🦋Sexagésimo Quinto🦋

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2/5

S/n

Era domingo a tarde e eu estava organizando algumas coisas em meu quarto. Estava sozinha, então tinha deixado o som no último volume.

O clima estava quente e seco, então deixei a janela aberta para que o quarto arejasse.

Faltava guardar as últimas roupas que eu havia tirado para arrumar o armário. Só assim eu percebi que tinha bastante.

Assim que acabei me joguei na cama e fiquei olhando pro teto, pensei que uma mudança no quarto ajudaria a dar uma mudança em minha mente, mas funcionou tão bem quanto eu esperava.

Olhei pela janela e vi o quarto dele, bom a cama. Estava arrumada e ele não estava nela.

Por um segundo, eu quis estar lá, ouvindo ele tocar violão e bom depois... depois transar com ele nela.

Era mais difícil tirá-lo da cabeça, com ele na casa ao lado. Mesmo que eu ainda não o tivesse visto, ele não saía da minha cabeça.

Voltei a olhar o teto. Estava cansada, tinha acordado cedo e arrumado a casa toda. Senti meus olhos pesarem e estava quase cochilando, quando ouvi um barulho, pequeno, mas notável.

Olhei para o chão e vi um brinco em formato de cruz, que bom, eu só conhecia uma pessoa que usasse.

Respirei fundo e levantei o olhar e lá estava ele. Ele não sorria, apenas me olhava, parecia que tinha visto um fantasma.

Ele tinha um caderno na mão e logo escreveu nele.

"Oi"

Olhei pelo quarto e achei um caderno em cima da estante.

"Oi"

Ele escreveu novamente.

"Você sumiu"

Senti um nó na garganta.

"Viajei pra minha tia"

Ele mexeu no cabelo e escreveu no caderno.

"Não faça mais isso"

Fiquei confusa.

"O que?"

Ele sorriu.

"Deixar Los Angeles, o brilho dela depende de você"

Tentei, mas falhei em não sorrir.

"Em uma cidade com milhões de artistas, você diz que o brilho dela sou eu?"

Fiquei com medo da letra estar pequena pra ele ler, porém em pouco tempo ele escreveu uma resposta.

"Mas você também é uma artista, a melhor de todas eu diria"

Dessa vez não me segurei, apenas sorri.

"Sou?"

Ele mordeu os lábios e escreveu.

"A melhor dançarina de todas..."

Sorri, ia responder algo, mas ele voltou a escrever.

"E a garota dos meus sonhos."

Respirei fundo, eu realmente não esperava por essa. Tentei pensar em algo pra responder, mas nada me vinha a mente.

Ele percebeu e escreveu mais alguma coisa.

"Vou precisar ir buscar meu brinco"

Mordi os lábios, Josh não dava ponto sem nó.

Ele escreveu novamente.

"Posso?"

Pensei um pouco; você consegue S/n.

"Pode"

Ele sorriu e sumiu da janela. Naquele momento eu provavelmente comecei a ter um ataque de pânico.

Senti como se meu coração fosse sair pela boca. Minha respiração estava descontrolada, tentei me acalmar, era apenas um garoto, era apenas Josh.

Ouvi alguém bater na porta e desci contando de 1 a 100. Cheguei na porta e encostei a cabeça nela, mas uma batida.

Respirei e abri.

Lá estava ele... com moletom, cabelo bagunçado e apenas uma orelha de brinco, simplesmente perfeito.

-Oi. - Ele disse calmo.

Eu simplesmente travei, não conseguia dizer nada, estava em choque.

Depois de tentar o responder por alguns minutos, percebi que não conseguia.

-Desculpa. - Disse e fechei a porta e sai correndo para o andar de cima.

Apesar de não ter escutado o barulho da porta bater, virei as costas e fui para meu quarto. Talvez devesse ter confirmado que fechei, pois percebi que Josh estava atrás de mim.

Fechei a do quarto e me sentei de costas para porta. Ouvi um barulho do outro lado, provavelmente Josh fazendo o mesmo.

-S/n... - Ele falou baixo.

-Josh, eu não consigo... - Coloquei a cabeça entre as pernas.

-Não consegue o que?

-Olhar pra você e dizer que te perdoo. - Eu me forçava a não chorar.

Ele ficou quieto.

-Eu ainda amo você. - Falou muito baixo, mas eu ouvi.

Senti uma lágrima cair, isso era tudo que eu iria querer ouvir, em outras circunstâncias.

-S/n. - Chamou novamente.

-Oi.

-Meu brinco.

Sorri, rastejei até onde ele estava e voltei para a porta. Joguei por debaixo dela.

-Obrigado.

-De nada.

Senti algo passar por debaixo da porta.

Olhei e era um pedaço de papel, uma carta.

-O que é isso? - Peguei a carta.

-Todas as coisas que eu não iria conseguir dizer olhando diretamente pra você... - Ele riu.

-Então as colocou em uma carta? - Sorri. - Cadê o confiante Josh Beauchamp?

-Eu vou dizer que faço por ser.... poético, para encobrir o fato de eu ser... um belo... covarde. - Disse pausadamente.

-Obrigada, eu vou ler.

Ele não disse mais nada. Ouvi alguns passos e segundos depois a porta de baixo batendo.

Fechei os olhos e encostei a cabeça na porta. Suspirei e abri os olhos novamente, olhando o papel em minha mão.

O que poderia ter nele?

《🍅》

Hello Babys tomates.

O que estão achando da maratona?

tomarão água?

Kiss Babys tomates.

𝑺𝒆𝒙 𝑬𝒅𝒖𝒄𝒂𝒕𝒊𝒐𝒏Onde histórias criam vida. Descubra agora