Capítulo 57

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¨TIC-TAC¨

MIRANDA ON

Eu estou anestesiada. Meu corpo está em completa anestesia. Não consigo sentir as pernas ou parte dos membros inferiores. Só consigo sentir o corpo delicado e inocente em meus braços. Posso ter ouvido alguém falando "Senta ela em uma cadeira". Mas honestamente não consigo compreender ou focar em nada além da minha filha me olhando enquanto chora. É uma sensação magnifica e hipnotizante.

— Bem-vinda ao mundo, Allegra. Eu sou a mamãe Miranda. Você foi tão aguardada, minha princesa. Já te amamos tanto. Eu te prometo...Que te amarei por toda a minha vida. Te protegerei de tudo e de todos, meu amor.

Ela cessa o choro e apenas escuta o som da minha voz. Olho para o nariz, a boquinha minúscula e as bochechas pequenas, e me sinto entorpecida. A mãozinha com dedos pequeninos apertando o meu dedo e o seu olhar diretamente em meus olhos está me preenchendo de uma forma completamente inexplicável. Eu mal consigo respirar de tanto amor que estou sentindo transbordando em meu peito nesse momento. Sou despertada como uma fera protegendo os filhotes, quando vejo a uma mão tocando a manta amarelinha da minha filha.

— Está me ouvindo, Miranda?

Percebo que é a voz da doutora Susan.

— O que disse? — Questiono.

Só então me dou conta de que estou monopolizando a minha filha. A mão perto da minha filha é da enfermeira. Olho para Andrea que sorri docemente para mim.

— Precisamos deixar ela mamar. É muito importante nesse primeiro momento. — A médica explica.

E eu concordo. É claro que concordo. Mas levo alguns segundos para me recompor e deixar que ela pegue a Allegra. Percebo também que estou sentada. Não tenho a menor ideia de quem me sentou, mas isso não importa. Vejo a médica posicionar o bebê nos braços de Andrea e lhe auxiliar com a nossa filha, induzindo-a a ajeitar Allegra no seu seio. Leva algumas tentativas até Allegra finalmente agarrar o peito da mãe e finalmente cessar o choro.

— Oi, minha princesa mais linda. Eu sou a sua mãe Andrea. — Andrea fala com a filha.— Allegra, eu te amo tanto. Eu estava tão ansiosa pra te ter assim em meus braços.

Ela diz abraçando a filha e chorando em sua nova sensação materna. Meu coração se expande mais uma vez.

Allegra mama a vontade enquanto a médica explica sobre pequenos detalhes das próximas horas. Vacinas e novos cuidados. E por mais que eu realmente quisesse focar no que ela está dizendo, só consigo me concentrar na minha filha mamando. Vejo a boquinha diminuir o ritmo da sucção e finalmente parar.

— Excelente, Andrea. — A médica a parabeniza. — Agora a Carrie, minha enfermeira vai levar ela.

— Pra onde? — Questiono quando a médica pega Allegra nos braços e passa para a tal Carrie.

— Ela vai levar essa pequena para um banho adequado. — A médica explica.

— Miranda, não trouxemos nada e...

— Me foi informado que alguém chamado Doug trouxe a bagagem da senhorita Allegra. — A doutora Susan diz e eu sorrio. — Agora vamos, que a Allegra...

— Priestly. Allegra Priestly. — Afirmo com orgulho.

— Tudo bem. A senhorita Allegra Priestly precisa de um banho. — Ela afirma sorrindo.

Meu coração fica em conflito de repente. Não quero me afastar de Andrea, mas também não quero deixar a minha filha nos cuidados dessa enfermeira.

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