Um herói diferente

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JEON JUNGKOOK

A adolescência é uma época muito filha da mãe — para não falar algo pior — na nossa vida, sabe? Desde meus treze anos, quando meus pais já queriam que eu fosse um adulto responsável que compra as próprias histórias em quadrinhos, eu já sentia ódio da adolescência. Agora, aos dezesseis, parece que tudo piora. É um verdadeiro pesadelo.

Meus pais são tranquilos, exceto que não posso pedir nada para eles que eu já me torno o empregado da casa para, de recompensa, poder ganhar meus deliciosos quadrinhos de super-herói. Eu não sou viciado, não tenho nem quinhentos livrinhos. Talvez quatrocentos e noventa e nove, porque minha mãe consumiu com um deles. E era meu preferido!

A questão é que eu era totalmente louco por meus queridos heróis, fosse nos quadrinhos ou nos filmes. Eu assistia todos os filmes setecentas vezes e jamais cansava, eles eram simplesmente perfeitos.

Meu preferido era, obviamente, o Homem de Ferro. Como eu queria poder ser ele, ou só chegar pertinho de uma armadura daquelas, eu seria a pessoa mais feliz do mundo.

Mas o problema é que ele não é de verdade e infelizmente heróis não existem. Sim, grande tristeza. Eu sofro mais com isso do que com a inexistência do Papai Noel ou do Coelho da Páscoa. Sério!

E por qual motivo a adolescência é uma filha da mãe? O que tem isso relacionado aos super-heróis? É simples, meu caro. Eu sou o esquisitão da escola. Pois é, pasmem! Eu até que sou bem bonitinho, mas ninguém repara, fazer o quê?

Sei que sou meio desastrado, desengonçado e tal, mas ninguém vê que eu posso ser um... Peter Parker? Não que eu seja um grande fã do Homem-Aranha, porém é um bom exemplo. Ele era o nerd, excluído, que ninguém ligava, e de repente por conta de uma picadinha de aranha ele se tornou um herói fodástico — com o perdão da palavra — que todo mundo amava.

Se até ele pegou o crush, por que o Jungkook aqui não pegaria, não é?

Eu não devo fazer sentido. Vamos com calma.

Meu nome é Jeon Jungkook, eu tenho dezesseis anos e tenho esse enorme vício em super-heróis. Certo? Certo. E eu sou o serzinho esquisito da escola, ando sozinho, sempre lendo meus quadrinhos ou assistindo algo sobre isso no meu celular. YouTube tem maravilhas sobre o assunto, recomendo.

Eu uso óculos, mas eles são mais para descanso que qualquer outra coisa.

Seguindo: eu sou muito excluído, isso apenas contribui para a minha esquisitice. Quem dera ser mais amigável, sair fazendo amizades por aí, criar o meu bonde dos Vingadores. Mas, sonhar é bom e saudável, pena que não dá para tornar tudo realidade.

E nessa escola tem o meu lindo crush... ah, Park Jimin, suspiro e babo só de pensar naquele loirinho, o ser mais fofo do colégio, popular, um amorzinho de pessoa e... totalmente inalcançável. Eu não sei sobre a sexualidade dele e tal, mas ele está bem longe de mim apenas pelo fato de termos a barreira chamada "antissocial" nos separando. É, eu não conseguiria chegar nele nem que eu quisesse muito — e eu quero muitíssimo.

Viram os motivos pelos quais a adolescência é tão... cruel?

— Olha o esquisitinho! — Mais um motivo para eu odiar essa fase. Bullying. — Lendo essas besteiras de novo?

E atirou minha revistinha contra meu rosto. Não vou mentir, aquilo me machucava por dentro, mas já estava tão habituado com a desgraça que me acontecia todos os dias que nem fazia mais diferença. Só fazia diferença quando eles me arrastavam para trás da arquibancada e ficavam tirando sarro de mim, ou como da última vez que levei uma surra por motivo nenhum.

Vai ver minha existência é um erro. Nunca saberemos.

Apenas sei que fui para a sala de aula, porque sou trouxa por natureza, mas sou pontual. O que uma coisa tem a ver com a outra? Não sei, mas fingiremos que tem total relação.

