Anpanman | jjk + pjm

Presentinho

O encarei um tanto estático, tentando por vários segundos entender o motivo de ele trazer tal assunto para nossa conversa de forma tão repentina. Eu estava totalmente apaixonado por ele e disso não me restava nenhum resquício de dúvida, contudo eu ainda era só um virgem idiota e adolescente, que nem mesmo tinha beijado alguém na vida antes.

E é um pouco óbvio que queria meu primeiro beijo com ele, lógico que sim, mil vezes sim, mas tinha medo de fazer errado e traumatizá-lo.

— J-Jimin... — Foi quase impossível não gaguejar, fiquei nervoso, fiquei ansioso, estava quase tendo um treco. Sua mão, menor que a minha, pousou sobre minha destra. — O que está fazendo?

Jimin não respondeu, seu sorriso doce era até assustador. Ele tirou minhas mãos do meu colo e sentou-se em minhas pernas, deixando uma carícia gostosinha em meus cabelos em seguida. Nossos olhares se cruzaram, mas no momento seguinte eu estava olhando para sua boca.

Aqueles malditos lábios carnudos que eu tanto queria beijar, lamber, chupar, ter nos meus.

Voltei a olhar diretamente para seus olhos, os vendo sumir quando ele abriu aquele lindo sorriso que derreteria até o maior iceberg. Eu amava seu sorriso, e amava também todas as incríveis sensações que ele me causava.

— Isso vai ser um desastre, eu nunca beijei. — Confessou bem baixinho, me surpreendendo. — Eu queria que fosse com você, Jungkookie. Mas, se não quiser, eu entendo.

Parei por uns instantes para simplesmente olhar para ele, admirar seu rosto e também processar sua confissão. Soltei um comentário sobre achar que ele vivia beijando alguém por conta de sua popularidade e ele sorriu tímido novamente dizendo que gostava de uma pessoa há muito tempo e que não queria beijar outra pessoa que não fosse essa.

— Mas disse que queria me beijar. — Foi mais um pensamento alto do que um comentário. Suas bochechas vermelhas me intrigaram um tanto mais, e foi quase instantâneo levar as mãos até sua cintura para o acariciar ali.

— Sua lerdeza é uma fofura. — Mais um sorriso. Eu vou virar só água de tão derretido que estou. — É de você que eu gosto, Jungkookie.

Meu coração disparou tanto que eu pensei na possibilidade de ter um infarto bem ali, segurando sua cintura e admirando seus olhinhos e suas bochechas coradas. Jimin era lindo, totalmente lindo, de qualquer maneira. Talvez até do avesso ele fosse aquele arraso de garoto. Ele era tão mais... bonito do que eu.

Senti suas mãos tirarem meus óculos e tornei a admirá-lo, percebendo que eu deveria estar com um sorriso idiota estampando minha face. Mas eu não podia evitar, não podia desviar o olhar ou tirar aquele sorrisão do rosto, porque era justamente a feição ridícula que era natural, minha feição tão boba era a forma que ele me deixava.

Era completamente espontâneo, eu não podia fingir que não.

— Você é tão bonito. — Preciso colocar meus pensamentos em palavras para ele, porque Jimin merecia ouvir aqueles elogios. Ele era um ursinho de pelúcia humano, eu queria apertá-lo, beijá-lo e abraçá-lo todas as vezes que me fosse permitido. — Lindo, na verdade. Sua beleza deveria ser estudada.

— Aish, não me faz corar desse jeito. — Sua risada era contagiante, até mesmo a versão tímida dela.

— Nenhum herói dos meus quadrinhos poderia superar você. — Jimin parecia maravilhado com minha humilde declaração. — E sim, eu quero beijar você. Eu quero muito beijar você.

— Eu deveria ficar de cabeça para baixo para nosso primeiro beijo? — Acho que é impossível não amar Jimin, ainda mais quando ele faz referência a algo que amo tanto.

— Não. — Neguei sorrindo minimamente. — Você não é o Homem-Aranha, e eu nem quero que seja. Você é o meu bolinho herói.

