─ Capítulo 15 '-

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Maricruz

O dia iria ser longo. Eu achava que um dia fora do Cassino não faria diferença, mas fez sim, e bastante. Apesar da boa administração de Rayzza, acho que não há alguém que possa liderar melhor que eu. Encher minha cabeça com ocupações iria me ajudar muito a me livrar de pensamentos desagradáveis.

— Rayzza, obrigada por ter cuidado do Cassino — agradeci caminhando em direção à minha sala

— Não precisa agradecer, fico feliz pela confiança — ela responde olhando para mim com sinceridade. Afinal, talvez Rayzza seja uma pessoa boa, que por muito tempo seguiu sem querer os passos da irmã.

— Bom, se acostume, talvez eu vá precisar mais vezes — falei sorrindo

— Vai ser um prazer — indagou sorrindo e eu retribui

— Rayzza, você pode tirar o dia de folga, se quiser até a noite! É um agradecimento pelo dia de ontem — falei e antes que ela respondesse, continuei — ah, e também vou acrescentar algo ao seu pagamento!

— Não precisa, Maria Alessandra — falou e eu insisti, muitas vezes, até que aceitasse. Depois de um tempo, que ela havia ido, e eu pude sentar em minha mesa na minha sala, meus pensamentos me invadiram. Um misto de lembranças da última semana, rondaram minha mente. De repente lembranças da ligação de Otávio, e em seguida às horas com Emir. Eu ainda estava surpresa com a personalidade que ele havia me mostrado aquela noite. Diferente daquele que conheci, que tentou simplesmente me beijar como uma qualquer.

Enquanto estava inerte em meus pensamentos, fui pega de surpresa quando a porta abriu. Mas, o que me surpreendeu foi quem à abriu. Eu não podia acreditar.

Otávio.

Eu fiquei em silêncio, por minutos. E ele da mesma maneira. Nos olhávamos sem parar, e eu não sabia distinguir o que ele estava pensando, por estava neutro. Já eu, estava tentando disfarçar o máximo o quanto a presença dele havia me afetado. Engoli em seco, e dei a primeira palavra.

— O que você quer? — perguntei levantando

— Curta e grossa — ele respondeu adentrando na sala, sem fechar a porta — Não vai perguntar se estou bem?

— Por que eu perguntaria? Isso não me importa — rebati e ele sorriu como se se divertisse

— Sabe, Maricruz, por um minuto eu achei que você fosse se arrepender do que fez. Eu passei alguns dias digerindo o que você tinha feito pra finalmente vir aqui. Jamais imaginei que você seria capaz de fazer o que você fez. Se vingar da maneira mais baixa.

— E você esperou que eu estivesse arrependida? Isso é sério? — perguntei adicionando desprezo na voz

— Sim, eu esperei — ele disse se aproximando da mesa— Eu achava que ainda existia um pouco da menina que você era aí dentro.

— E pra quê? Pra continuar me humilhando, Otávio? — falei aumentando o tom de voz. Vi que ele iria responder, mas antes que falasse eu continuei — Porque foi apenas isso que você e sua maldita família fizeram. Me humilharam o tempo inteiro! Desde o dia que eu assinei aquele papel e casei com você. Como eu fui boba e ingênua. Não sabe como me arrependo! — falei com amargura

— Se arrepende mesmo? Tem certeza? Porque eu acho que você fez o que fez porque ainda me ama, por isso queria se vingar de mim — ele respondeu com convicção

— Não, eu não queria. Eu ainda quero. Eu quero vingar todo mal que você e sua família me fizeram. E você viu que eu já comecei bem com a Lúcia, não viu? — respondi erguendo meu rosto, e ele mudou sua expressão para mais raiva

— Eu vi, e não sabe como senti raiva naquele momento.

— Por que? Por que a defende agora? Porque antes de casar comigo, você queria irritar seu irmão e sua cunhada. Principalmente ela. E de repente todo esse cuidado com ela? — falei com repúdio — talvez até isso foi uma farsa, e você só queria se aproveitar da pobre Maricruz.

— Você continua sendo a mesma — ele falou sem alteração na voz, olhando dentro dos meus olhos.

Eu queria desabar, mas não faria isso, não na frente dele.

— Não, Otávio, eu não sou a mesma. Você não vê? Olha pra mim! — falei tentando passar o máximo ar de superioridade

— Eu continuo vendo a mesma Maricruz, apaixonada por mim, e fazendo coisas estúpidas para chamar minha atenção — ele disse, e ao ouvir isso, eu quis mata-lo.

— Escuta bem..

Quando comecei a falar, fui interrompida por uma presença. Emir entrou na sala de supetão, sem bater na porta, já que a mesma estava aberta. Eu não sabia se ficava aliviada ou com raiva. Decidi que ficaria aliviada. Eu não conseguiria falar o que iria falar para Otávio sem chorar, e eu não faria isso na frente dele. Não daria esse gostinho. Emir, olhou para Otávio de relance mas o ignorou.

— Interrompo? — perguntou olhando para mim

— Sim — Otávio respondeu na minha frente

Não! — respondi rapidamente, olhando com raiva para Otávio, que retribuiu o olhar com a mesma intensidade. Voltei a olhar para Emir — Pensei que tinha esquecido nosso compromisso — falei e Emir me olhou confuso. Coitado. Eu havia acabado de fingir um compromisso com ele para irritar Otávio, queria que ele sentisse ciúmes em me ver com outro homem. Que visse que eu não estava parada e arrependida de nada. Emir estava prestes a responder, e pela confusão em seu olhar, com certeza iria perguntar "que compromisso?" E estragar minha farsa. Mas, para minha surpresa, antes que eu o interrompesse, ele quebrou o silêncio de segundos.

— Claro que não, jamais esqueceria — respondeu, me devolvendo um olhar cúmplice — estava ansiando esse momento.

Por um segundo consegui dar um sorriso satisfeito. Pude ver a raiva no rosto de Otávio. Me dirigi ao lado de Emir e indiquei com a mão a porta para Otávio.

— Pode se retirar, Otávio — falei, sem disfarçar o ódio evidente em minha voz

— Nossa conversa não terminou — ele respondeu, antes de sair da sala e eu fechei a porta finalmente, dando um longo suspiro.

Olhei para Emir, e sabia que teria de dar para ele alguma explicação do que acabara de acontecer.

Decidi Amarte ─ ღ '-Where stories live. Discover now