A Prova de Coragem

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Quando Sherlock acordou, viu o estrado da cama de cima do beliche se formando na sua frente. Teve que fechar os olhos novamente porque a cabeça doía. Além disso ele ofegava. Estava dentro da barraca, deitado sob uma montanha de cobertores e encharcado de suor mesmo com o clima frio. Sentiu um peso na beira da cama e, ao olhar mais atentamente, reconheceu Mycroft com olheiras fundas e rosto cansado. Na mão do sonserino havia uma pequena esponja.

– Escapamos...? – engrolou o corvino.

– Sim – disse o mais velho. – Precisei usar o Feitiço de Levitação pra deitar você e Greg no beliche. Não pude arrastá-los.

– Greg...?

Ele virou a cabeça para olhar para o outro beliche. Greg estava dormindo e não havia uma montanha de cobertores sobre ele. No entanto, o lufano estava muito pálido e, na sua cintura, havia ataduras manchadas de sangue.

– A cobra fez um ferimento fundo demais nele – explicou Mycroft com melancolia. – Lembrei que papai falou que trataram ele com Poção para Repor Sangue quando foi mordido pela cobra, então preparei uma boa quantidade com os ingredientes que você trouxe na bolsa. Já você... esteve doente. Muito doente.

Sherlock se sentou com dificuldades.

– Quanto tempo faz que partimos?

– Dois dias.

– Eu estive inconsciente?

– Não, exatamente... Você estava com febre... gritava e falava coisas... Coisas em língua de cobra. Quase não consegui tirar a bolsa do seu pescoço. Estava presa no seu peito. A cobra também lhe mordeu, mas só precisei limpar o ferimento e aplicar um pouco de ditamno.

Sherlock fitou o rosto atormentado e cinzento do irmão e se compadeceu.

– Eu não devia ter sugerido Batilda – confessou Mycroft em voz baixa.

– Foi uma decisão conjunta. Eu é que devia ter percebido que só eu conseguia entender o que ela falava. Vocês provavelmente estavam ouvindo silvos e chiados.

– Como assim?

– Batilda era a cobra Ou melhor, a cobra estava dentro dela. Por isso a casa estava fedida, por isso Batilda fedia. Ela devia estar morta havia algum tempo e a cobra usou a carcaça pra vigiar Godric's Hollow. Você-Sabe-Quem deve ter presumido que esse é um dos lugares para onde eu iria. A última batalha ocorreu lá, não?

Mycroft estava atônito demais para responder.

– Ela não tentou me matar – prosseguiu o corvino –, apenas me segurar ali até Você-Sabe-Quem chegar – atirou as cobertas para o lado.

– Você precisa descansar.

– Estou bem. Você é que precisa dormir. Tomarei conta do Greg e vou fazer a vigia por um tempo. Cadê minha varinha?

Mycroft não respondeu, olhou-o apenas.

– Mycroft?

– Sinto muito.

Antes que o mais novo fizesse a pergunta, o sonserino se abaixou para apanhar algo ao lado da cama e o entregou ao irmão. A varinha estava quase partida ao meio. Um frágil fio de pena de fênix mantinha as metades penduradas. A madeira rachara inteiramente. Sherlock apanhou o objeto como se fosse um organismo vivo que tivesse sofrido um grave ferimento. Não conseguiu pensar direito: tudo pareceu uma fusão de pânico e medo. Sua varinha - a varinha que agia sozinha quando precisava defendê-lo de Voldemort - estava quebrada.

– Nenhum feitiço de reparação funcionou – Mycroft falou tão baixinho que o mais novo quase não pôde ouvi-lo. – Eu fui o responsável. Quando a cobra avançou eu usei a Maldição Explosiva e ela deve ter ricocheteado em você.

Potterlock - As Relíquias da MorteTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon