Tic-Tac

Capítulo 7

¨Tic-Tac¨

ALGUMAS SEMANAS ATRÁS

MIRANDA ON

Minha irritação está em alto nível desde que voltei de Paris.

Aquela garota conseguiu me tirar a paz de uma forma que até mesmo o pateta que está diante de mim passou a ser ainda mais insignificante.

— Miranda, você não tem esse direito!— Meu ex-marido esbraveja bem no meio da minha sala de jantar.

Obviamente aceitar o almoço cordial que ele tanto insistiu foi um erro. Estamos em minha casa sozinhos após o almoço, que francamente já está querendo me causar má digestão.

— Stephen, eu aceitei essa reunião como uma cortesia . Honestamente eu não compreendo a necessidade de conversarmos se os nossos advogados já resolveram tudo.

— Miranda, eu vi a papelada que seu advogado enviou. Você está me tirando tudo. — Ele diz revoltado.

— Tudo o quê? Você não tinha nada quando nos conhecemos. Se bem me lembro havia a palavra " falência" no seu histórico.— Eu o rebato.

— Seja sensata ao menos uma vez.— Ele diz.

— Que sensatez você espera de mim? Fale com todas as letras, pois realmente eu não tenho tempo para gastar com tolice. — Eu digo.

— Preciso de uma ajuda mensal, Miranda.

Ele fala e de repente eu começo a rir. E não é apenas uma risada. Eu estou gargalhando.

— Miranda, você...

— Espera...Espera.— Eu o interrompo ainda rindo.

Eu pego um pouco de água e bebo para me recompor.

— Isso não tem graça! — Stephen diz.

— Não? — Digo enxugando os olhos. — Então eu perdi noção do que é comédia.— Eu concluo.

— Miranda, eu preciso da sua ajuda.

— Stephen, deixe-me ser clara, pois parece que a sua cognição está com algum problema. Eu não vou sustentar você.

— Não é sustentar, Miranda. Eu só quero uma ajuda para recomeçar.

— Recomeçar o quê, Stephen?

— Eu quero voltar ao ramo imobiliário.

— E o que eu tenho a ver com isso?— Eu o questiono mesmo sabendo o que ele quer.

— Eu preciso de um capital.— Ele diz.

Eu o encaro.

— Miranda, eu não entrei nesse casamento para sair mais pobre do que eu entrei.

— Espera...Você está me dizendo que não casou comigo por amor?

Eu o questiono com os olhos arregalados e ele percebe o quanto estou sendo sarcástica.

— Agora você me magoou, Stephen. Como conseguirei enfrentar a realidade que você não me amou? Vai ser difícil superar esse fim.

— Miranda, não seja cínica. Sabe que nosso casamento foi praticamente um acordo conjugal.

— Ah, eu acho que me lembro desse detalhe. Parece até que tem um acordo nupcial. Lembra disso?— Eu o questiono e ele parece estar prestes a explodir.

— Miranda...

— Os termos do acordo nupcial são sagrados. Não terá um só dólar a mais do que já foi determinado. São os percentuais dos quais você teve direito durante a constância do nosso maravilhoso enlace matrimonial. Mas, se não me engano, tem uma nota de 20 dólares na minha bolsa. Eu estava guardando para alguma necessidade, mas pode pegar— Digo apontando para a sala.