Capítulo 4

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Só então, eu entendi o temor do Túlio. O Marcos, chefe do meu chefe nos encara estatelado, não só ele, mas o andar inteiro parou para ouvir a nossa discussão. Alguns segundos de silêncio, que pareceram uma eternidade. Pela cara do gerente da corretora e do Túlio, acho que não serei a única demitida hoje.

— Túlio e... você. — Apontou para mim. — Na minha sala agora! — diz Marcos, ríspido.

Não por menos, ele estava coberto de razão, paramos tudo por conta da nossa discussão. Porém, eu pouco me importo com o que ele pensa, aliás, o Túlio já tinha me demitido mesmo, portanto, não tinha motivos para ficar.

— Bem, o Túlio já me demitiu, então, não preciso ficar — justifico.

Dou um passo à frente, na intenção de partir, mas fui impedida pela mulher que acompanhava o Marcos. Ela para diante de mim, com um sorriso acolhedor, surpreendendo a todos, inclusive, a mim.

— Eu gostaria de falar com você em particular, pode me concede alguns minutos?

Era uma mulher elegante, alta, bem-vestida e muito bonita, aparenta ter por volta dos trinta anos, e não usa um crachá, deduzo que não faz parte do quadro de funcionário, mas o que ela poderia querer comigo?

— Não se preocupe, eu resolvo isso, Marina — diz Marcos, aproximando-se da mulher, que continua com um sorriso gentil me encarando.

— Converse com o Túlio, deixa que eu falo com a... — Olha para mim.

— Alysson — completo. — Eu já estou de saída, lamento.

Mesmo louca de curiosidade para saber o que ela poderia querer comigo, eu não queria ficar mais nem um segundo aqui.

— Por favor, eu insisto, preciso de cinco minutos, caso o assunto não seja do seu interesse, você pode ir — pedi e toca o meu ombro devagar.

— Cinco minutos! — confirmo.

Olho em volta, Túlio cochichava baixinho com o Marcos, parecia que tentava explicar o ocorrido. Marcos parece estar pouco interessado no que ele tinha a falar, porque continuava olhando para mim e a tal Marina fixamente. Óbvio que estranhou o fato dela querer falar algo em particular comigo, até eu também tinha o mesmo sentimento.

— Posso usar a sua sala, Marcos? — pergunta a mulher.

— Pode, mas já disse que não precisa se preocupar com esse assunto, eu mesmo posso resolver, fique tranquila — sugere Marcos novamente.

— Eu serei breve, acho que já encontrei o que precisava — responde Marina para o Marcos e olha para mim. — Vamos?

Eu observava os dois conversando, tentando entender quem poderia ser aquela mulher. Pelo o modo como o Marcos e o Túlio se comportaram, começo a desconfiar que ela é alguém importante para corretora.

Sigo a mulher em silêncio, entramos na sala do Marcos, ela fecha a porta e aponta para as poltronas ao lado, caminha toda elegante, pega o celular e se senta. Aguardo em silêncio, curiosa para saber o que ela teria para falar.

— Você é a Alysson, certo? — pergunta.

— Sim, Alysson — confirmo, e relaxo um pouco ao ver o seu semblante sereno. — Você não chegou em uma boa hora, eu não sou a louca que deve estar pensando que sou, depois do que viu lá fora — desabafo.

— Não, absolutamente, cheguei no melhor momento — ri, divertida.

Rio junto, nem a conheço, mas já gostei dela.

— Eu disse que não tomaria muito do seu tempo, pois bem, eu sou a Marina Brandão, muito prazer. — Ela estende a mão para me cumprimentar, retribuo. — Eu sou a diretora de recursos humanos do SMB Group, o grupo que esta corretora faz parte.

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