A verdade

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Imperador Jackson
Castelo de Ilibado • 00:09

  Eu devia ter desconfiado que algo estava errado. O tom dela estava diferente do comum, sem contar que ela me avisou que precisávamos conversar. Isso nunca é bom!

  Com cautela aponto para a cama e ando lentamente para lá. Sento-me ao final da cama e a chamo com a mão para de sentar ao meu lado. Ela calmamente vem até mim, se senta ao meu lado direito

  Viro-me um pouco para meu lado direito e a encaro. Suspiro e me preparo mentalmente para contar tudo a ela sobre Elizabeth poder talvez ser minha filha e por isso a tratei daquela maneira tão cordial

— Anely, temos 36 dias juntos. Parece que é uma eternidade porque já aconteceu tanta coisa. Existe muito sobre mim que você ainda não sabe, uma dessas coisas é que eu era um homem que não gostava de dormir sozinho. Era mais por solidão, eu achava que isso iria ajudar a tirar esse vazio do meu coração. Quando me casei com você eu notei que só precisava de você — respiro pelo nariz e solto lentamente pela boca

  Anely está me encarando atentamente. Como ela consegue ser assim? Ela age com tanta calma e naturalidade após ter apontado um punhal para mim?

— Eu estive com muitas mulheres ao longo da vida, a mãe de Elizabeth foi uma delas. Um pouco antes de ela se casar e se tornar rainha do reino Kendrick, tivemos uma noite de amor. Isso foi há uns vinte e poucos anos — ela arregala os olhos e coloca às duas mãos na boca

— Por isso você tratou ela daquele jeito você acha que pode ser sua filha! — diz em tom alarmado — Isso explica tudo! Então você estava olhando a cicatriz! — ela olha para o chão

— Agora que você sabe, me conta um pouco mais sobre essa carta? Preciso saber se conheço a mulher que a escreveu — ela se levanta, vai até a cômoda e tira uma carta com cheiro forte de perfume barato. Anely me entrega e volta a se sentar

  Dou uma boa olhada na carta. É um pouco sujo e mesquinho. E se Anely tivesse ido embora em ver de me confrontar? Como eu explicaria para ela da maneira que expliquei. As coisas teriam sido bem mais difíceis

Sabe onde seu marido está, queridinha?
Ele te engana há tanto tempo dizendo que
vai ajudar pessoas e que está fazendo vistorias.
Na verdade, ele sempre está comigo. Nos meus
braços porque você não é mulher o suficiente
para ter um homem tão quente e cheio de desejos
como o Imperador. Apenas eu apago completamente
seu fogo. Ele é insaciável. Sempre quer mais e uma
mulher novinha assim na casa dos vinte não sabe
satisfazer um homem como ele. Eu vou roubar a
atenção do seu marido para mim. Aliás, minha
Imperatriz, te mando o vestido que usei enquanto
estive com ele está tarde para que você sinta o cheiro
de sexo verdadeiro. Não é essa coisa que você como
esposinha tem com ele. Aprende a fuder direito e ele
não vai mais me procurar. — Ruth

— Eu até gosto dela só pelo linguajar, me identifico muito. Ela fala de maneira que até parece poético aos meus olhos — ela diz tão calmamente

— Ruth realmente era a minha favorita do prostíbulo, bem, na verdade, taverna. Lá é os dois. É a maior taverna de ilibado por isso! — respiro fundo — Hoje eu não fui direto para o outro quarto para tirar o cheiro de outra mulher com medo de você descobrir algo. Fui tirar o cheiro de catinga e suor. Hoje tivemos que entregar mais cobertores e comida! Entregamos de casa em casa no lado mais pobre de ilibado, é uma vila nova que agora faz parte de Ilibado — passo uma das mãos pelo rosto e entrego a carta para ela

  Sinto meus olhos pesar. Coloco-me de pé. Ando até a lateral da cama. Tiro minhas calças e camisa. Nu, me deito ao meu lado da cama. Puxo o cobertor para mim e me encolho já que hoje não vou ser aquecido por ela graças a Ruth