[ANPANMAN]

— O esquisitinho tá sempre no meio dessas revistas. — Um dos garotos estalou a língua na boca. Eu só queria gritar com eles, mas não tinha coragem, seria pior.

E lá estava eu, sob a arquibancada, desejando me tornar o Mercúrio e fugir correndo, ou ficar verde por tanta raiva e me transformar no Hulk para esmagar esses idiotas que não tem nada para fazer além de me atormentar. Será que se eu fosse a Viúva Negra eles gostariam de mim? Bom, aí eu é que os esnobaria, porque não sou obrigado.

— Será que ele bate uma lendo sobre o Capitão América, também? — Sério que eles acharam graça em um comentário ridículo do menino mais sem cérebro entre eles?

As pessoas já foram melhores!

Além do mais... quem iria ver como algo erótico o Capitão América? Digo... se fosse um Park Jimin vestido assim ainda vai, mas nos meus quadrinhos? Socorro! Prefiro ser virgem do que imaginar um absurdo desses.

As pessoas têm cada uma.

— Do jeitinho dele, só pode mesmo. Não deve nem ter mais força na mão. — Eu queria usar a mão para socar ele, mas mais uma vez isso ficou na minha imaginação.

Então um deles me empurrou, mas eu nada fiz, apenas tentei enfiar minha revistinha no bolso, porque era a minha preferida, uma edição especial do Homem de Ferro que eu era apaixonado. E o idiota fez o que?

ELE RASGOU A MINHA EDIÇÃO ESPECIAL E LIMITADA. EU NUNCA MAIS CONSEGUIRIA OUTRA IGUAL!

Senti meus olhos encherem-se de lágrimas, eu podia viver sem todas as outras quatrocentos e noventa e oito revistas, mas aquela era especial para mim, ela era única. Eu podia comprar de novo qualquer uma das outras, menos aquela.

— Olha só, o bebê vai chorar. — Riram ainda mais.

Eu sempre fui um garoto muito solitário, vivi fantasiando como seria se algum herói dos meus quadrinhos aparecesse na minha vida. Mas agora... qualquer ajuda seria bem-vinda.

Principalmente aquela que vinha de um garoto como uma cabeleira loira que eu reconheceria em qualquer lugar.

— Cinco bebês vão chorar caso não se afastem dele. Seria muito legal, muito divertido mesmo, eu espalhar para todo mundo que vocês apanharam de mim. — Até a voz desse ser humano consegue ser linda, melodiosa, e fofa. — Querem que eu espalhe essa história para todo mundo?

É, quando eu mais precisei não foi um super-herói de capa, máscara, escudo, armadura ou com poderes que surgiu, e sim um menino de cabelos loiros, baixo, extremamente fofo e, principalmente, pronto para me ajudar de qualquer forma, aparentemente.

E eu não levei fé, pensei que iriam rir dele, mas simplesmente foram embora como se nada tivesse acontecido. É o que?

— Ser filho do diretor até que tem suas vantagens. — Sua risada tímida junto de suas bochechas vermelhas apenas me deixaram totalmente derretido. Como lidar? — Você está bem? Eles machucaram você?

Eu não conseguia responder, porque agora eu segurava os restos mortais da minha revistinha amada. E não queria chorar na frente de Jimin, mas me doeu de verdade. Não era apenas um pedaço de papel, ok?

— Ei, o que houve? — Se aproximou, vendo os papéis em minhas mãos. — Eles rasgaram? — Assenti com a cabeça. — Pode deixar isso comigo?

Assenti, afinal não tinha o que fazer mesmo, apenas o entreguei, vendo ele guardar em sua mochila. Levantei do chão e o encarei, ele deveria estar pensando que sou mudo, afinal até agora eu não tinha dito nada.

— Como eu posso te agradecer por essa ajuda? — Foi a única coisa que eu consegui perguntar, porque eu estava tremendo de nervosismo.

Jimin é meu crush, vê se pode uma coisa dessas.

— Você pode simplesmente me dar um beijo.

Espera, ele realmente me disse isso?

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Olá ♥

Essa short-fic de 5 capítulos é só amor e fofura, coisa simples e bem bonitinha e açucarada que eu, particularmente, adoro. Espero que vocês também gostem ♥

Anpanman | jjk + pjmTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon