Avant la fin de la journée

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O clima ameno, o ar puro de montanhas, rios e árvores por todos os lados fez bem a Alfonso. Ele tinha dirigido a beça para chegar a Harpers Ferry – West Virginia, a cidade em que seus pais viviam. Mas para ele tinha valido a pena. Fazia muito tempo que não visitava os pais e tinha decidido de última hora que iria para o sítio onde eles viviam naquele domingo.

Na verdade, ele tinha decidido isso depois da noite que tivera com Anahi. Ele se surpreendeu ao acordar ainda cedo naquela manhã e encontrar o quarto vazio. Não estava chateado com ela, entendia que a cabeça dela devia estar uma confusão, mas esperava ao menos poder conversar sobre o que tinha acontecido.

Não foi a primeira vez que ela o surpreendeu naquela noite, no entanto. Ele ainda se lembrava do impacto que sentiu quando a viu naquele pedaço de pecado em forma de vestido. Desde o momento em que pusera os olhos nela na noite anterior, tinha decidido se manter o mais afastado possível, para o bem dos dois. Fez isso em respeito ao trabalho dele, em respeito a ela. Mas Anahi continuava o provocando, mesmo sem ter ideia daquilo. E talvez isso fosse o mais fascinante sobre ela: ela não tinha ideia do quanto era atraente.

Novamente, ele se surpreendeu com o sexo dos dois. Depois do baque de saber que ela ainda era virgem — para ele esse fato ainda não fazia sentido — , ele esperara uma Anahi mais acanhada, mais tímida, até mesmo pelo jeito dela de ser. Porém ela se entregou sem reservas, tão desinibida quanto poderia. Tinha que respirar fundo toda vez que se lembrava dela confessando ter se masturbado pensando nele.

A verdade era que Anahi era como uma caixinha de surpresas. Ele precisava de um tempo para espairecer, para pensar sobre o que faria e como lidaria com ela agora, afinal, isso também envolvia o seu trabalho de certa forma.

O pôr do sol que despontava ao fundo do lago à frente do sítio dos pais de Alfonso o ajudava a pensar, a clarear as ideias. Ele adorava aquela casa cercada de árvores, o único som sendo o canto de alguns pássaros, o clima de paz. Sentado em uma cadeira de fibra sintética na varanda do sítio, Alfonso inspirava o cheiro do bolo que estava no forno a lenha de dona Ruth. Tinha sentido muita saudade daquilo. O sabor e o cheiro daquele bolo remetiam a Alfonso outras épocas em que ele só se importava qual vídeogame iria ganhar, qual jogo seu pai o levaria para assistir, o fazia lembrar do colo de sua mãe.

Sorrindo daquelas lembranças, Alfonso sentiu seu pai se aproximar pela entrada da casa, sentando na cadeira ao seu lado segurando uma xícara fumegante de café. Ficaram um tempo em silêncio, ambos desfrutando da companhia um do outro e do espetáculo da natureza. Até que Armando decidiu quebrar o silêncio.

— Qual o nome dela? — Perguntou, o rosto tranquilo ainda admirando o sol que se punha.

— Oi? — Alfonso estava tão distraído que realmente a pergunta o pegou de supresa.

— Eu te conheço a vida toda, meu filho. Mesmo tendo vivido tantos anos em outro continente, eu tenho orgulho de afirmar que continuei sendo um pai presente na sua vida.

Alfonso sorriu de canto, pois sabia que aquilo era verdade. As chamadas de vídeo com seu pai eram mais raras que com dona Ruth, e com certeza bem mais curtas, mas eram muito intensas. Além de pai e filho, poderiam se considerar melhores amigos.

— Isso é verdade. — Alfonso finalmente olhou o pai, mirando aquele rosto marcado pelo trabalho duro, por uma vida inteira dedicada à família e a felicidade deles.

— Então?

— Então o quê?

— Por que não me conta sobre ela?

Alfonso suspirou. Não sabia se aquilo era uma boa ideia, afinal nem ele se entendia quando se tratava de Anahi. Mas uma coisa ele sabia: aquilo era errado por se tratar de uma aluna sua. E sobre isso ele podia desabafar com o pai.

Nas Asas do CisneDonde viven las historias. Descúbrelo ahora