Marcadas por um Segredo [ROMANCE LÉSBICO] - DEGUSTAÇÃO

3 - Casa de bonecas

Como prometido, trouxe uma nova atualização hoje para vocês. Não consegui atualizar antes, pois estou intensamente envolvida na escrita desse livro. E, justamente por isso, cada review é muito importante. Obrigada a todas que estão lendo, votando e comentando. 🙌🏼💕

A Ghynne's Lodge era uma propriedade isolada por seu jardim majestoso. Localizada no sul do bairro de Richmond-upon-Thames, havia sido construída em 1650. Algumas árvores chegavam até bem perto da janela do quarto de Hannah e o pequeno lago formado pela fonte frontal da propriedade, fazia com que a ideia de estar longe da cidade se tornasse ainda mais forte. Por mais que a localização da casa confirmasse precisamente o contrário.

O tom da pintura das paredes em um marrom quase vinho, as mais de trinta janelas, o layout de planta H formado por nove vãos e três andares, conferiam àquela casa uma identidade única em todo o Reino Unido. Mas, era o jardim que lembrava um parque e sua característica labiríntica que mais chamava a atenção de quem parava para observar a construção.

Os pássaros que se deslocavam por todas aquelas plantas e árvores ao lado da janela, pareciam acompanhar o som produzido naquele aposento. E completar a perfeita sinfonia de que aquele solo nem mesmo precisava.

Sentada na bela poltrona que adornava o quarto da caçula dos de Ghynne, Florence desfrutava da bela e longa Sonata para piano em Si menor, de Franz Liszt. Hannah a tocava com toda sua entrega e... paixão! Poucos pianistas ousavam exibir a habilidade com a bela composição, mas a recolhida garota parecia não se intimidar.

Florence pressentia que Hannah queria impressioná-la ao fechar sua apresentação justamente com aquela grade. Ela era a obra chave do romantismo de Franz Liszt, considerada uma das mais difíceis de se executar em todo o repertório pianístico. Além disso, tinha quase trinta minutos de duração.

A emoção de cada nota penetrava os sentidos das duas numa conexão que só a música é capaz de produzir. Hannah jamais havia tocado para ninguém com exclusividade. Apesar de ser completamente aficionada por piano, ninguém jamais havia se interessado em ouvi-la. Não daquele modo.

Florence parecia querer escutá-la exclusivamente por ela, por seu talento, pelo entusiasmo que ela colocava em pressionar cada tecla. Pelo que ela amava com uma intensidade que a tornava única.

As pessoas sempre pediam que Hannah tocasse nas reuniões sociais que ela frequentava. Mas, enquanto fazia isso, nunca tinha toda a atenção para si, sua apresentação servia apenas para sonorizar as interações entre as outras pessoas. Sua "plateia" pouco, ou nada, se conectava com ela.

A filha do conde pareceu envolvida em cada nota produzida pela vibração dos pedais e cordas de seu piano que Florence havia se esforçado tanto em afinar. E, depois de todos os acontecimentos dos últimos dias, sobretudo da véspera, impressionar a visitante era algo que deixava Hannah verdadeiramente orgulhosa.