Capítulo 28

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– Vocês descobriram algo? – perguntei para a Lucy enquanto subíamos para o salão principal.

– Buscamos em todas as partes por onde a Agnes disse que ele ficava, mas por lá não tem nada.

Conforme andávamos, escutávamos mais sons de um movimento grande no salão. Parecia estar tendo uma luta lá em cima.

– Esperem – eu disse para todos – Tem muito movimento lá em cima, deixa eu tentar distinguir o que tem lá.

Todos pararam e ficaram me olhando apreensivos. Senti a presença dos elfos, de vampiros, ninfas, entes, súcubos e incubus e um número absurdo de alquimistas, mas tinha uma presença que me incomodava mais.... tinha uma quantidade enorme de ceifeiros. Eu sabia que eles não lutariam, eles conseguem causar acidentes e talvez empurrar para que alguém morra pelo ataque de outros, mas eles não lutam diretamente, já que isso seria um crime grave para eles. Aquilo me fez estremecer. Contei para todos sobre as presenças e sobre a luta que encontraríamos no salão.

Como tínhamos pressa, arriscamos ir pela batalha mesmo.

Conforme fomos chegando comecei sentir meu corpo pesado e dolorido e caminhar começou a ficar difícil. O Rafael e o Bea foram os primeiros a se darem conta da minha dificuldade. Escorria suor pelo meu rosto e a dor no corpo continuava aumentando. 

Eu conhecia bem aquela sensação, mas não tinha ficado forte desse jeito até agora. Meu estômago revirou e minha cabeça queimava, eu ficava repetindo para mim mesma que aquilo não estava acontecendo de verdade, mas estava difícil me convencer, a dor era muito real. Caí no chão me encolhendo o máximo que eu podia tentando fazer aquilo passar. A respiração ficou difícil e meus pulmões doíam. Escutava que alguém falava comigo, mas não distinguia quem era.

Vi em uma imagem borrada o Rafael chegando perto e me pegando no colo falando para eu ser forte. Quis responder que eu seria, mas nenhum som saía. Passei uma boa parte do caminho tentando me concentrar para que eu pudesse me recuperar, mas eu tinha uma certeza e precisava falar...

– Meu... pai ... – falei com a voz entrecortada. 

– O que? – o Rafael tentou me ouvir. Ele chamou todos e parou – O que você disse,  Hannah? 

– Meu pai está perto – a dificuldade de seguir falando era imensa, eu tinha a sensação de que iria morrer. 

– Hannah, você sabe que não é real o que você está sentindo. Você precisa se controlar, precisamos de você – O Apollyon me falou – Controla a respiração. Você sabe como fazer isso. 

Olhei para a feição preocupada de cada um e fiz o possível para controlar. Foi ficando mais fácil conforme eu me concentrava, eu me levantei com dificuldade e disse que podíamos ir enquanto escondia toda a dor que eu ainda sentia. 

O Rafael seguiu me apoiando por uma boa parte do caminho, mas eu precisava conseguir andar sozinha, afinal eu teria de lutar e não poderia fazer isso apoiada nele. 

Chegamos em um salão grande onde o que mais se podia ver eram pessoas se matando e muitos outros mortos no chão. Vi muitos ceifeiros retirando a alma do corpo de muitas alquimistas e um outro grupo de ceifeiros que tirava a essência dos outros seres. 

Eu já tinha ouvido falar nisso, mas eu nunca tinha visto antes. Sabia que todos os seres também eram levados por ceifeiros e sabia que todos tinham o mesmo destino, mas nunca havia visto uma essência sendo levada antes. Por incrível que pareça, era algo muito bonito de ver, mas muito triste ao mesmo tempo. 

Meu pai estava sentado em uma espécie de trono com 12 mulheres a frente dele, montando uma barreira. 

Tivemos que atacar algumas alquimistas no caminho, mas como íamos pelo canto do salão chegamos perto sem grandes dificuldades. 

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