— Imperador — ela ronrona. Sinto a cama se mexer um pouco. Sinto sua mão gelada em meu ombro. Deito-me de barriga para cima e a encaro um pouco chateado por ela estar atrapalhando meu descanso — Me perdoa — faz um biquinho

— Tá — digo e me viro novamente. Fecho meus olhos e tento me apagar completamente do mundo. Eu preciso e mereço. Amanhã tem mais trabalho ainda. Temos uma nova vila para visitar

— Amorzinho — sua voz manhosa. Seu corpo se encostando ao meu. Ela está nua. Mas, seu perfume não é o mesmo. Me sinto até a traindo com ela se esfregando em mim com esse cheiro

— Tome banho, tire esse perfume e então conversaremos! — coloco a mão direita sobre meu ouvido, mas ainda sim, consigo a ouvir rir.

Taverna Ilibado
10:29

  Desço do meu cavalo e ando com alguns homens em direção as portas da Taverna. Entro. Tudo aqui é muito luxuoso, como deve ser. Trabalhadores vem aqui para beber. Para se divertir com os amigos porque aqui tem alguns jogos, as mulheres são para os solitários

  Temos poucos casos de traições em Ilibado. Não que alguém aqui morra por traição ou o que quer que seja. Mas, eles preferem se manter fiéis a suas esposas e isso me deixa orgulhosa do meu povo!

— RUTH! — um dos meus homens grita firmemente para Ruth que está sentada em um dos bancos altos do balcão. Ruth abre um sorriso e anda até mim

— Quer um quarto? — ela pergunta entre risos — Ela recebeu minha carta? Ficou furiosa? Quer que eu vá acalmar aquela coisinha apetitosa? — ela revira os olhos. Arqueio uma das sobrancelhas para ela

— Estou aqui para ordenar que fique longe, ela é minha, se casou comigo! Tire seus cavalos da chuva! — faço uma careta para ela e cruzo meus braços. Ela ri e em seguida faz um bico

— É uma pena minha tática não ter dado certo, sempre funciona! Elas sempre vêm ver com os próprios olhos, sabe? E é aí que eu entro em campo! — ela morde o lábio

— Você é má, eu quase morri! Ela não é dessas! Se ela viesse, seria para te matar e colocar na sopa que ela faria com minha carne! Anely é severa com essa coisa de traições. Não é como as outras mulheres que querem saber da amante o que elas fizeram para enfeitiçar o pobre marido. Mas tem a chance de que ela viesse sem intenção de te matar, viria para amaciar o próprio ego te fazendo ver que ela não é nada do que você descreveu! — cruzo meus braços e olho para o outro lado. Nesse momento Ruth está rindo muito

  Ruth é filha do dono da taverna, ela não é bem uma prostituta, mas se passa por uma para não morrer. Ruth gosta de mulheres e isso em nossa sociedade é abominado, bem, não por mim. Eu amo todos igualmente

— Tome cuidado Ruth, Anely é filha do Hichello, você sabe qual é a fama dos puros! Eles matam com as mãos nuas e claro que ele ensinou isso a filha dele! Por isso ele é tão tranquilo e deixa as mulheres a frente de tudo, ele sabe bem que se algo der errado ele vai resolver sem o auxílio de uma arma e que sua mulher que também é uma pura, vai matar sem remorso! Sem contar as filhas, claro! — os puros são pessoas que os ancestrais sobreviveram a guerras por ser os mais fortes. Então, o sangue da descendência foi chamando de "puro"

— Tudo bem, obrigada por me avisar. Se quiser eu mando uma carta avisando ser apenas uma isca para ela aparecer aqui e me dar uns beijinhos — ela faz uma careta. Balanço a cabeça de um lado a outro

— Vou embora Ruth! — me viro e ando para fora da taverna onde todos já estavam rindo do nosso diálogo. Todos que frequentam a Taverna sabe que Ruth gosta de mulheres. A maioria das garotas de lá gosta. Espero que isso não demore a ser natural aos olhos alheios. Todos devemos nos amar e nos proteger uns dos outros e não desferir ódio.

Ilibado | Michael JacksonWhere stories live. Discover now