Jimin deu mais uma risada, daquelas lindas e que eu não conseguia me impedir de acompanhar. Provavelmente eu parecia uma hiena histérica e engasgada rindo, principalmente se comparasse com a risada dele, mas a felicidade que ele me causava me deixava ainda mais idiota do que eu já normalmente era.

E era impossível esconder isso.

Por mais idiota que eu fosse, eu gostava de pensar que ele me aceitava e que gostava de mim dessa forma que eu sou. Faz com que eu me sinta bem, pela primeira vez na vida, em ser um excluído, perdedor, nerd e idiota, um alguém que todos só sabem chamar de esquisito, alguém que sofre todos os tipos de deboche e piadas ridículas dos outros alunos. Não conseguia me importar com nada daquilo, porque ele me aceitava.

E parecia que ser aceito por ele era mais do que o suficiente para me sentir completamente feliz.

O puxei para mais perto mesmo com dificuldade e deixei um selar em sua bochecha juntamente de uma carinhosa mordida. Seu sorriso ficou um tanto menor, mas apenas porque ele parecia um pouco hipnotizado mirando meus olhos. Seus lábios roçaram nos meus, e eu me senti nervoso e aflito, porém contente de saber que ambos éramos inexperientes e aprenderíamos juntos como beijar.

Quando me dei conta já não havia espaço que nos separasse, e suas mãos já estavam em meus cabelos me acariciando. Eu poderia descrever uma cena bem romântica como a de vários filmes clichês de romance, mas a verdade é que não tinha nada além de cômico.

Era especial, isso definitivamente era, mas nós estávamos tão atrapalhados que a cena se tornava uma verdadeira comédia.

Como Jimin parecia mais nervoso que eu, segurei seu rosto para que ele ficasse ao menos um pouco parado, porque os dois se virando para o mesmo lado não tinha como dar certo. Ele me deu um sorrisinho envergonhado e apenas o pedi que fechasse os olhos.

Dessa vez eu tomei a iniciativa de grudar nossas bocas, e agora tudo parecia mais lento e até mais romântico do que antes. E foi mesmo lentamente se intensificando, estávamos conhecendo um ao outro, descobrindo um ao outro, e não tinha motivo algum para nos apressarmos.

O enchi de selinhos antes de voltar e aprofundar o beijo, invadindo sua boca com minha língua receosamente. Não era perfeito, estava longe de ser, porque estávamos extremamente atrapalhados, mas talvez eu estivesse achando tão perfeitinho apenas por saber que eu gostava dele e que havia reciprocidade. Havia sentimento dos dois lados.

No momento em que nos separamos ele escondeu o rosto em meu pescoço, me fazendo abraçá-lo com força apenas para evitar que ele saísse correndo por conta de sua vergonha toda.

— O meu super-herói é tão tímido. — Usei um tom de brincadeira, levando um tapa nada forte em meu braço.

— Eu tenho um presente para você. — Jimin saiu do meu colo, indo até sua mochila e pegando algo, em seguida me entregando algo embrulhado. — Queria ter conseguido fazer isso mais cedo, mas era muita coisa para arrumar... precisei de mais tempo. Eu... espero que você fique feliz.

Estranhei suas palavras e abri rapidamente o pacote, me deparando com aquela minha linda HQ que havia sido rasgada. E agora eu só queria chorar de novo, mas não de tristeza, mas sim de emoção de ver que ele havia colado todas as folhas novamente.

Jimin teve todo o trabalho de colar folha por folha e me devolver ele completo. Minhas mãos tremiam, ninguém nunca havia feito algo tão lindo assim por mim. Poderia estar cheio de fita adesiva transparente agora o livro, mas eu não me importava, porque apenas sua atitude de consertá-lo já era o bastante para me deixar todo alegre.

— Você gostou? — Sua voz cheia de hesitação apenas fez as lágrimas que eu tentei segurar caírem por meu rosto apressadamente.

O puxei de volta para que ele sentasse em minhas pernas e o abracei com força, talvez força até demais, mas eu não tinha palavras o bastante para agradecê-lo por seu ato tão bonito, então apenas aquele aperto poderia demonstrá-lo um pouco do que eu estava sentindo.

— Eu acho que eu amo você, Jiminnie.

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