Capítulo 11

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Não tivemos problemas desde aquele dia. As coisas estavam começando a voltar ao normal, tirando o fato de que a Lucy me evitava o tempo todo. 

Passei a estudar novamente o livro de alquimia e todos fizeram um grande esforço para me levarem documentos do arquivo da cidade e livros antigos que pudessem me dar uma pista de como abrir a porta. 

Eu mal saía da casa, mesmo no jardim o peso do meu corpo parecia maior. Eu já não tinha vontade de beber, o Whisky que tínhamos passou a ficar guardado e então notei que o Bae realmente só bebia para me fazer companhia e nada mais.

O Apollyon voltou a investigar sobre os planos do meu pai. O Matteo conseguiu grandes informações da sua mais nova escrava, mas a mantinha distante a maior parte do tempo. Ele evitava a todo custo os vampiros, principalmente o Rafael. Toda a raiva do dia da briga parecia haver desaparecido. Ele me tratava como sempre havia tratado. 

Ter a Lucy longe me deixava muito triste e isso só confirmava o quanto eu a amava, mas ela parecia feliz com o Elon perto. Eles eram inseparáveis. 

Muitas vezes quando eu estava na biblioteca o Rafael vinha ficar comigo. Quase não falávamos mas disfrutávamos da companhia um do outro. Não tocamos mais no assunto sobre os nossos sentimentos e não sabia se ficava aliviada ou angustiada com isso. Tudo se misturava dentro de mim.

Ele se alimentou na festa antes da briga e aquilo aliviou a dor de estômago que eu tinha, mas me deixou com um ciúme na qual eu não conseguia entender. Eu não queria ser mordida, mas não queria ele perto de outras mulheres, mesmo que fosse para isso.

Nesse ponto a Agnes serviu bem, já que Matteo deu carta branca para que se alimentassem do sangue dela, mas eu preferia não pensar naquilo. Sei que Matteo fez por pura raiva e estava descontando nela, em nenhum momento ele pensou realmente nos meninos, mas para não arrumar mais brigas eu fingia que não sabia de nada. O único que não se alimentava continuava sendo o Rafael, que eu havia percebido que se alimentava uma vez por mês somente, talvez fosse o máximo que ele aguentasse. 

Eu sentia falta dos meus treinos com a Lucy e um belo dia ficar dentro da casa começou a me deixar sufocada, mesmo sabendo que meu corpo pesaria resolvi sair até o jardim. Eu não sentia que estávamos evoluindo apesar de saber algumas coisas novas. Eu ainda não tinha visto tudo que me haviam levado, mas eu estava começando a acreditar que não encontraria nada. 

Eu nem prestava mais atenção em quem estava na casa, a presença deles passou a ser normal e já fui pega de surpresa muitas vezes por conta disso. 

O Aruna em especial sempre me procurava para saber se eu precisava de algo, mesmo que fosse apenas para que ele pudesse me ouvir e aos poucos ele me contou que havia sido transformado há cerca de 500 anos e que participou de algumas batalhas. Me contou que conheceu o Ivan em uma dessas batalhas e que a técnica de buscar pessoas que haviam morrido a pouco tempo para se alimentar era algo comum entre eles. Contou como o Rafael era muito mais aberto naquela época apesar de sempre manter o ar de superior. 

Ele não entrou em muitos detalhes sobre o Rafael, mas fiquei sabendo que ele tinha vindo de uma família nobre, que ele e o irmão haviam sido criados para a realeza e esse tom nunca havia sumido dos irmãos. Tirando a parte de que o Ivan não se preocupava em ser reconhecido, de resto eles eram idênticos. Aruna e Rafael tinham uma diferença grande de idade, o Rafael era um vampiro novo, tinha apenas um pouco mais de 300 anos de transformação e ele havia nascido na Itália. Eu gostava de ouvir as histórias que o Aruna contava, ele nunca dava detalhes excessivos e evitava falar o que ele acreditava que não devia. 

Fiquei ali no jardim imaginando as muitas histórias que eles poderiam ter passado, era bom porque conseguia esquecer os  meus muitos séculos de vida. Minhas histórias nunca pareciam tão interessantes quanto as que ele me contava.

Experimento 42Where stories live. Discover now