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PEPPER
NONÔ MÊS.

E foi quando entramos na 36° semana de gestação que as coisas em casa começaram a ficar agitadas.

Jess havia estimado que Morgan nasceria entre os dias 10 e 18 de Setembro. Fazendo com que ligações - principalmente de nossas mães - fazendo perguntas como "Nasceu?" Se tornassem muito recorrentes.

Tony parecia uma pilha de nervos. Ele não conseguia dormir uma noite inteira pensando que perderia o nascimento da filha. Além de que havia cancelado qualquer tipo de viagem para o mês de Setembro, querendo tirar 100% de seu tempo para Morgan.

Morgan parecia já estar impaciente dentro da minha barriga de tanto que chutava.

"Ela quer sair.." resmunguei me abraçando a Tony.

Ele imediatamente me olhou espantado.

"Não. Não precisamos ir ao hospital. Ela só muito agitada." Expliquei, vendo seu rosto ficar mais leve.

"Por que você não deita na cama? O sofá é desconfortável. Lê um livro, vê um filme. Vai que ela se acalma." Ele sugeriu e eu neguei.

"Eu já tentei. Ela deve estar assim porque eu estou ansiosa."

Ele assentiu.

Havíamos descoberto que música clássica fazia Morgan aquietar. Era quase que instantâneo, começar a teclar o piano, e ela parecia que havia caído num sono pesado.

Tony e eu passávamos longos e longos minutos sentados no pequeno banco do piano, apenas apreciando a calmaria, o que sabíamos que dali para os próximos dias, não existiria mais.

Como eu, em hipótese alguma, podia fazer muito esforço, não fazíamos literalmente nada durante todo o dia.

Tony, no máximo, saia para ir ao mercado, fazer uma visita rápida na empresa e já voltava para casa.

Já o caminho mais longo que eu conseguia fazer era ir do quarto até o andar debaixo, e ainda com uma certa dificuldade.

E foi quando fizemos a ultrassonografia 3D que eu tive a total certeza que Morgan seria o ser humano que eu e Tony mais amariamos na vida.

Podiamos ver Morgan sem empecilho algum. Quase que perfeita na tela do computador para a felicidade de todos.

Tony faltava chorar.

Quando Jess nos avisou que Morgan poderia querer nascer a qualquer segundo, Antony pareceu enlouquecer.

"Tones.." Chamei ele baixinho.

Mesmo no escuro, pude ver seus olhos meio arregalados.

"O que foi? Está sentindo alguma coisa?" Ele perguntou ansioso.

"Não. Eu apenas quero um copo d'água." Falei e ele suspirou aliviado.

As duas últimas semanas parecia que a amostra do inferno que seria havia começado. Pequenas contrações e cólicas começaram a aparecer. Tony havia conseguido tirar minha paciência quando começara a checar sempre se aquelas dores eram motivos para irmos correndo para o hospital e apenas depois que Jess explicou a ele que aquilo era completamente normal e que se seguiria daquela forma até realmente as verdadeiras contrações de parto aparecessem, ele se acalmou.

Ele checava a minha mala e de Morgan, vendo se tudo que iríamos precisar estaria ali mesmo pelo menos umas três vezes ao dia.

Então, um Sábado chegou. O dia havia amanhecido lindamente, sem uma nuvem se quer no céu. Tínhamos pedido comida para o almoço e devido o peso da comida e a animação da minha filha, eu tinha conseguido tirar uma soneca durante a tarde.

Quando a noite chegou, a dores começaram a vir com força que o normal.

"Amor, eu estava pensando que depois que Morgan nascer, nós poderíamos fazer alguma viagem diferente da casa dos nossos pais." Tony entrou no quarto com o notebook ligado e a cara enfiada no mesmo. "O que acha?" Ele sentou do meu lado e então me encarou.

"Uhum. Pode ser."

Fechei o olho quando senti mais uma pontada.

"Aí meu Deus. O que foi, Fiore?"

Tony deixou o computador de lado e se aproximou de mim.

"Estou com dor." Falei.

Ele continou a me olhar, sem saber muito o que fazer.

"As dores de antes?"

Balancei a cabeça.

"Mais ou menos.."

Ele coçou a cabeça e levantou, respirando fundo.

"Elas são um pouco mais fortes e mais frequentes."

Ele assentiu.

"Tudo bem." Tony disse mais para si do que para mim. "Tudo bem."

Ele saiu do quarto e não demorou muito, voltou com um copo d'água.

Quando terminei todo o líquido, ele me olhou esperançoso.

"Melhor?"

Neguei.

"Pior?"

Assenti.

"Vamos para o Hospital." Ele avisou,  entrando no closet.

Ele voltou com minha bolsa e a de Morgan, e com casacos.

"Calm.." antes que eu terminasse de falar, ele me interrompeu.

"Nem pensar. Você está com dor." Ele disse. "Imagina se Morgan nasce nessa cama!"

Eu ri de seu desespero.

Me vesti com um casaco e ele com outro, e em seguida, estávamos descendo as escadas.

No caminho para o Hospital, ligamos para Jessie, a deixando avisada.

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