53. Conflicts And Bad Choices

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Sydney

Eu nunca me considerei uma pessimista. Acho que sempre fui mais uma realista do que qualquer coisa. Contudo, naquele longo voo silencioso, eu me dei conta de que eu vivia entre temporadas de conflitos e más escolhas desde que nasci.

Maya Tyler não era a alegria em pessoa, ou uma garota forte e corajosa. Maya Tyler não era exemplo e nem inspiração. Ela era alguém de quem se esperaria algo, mas que nunca tinha conquistado nada. Ela era a garota que pensava demais e acabava escolhendo a pior alternativa.

Em um dia eu briguei com Luke, no outro eu peguei uma passagem para Sydney da mão dele. No meu ciclo natural da vida, naquele dia eu estava fazendo a má escolha, então era só sentar e esperar pelo conflito em seguida.

Me poupei respeitando o silêncio que Luke também fazia durante toda. A viagem.

Chegamos de noite em Sydney. Eu acompanhei Luke até o hospital, mas sequer entrei no prédio. Eu precisava saber onde estavam as malas que eu havia despachado para Chicago e não queria conhecer a família de Luke naquela situação. Já bastava de má escolha.

Contudo, após alguns minutos sentada do lado de fora, um homem parecido com Luke apareceu fumando por ali.

Eu o encarei momentaneamente, por motivos óbvios. Ele me pegou no flagra e franziu o cenho.

— Ei! Você não é a Maya Tyler? Eu sou o Jack, irmão do Luke — ele andou até mim e estendeu a mão.

Levantei e apertei a mão dele.

— Oi, Jack. Sim, sou eu. É um prazer te conhecer, sinto que seja numa situação como essa.

Jack deu de ombros, exibindo uma expressão triste que eu tinha visto no rosto de seu irmão horas antes.

— Você veio com o Luke? Eu pensei que vocês não se dessem bem.

Foi a minha vez de dar de ombros.

— É... uma parte é real e a outra é só... complicada.

Ele deu um riso fraco.

— Realmente soa como os relacionamentos do Luke.

Cruzei os braços em uma reação imediata.

— Isso não é um re-

— Desculpe, Maya. — Jack me interrompeu ao perceber a minha sutil reação — Eu não tinha a intenção de entrar num assunto desagradável para você, eu só não queria...falar da minha mãe.

Percebi que havia uma lágrima pesa no olho dele.

— Não tem problema — eu disse. — Podemos falar sobre qualquer coisa. Como você está?

Ele tragou o cigarro novamente enquanto encarava o chão. Deu um pequeno riso fraco.

— Estou cansado. Uma coisa que raramente falam sobre pacientes de câncer é que a família fica doente junto. É a porra de um terror psicológico e você não pode chorar sobre isso com a sua mãe porque é ela quem está sentindo a dor de verdade. E eu me sinto um puta egoísta quando penso nisso.

Balancei a cabeça.

— Não soa egoísta para mim.

— Você perdeu a sua mãe recentemente, não foi? Como você lida com isso? Como você consegue viver depois disso?

A pergunta dele atingiu um ponto que eu não costumava tocar. Um ponto que eu estava evitando até que o tempo fizesse tudo parecer normal.

— Então, esse é o ponto. Eu não sei — eu disse. — Ela sempre precisou viajar muito a trabalho. Era normal ficarmos bastante tempo distante. Não faço ideia de quando isso tudo vai deixar de parecer uma viagem. Espero que nunca.

— Você ainda está esperando por ela? — Jack me olhou.

— A sensação de estar esperando por ela ainda está aqui, embora a minha cabeça saiba que ela não vai voltar — expliquei.

— O luto é tão... — Jack não completou. — Acho que eu, Ben e o meu pai estamos de luto desde que o câncer dela voltou. Luke está desde a primeira vez que apareceu.

— Quanto tempo faz isso?

— Sete anos. Mesmo quando ela melhorou, ele não deixou de ficar alerta. — Jack refletiu. — Nós todos sempre estivemos confiantes na cura, mas ele não conseguia se livrar desse medo de que ela morreria a qualquer momento. Foi aí que ele começou a ficar obcecado em fazer o que ele faz. Era o jeito dele de... não pensar.

— De parar de sentir dor — corrigi.

— Sim. Desde essa época ele nunca mais namorou ou pelo menos nunca mais apresentou uma garota pra gente. Ele não começa nada porque já está pensando que vai perder a pessoa. Como irmão mais velho eu me sinto um merda por não conseguir ajudar ele com esse trauma.

Engoli em seco. Aquilo era horrível. A dor de Luke, a culpa de Jack, a doença da mãe deles, essa sombra em toda a família.

Jack terminou o cigarro e o jogou fora.

— Todo dezembro ele volta pra Sydney com flores, presentes e passeios de familia, desesperado para viver o que puder com ela antes que o ano seguinte a leve. E, no final das contas, ele estava certo. Ela estava morrendo esse tempo todo.

Meu rosto estava dormente e meu coração estava pesado. Eu não tinha nenhuma palavra de consolo para Jack. Muito menos para Luke. Não queria vê-lo depois de saber o que agora eu sabia.

— Você não vai entrar? — Jack me perguntou ao virar de volta para a entrada do hospital.

— Não quero me intrometer... eu nem tive a oportunidade de conhecê-la — tentei dar uma desculpa.

— Ela conhece você — Jack disse. — Iria adorar te ver aqui com o Luke.

Franzi o cenho. Como assim?

— Ela me conhece?

— Desde que ela viu uma foto sua com Luke, ela perturba ele perguntando sobre você — Jack riu.

— Ele nunca falou nada...

— Bem, seria estranho se ele falasse qualquer coisa. O cara é mais fechado do que o tempo em Londres.

Aquilo não me fez rir nem por simpatia.

Eu limpei a garganta.

— Jack, eu realmente não quero fazer desfeita, mas é que eu e o seu irmão não estamos em uma boa situação — me expliquei. — Eu acho que vou procurar um hotel aqui perto e descansar antes de voltar pra Chicago.

Jack balançou a cabeça.

— A casa da família fica aqui perto — ele tirou um chaveiro do bolso e começou a separar uma chave. — Por favor, fique lá. Eu não aceito não como resposta.

— Eu não posso ace-

— Claro que pode. Por favor, aceite. — ele estendeu a chave.

Eu suspirei, me perguntando quantas más escolhas era possível eu fazer em um só dia. Não tantas, certo?

Aceitei.

Sex - Luke HemmingsWhere stories live. Discover now