Plano de Ação

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Setembro chegou num clima de estudos e planejamentos na casa n° 12 do Largo Grimmauld. Seus atuais moradores se revezavam para espionar o Ministério da Magia todos os dias a fim de terem uma noção quase exata de como o local funcionava sob a nova política. A noite, os quatro se reuniam na sala de estar para estudarem a situação unindo as informações anotadas por cada um dos garotos somadas aos mapas elaborados por Mycroft.

A sala estava quase irreconhecível. Todos os móveis estavam limpos e lustrados, o tapete não estava mais cheio de fungos, as cortinas haviam sido remendadas e os vidros lavados. Nada no aposento, porém, apresentava uma mudança mais dramática do que o elfo doméstico que morava lá. Monstro agora vestia uma alvíssima toalha, os pelos de sua orelha estavam limpos e fofos, e o medalhão de Régulo sempre no peito magro. Naquela noite, a criatura tinha preparado com muita boa vontade guisado de carne para o jantar com direito a pudim de sobremesa, e, mais tarde, acabou dormindo de boca aberta e escorado na poltrona enquanto ouvia Sherlock tocar o violino perto da janela.

– É, eles ainda não foram encontrados – avisou Lestrade enquanto folheava o Profeta Diário que conseguira afanar em sua vigília e checava a lista de trouxas que não se apresentaram para a inspeção. – A sra. Hudson, Molly, Harry, Anthea Wilson, o pai da Tonks... Os nomes deles ainda estão na sessão de "procurados".

– Ainda assim, o projeto do Ministério de mandar caçadores atrás deles representa o fim dos tempos – John protestou. – Ninguém sacou que tratar nascidos trouxas como animais é justamente o que Voldemort defende?

– Obviamente sacaram – explicou Mycroft, que já estava em seu segundo pedaço de pudim –, mas é como eu disse, não dá pra saber em quem confiar. Todos devem ter medo de ser delatados e terem a árvore genealógica de algum ente querido confiscada.

O violino desafinou, arranhando os ouvidos dos três, e Sherlock levantou o arco sem tirar os olhos da janela.

– Mais deles chegaram.

John foi o primeiro a se levantar e ir para perto dele, seguido pelos outros dois. Duas figuras encapuzadas olhavam para as casas de número 11 e 13, achando estranho o fato de estar faltando um número. Os londrinos que passavam pelos visitantes já estavam acostumados com a visita dessas pessoas de trajes excêntricos, embora, ocasionalmente, um deles pudesse olhar para trás imaginando por que alguém usaria capas tão compridas naquele clima abafado.

– Vocês acham que eles sabem que Sherlock está aqui? – perguntou Lestrade.

– Eles sabem que tem alguma coisa aqui – respondeu Mycroft –, mas pelo visto Snape não contou a eles sobre a casa.

– Aquele feitiço de língua presa deve ter impedido Snape de revelar o segredo.

– Tem certeza que não tem como colocarem um rastreador no Sherlock, Mycroft? – perguntou John.

– Absoluta. O rastreador cessa automaticamente com a maioridade. O Ministério tem outros mecanismos de rastreamento, mas são todos gerais. Não há como rastrear uma pessoa específica sem tocar nela.

De repente ouviram o barulho de todos os trincos da porta da frente se abrindo antes da corrente, e os quatro congelaram. Os rapazes pegaram a varinha rapidamente e se ocultaram perto das cabeças dos elfos decapitados. A porta se abriu, e quando o intruso a fechou, veio a sucessão de feitiços. Primeiro a língua presa, depois o fantasma de Dumbledore com a mão cadavérica erguida.

– Não fui eu que o matei, Alvo – respondeu uma voz baixa.

E, como sempre, o feitiço se desfez e o vulto explodiu numa nuvem de pó.

Potterlock - As Relíquias da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora