16. Looking For The Edge

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Portland

"Fuja de homens como o seu pai."

Eu desliguei o telefone e bufei alto.

Minha mãe não se lembrava que já havia me dito essa frase antes. Bastou uma vez, anos atrás, para que eu entendesse o recado.

Mas o que eram homens como o meu pai?

Tentei enxergar seus cabelos, suas atitudes e até a sua voz em garotos da minha idade. Foi difícil no começo, mas eu comecei a ver. Eles não tinham a mesma cor que ele, que era um preto intenso.

Esses garotos brilhavam em tons quentes, sempre ressaltados diante da minha lente de calor. A partir dessa visão, passei a tomar a direção oposta toda vez que um garoto desse aparecia no meu caminho.

Dylan Walker era amarelo.

Começamos a namorar um mês depois do início do segundo ano do ensino médio. Eu realmente gostava dele e não pestanejei quando fui convidada até sua casa. Chegando lá, ainda de pé na sala, descobri que ele tinha um irmão mais velho.

Jamie Walker era carmesim. O mais próximo de vermelho eu já havia presenciado, muito diferente e distante de seu irmão.

Instantaneamente eu soube o que fazer, mas é claro que não tive sorte com isso. E foi por essa razão que eu e Jamie protagonizamos longas caras feias e respostas atravessadas durante dezoito meses.

Em minha defesa, ele também não gostava de mim. Na única vez em que demos uma trégua, eu perdi Dylan.

Eu perdi o meu amarelo.

Mesmo após anos, ainda era possível sentir o ar atravessando o buraco aberto no meu peito. Estava sempre ali e eu tinha me tornado mais azul com isso. Um tom que era bem claro antes de eu ter meu coração partido pela primeira vez.

Claro que aquela não foi a única, afinal, nenhum homem me amou sem me machucar.

Mas Dylan doía diferente.

Enquanto eu ainda encarava a parede cinza do hotel em Portland, imaginando como seria se o acaso me fizesse encontrar Dylan em Londres, uma batida na porta me despertou.

Luke vestia uma camisa preta e uma calça de moletom cinza. Tinha cheiro de banho tomado e algo doce.

- Já viu a hora? - Franzi a testa -- Você dormiu?

Deixei ele entrar e fui limpar as lembranças da mente enquanto me ocupava em organizar coisas em cima da cômoda. Havia um certo desconforto no contraste de Luke com as minhas memórias de Dylan, eu não queria encará-lo.

- Claro que não, jogamos strip poker e eu perdi todas de propósito. Enfim, agora preciso que ela vá embora.

Revirei os olhos, mesmo que ele não pudesse ver.

Suspirei.

- Então você veio se esconder?

- Não, eu vim te pedir pra fazer o seu trabalho: resolver os meus problemas.

Apesar do assunto, ele estava de bom humor.

Virei pra trás e vi Luke se deitando na cama e apoiando os braços atrás da cabeça.

- O que você espera que eu faça? Que eu esvazie o quarto e deixe ela lá enquanto fazemos o check out?

Ele me deu um sorriso pequeno, astuto.

- Exatamente.

Só podia ser piada.

Sentei na cama, infeliz, e passei a mão no rosto tentando acordar. Estávamos no terceiro mês de trabalho e aquela era a primeira vez que ele me pedia para fazer algo do tipo.

Sex - Luke HemmingsWhere stories live. Discover now