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PEPPER

Tony estava claramente puto.

Mesmo que tivesse conseguido um vôo para Itália apenas uma hora depois de sairmos do restaurante.

Ele balançava o pé freneticamente ao meu lado. Havia implorado para ficar na janela, e agora parecia que tinha algo de muito interessante nas nuvens.

Permaneci a folhear a revista que estava na minha mão pacientemente. O único barulho aparente no avião particular de Tony, era o som baixinho do motor.

"Devíamos falar sobre o que aconteceu." Ele disse e eu e virei para ele, o olhando confusa. "Eu preciso. Você concorda com meu pai?" Ele perguntou.

Revirei os olhos e voltei a ler a revista.

"Virgínia?" Ele chamou e eu bufei.

"Você já fez muitas perguntas mais inteligentes, Antony." Falei. "É óbvio que eu não concordo."

Ele suspirou aliviado.

"Eu queria ficar para o jantar do dia de Açãode Graça. Mas sei que eu só iria decepcionar minha mãe brigando com meu pai."

Encarei Tony.

"As coisas poderiam ser mais fáceis com ele. Sei que ele é um cara bom, mas sei lá. É como se ele vivesse pisando em ovos."

Suspirei.

Coloquei a revista no suporte da cadeira, e levantei o apoio de braço, tirando o espaço entre mim e Tony.

"Talvez ele melhore quando Morgan nascer. Bebês são fofos. Amolecem qualquer velho carrancudo por ai." Brinquei e ele riu.

"Eu espero. De verdade, quero que Morgan cresça sabendo do cara foda que o avô dela é, sabe? Mas não sei se ele vai permitir isso."

Deitei minha cabeça no ombro dele e ele apoiou a  mão na minha perna, fazendo movimentos circulares ali.

"Você tem que parar de sofrer antecipadamente. Viva o hoje." Falei. "Vamos aproveitar o agora. Sua mãe está mega feliz. Podemos mandar fotos para ela, vídeos, tudo que for fazer ela se sentir mais próxima de nós. Vai que Howard vê e começa a ceder.."

Tony não me respondeu.

Eu sabia o quanto ele havia tentado se aproximar de seu pai e que era exaustivo persistir, mas a esperança é a última que morre.

Após nossa breve conversa, pegamos no sono e apenas acordamos quando pousamos na Europa.

Eu havia ligado para meu pai ir nos buscar no aeroporto, e lá estava ele.

Assim como toda minha família, meu pai era alto, cabelos meio alaranjados, olhos claros e pele branca como uma folha de papel.

"Me conte a sensação de ter um pai que lhe recebe quando você vem o visitar." Tony ironizou.

Parei de andar e entrei na sua frente.

"Se você continuar a ficar de mau humor e ficar falando merda do seu pai, eu te mando de volta para Washington." Falei.

Tony piscou algumas vezes e contraiu os lábios.

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