Quando Sherlock pisou em terra firme, um ônibus de dois andares passou, barulhento, pelas suas costas e lhe deu um susto quando buzinou. A mão que segurava o braço de John pulsava de dor, mas esse detalhe foi ignorado pelo corvino, que olhava bestificado para aquele cenário. Estavam numa rua movimentada e iluminada pela rotina da cidade, apinhada de gente que se divertia na noite, ladeada por lojas fechadas e com alguns estabelecimentos tocando música alta. Um alegre grupo de boêmios conversavam ao longe, perto de um carro velho, e algumas moças que riam enquanto andavam gargalharam mais alto quando viram os bruxos com os trajes a rigor.
– Sherlock, seu cabelo! – a voz de John soou – Você tá voltando ao normal!
O grifinório puxou o corvino pelo pulso para andarem depressa. Sherlock o seguiu mecanicamente, seu olhar ainda estava absorto no cenário enquanto sua mente digeria o que acabara de acontecer no casamento. Eles entraram em uma rua lateral e seguiram para um beco escuro. Os cabelos do corvino já estavam cacheados e os traços do trouxa em que havia se transformado deram lugar ao rosto aquilino e aos olhos turquesas.
Quando o espetáculo estranho ficou fora da sua vista, o rapaz saiu do transe.
– Ele morreu... – balbuciou John, encostando-se num muro lodoso e passando a mão pela testa úmida – Scrimgeour morreu... parece tão... tão irreal...
– Vamos chamar muita atenção se sairmos por aí assim – disse Sherlock, desabotoando a gola do traje a rigor e colocando a mão por dentro até puxar a bolsa de cordões que estava pendurada no seu pescoço. – Você tem que se trocar.
– Você pegou as minhas roupas?!
– As que estavam na lavanderia, sim. – O corvino colocou o braço dentro da bolsa e puxou uma calça jeans, uma camisa de mangas e um casaco – Quis deixar tudo preparado com antecedência para não dar tempo da mamãe nos sabotar.
– Você realmente é um assombro... – John passou a desabotoar o colete e a blusa rapidamente. Assim que despiu a parte de cima, pegou as roupas limpas – Eu devia ter usado um feitiço convocatório na minha mochila.
Nesse exato momento, Sherlock colocou a mão dentro da sacola e puxou a referida mochila la de dentro. John deu um pulo.
– Como... Quando você pegou ela?!
– Assim que eu saí do quarto. Tive que ser rápido porque Sally estava no banheiro, então esqueci de pegar sua vassoura.
– Sem problemas, não da pra ficar voando nela por aqui. – John terminou de se vestir e pegou sua bagagem – Obrigado.
Sherlock puxou a capa da invisibilidade de dentro da bolsa e a jogou por cima do ombro. Antes de vesti-la, porém, resolveu tirar a luva direita para saber o que estava lhe incomodando. Só então percebeu o ferimento profundo na costa da mão, atravessando o meio da frase "não devo contar mentiras".
John estava terminando de colocar a mochila nas costas quando percebeu a mão ensanguentada.
– Essa não! Você estrunchou!
– Não de preocupe. Foi só um corte. A aparatação acompanhada é difícil mesmo.
– Por que disse pra eu aparatar a gente? Não sou muito bom.
– É mais difícil nos encontrarem num bairro trouxa. Pra onde você nos trouxe?
– Rua Tottenham Court. Minha família costumava jantar por aqui. Bom, não é um lugar muito feliz. Na maioria das vezes Harry e meus pais brigavam, mas foi o único lugar que me veio à cabeça.
– Está ótimo. Vamos pra algum lugar e planejar o próximo passo.
Sherlock jogou a capa da invisibilidade em cima de si e foi desaparecendo diante da vista de John. Claro, pensou o grifinório, cabia a ele guiar o corvino agora. Sherlock definitivamente não parecia o tipo que saía de casa, imagine perambular por um bairro trouxa tão movimentado?
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Potterlock - As Relíquias da Morte
FanfictionOs Comensais da Morte estão no auge do seu poder, o Ministério da Magia foi tomado, nascidos trouxas e traidores do sangue estão sendo caçados por todos os lados. E, nessa onda de terrorismo, Sherlock e John precisam fugir para encontrar e destruir...