha se pegado achando alguém bonito. Jake era bonito, muito bonito. Se eles realmente se tornassem amigos, estaria agradecido por ter alguém bom ao seu lado e ainda por cima charmoso. Na sua cabeça, ele era um peixe fora d'água mesmo com o outro lhe elogiando por mensagens.

Por outro lado, o Shim sentia uma par de olhos o acompanhando. Ele não chegava a se incomodar quando os outros da turma lhe olhavam, mas agora, sabendo de quem era, merda, isso lhe deixava ansioso. Nervoso. Ele mal conseguiu fazer seu trabalho direito. Costumava deixar tudo limpo e a lixeira cheia, contudo, dessa vez, nem na metade estava. Quando se sentou em sua cadeira, olhando os horários em seu caderno de correspondência e os trabalhos na agenda, sentiu uma vontade imensa de ir até Sunghoon e lhe pedir ajuda antes que levasse mais uma bronca, mas estava tão envergonhado, tão envergonhado, que nem ousou se levantar. E se ele travasse e não conseguisse falar? E se Sunghoon começasse a rir de sua cara? Ou pior, imagina se o Park só lhe olhasse e depois virasse a cara? Não, ele não faria isso, não é?

O tempo fora passando, a sala enchendo, um barulho chato tomando conta do lugar, e finalmente a aula começando. Como esperado, Jake fora cobrado, mas ele alegou ter esquecido. Levou mais uma bronca. Sua ficha devia estar enorme apenas por causa disso, mas era exemplar, no final das contas, a escola não dispensaria alguém como o Shim apenas por trabalhos não entregues. A reputação que continuasse em primeiro lugar.

Diferente das outras vezes que Sunghoon assistia apenas partes das aulas, ele se manteve concentrado o tempo todo. Não sabia exatamente o porquê, se era para não pegar no sono, ou se no fundo, só quisesse que Jake lhe olhasse em algum momento e soubesse que estava atento a tudo.

Quando a Pantera dá o Grito | JakeHoonOnde histórias criam vida. Descubra agora