Mais do que Palavras

Dois

Eu estava tão ansioso para vê-la que o ultimo fim de semana pareceu especialmente longo. Mal podia esperar para ir á biblioteca e esperá-la aparecer.

Qual não foi a minha surpresa quando a vi, em um dos pátios que fica perto da biblioteca do campus, sentada debaixo de uma árvore, lendo.

Seus longos cabelos estavam soltos e ela usava um vestido laranja.

Ah! Gosto muito mais do laranja nela.

Acho que isso é um sinal dos céus. Quando eu percebi, já tinha desviado o meu caminho até ela, que se quer percebeu minha aproximação.

Ela continuou lendo e dessa vez era sobre moda, corte e costura ou algo do gênero. Ainda não tinha entendido a lógica por trás dos livros que ela lia.

Observei que ela tinha um bloco de desenho ao lado, com alguns esboços de desenho recém-criados. E eram muito bons.

— Bom, eu cheguei a pensar que você estudava gastronomia, mas agora imagino que estuda artes – Disse, enquanto me sentava ao seu lado, sob a árvore.

Ela se surpreendeu e me olhou imediatamente. Eu achei que já estava preparado para isso, mas um desconforto no meu estomago me mostrou que eu estava errado.

Ela é terrivelmente linda.

— Bem... Eu mesmo estou bem indeciso, sabe? – Continuei, escondendo o nervosismo – Sobre meu curso. Por favor, não me julgue.

Fiquei feliz em vê-la abrir um sorriso e balançar a cabeça em negativa.

— Ótimo. Andei considerando algumas opções. Tipo, eu faço economia. Me parece um caminho inteligente a seguir, mas sou quase tão ruim com dinheiro quanto sou na cozinha – Sorri da minha vergonhosa falta de habilidade. Então a percebi pegar o bloco de desenhos ao lado e escrever na margem:

"Mas não é por isso que as pessoas estudam? Para melhorar?"

— É um bom argumento, mas acredite você está superestimando minhas capacidades.

Sorri e ela retribuiu o sorriso. Fiquei muito mais a vontade. Já não parecia ser a minha segunda desastrosa tentativa de conversar com ela. Acho que ela estava mais a vontade também.

É estranho. Essa garota me deixa mais perdido do que eu, normalmente, sou.

— Então você não fez aquele bolo épico no fim de semana? – Ela fez que não com a cabeça e começou a escrever de novo:

"Saí para dançar pela primeira vez"

— Ah, dançar. E o que achou?

"Definitivamente, não é a minha praia."

— Sei como é... – Suspirei – Fui nomeado o motorista na sexta passada e, de verdade, não consigo suportar as baladas. Tem cheiro velho de cigarro grudado nas paredes, apesar de não ser mais permitido fumar lá dentro. E, na real, não sou fã de lugares lotados. Por mais que eu goste dos meus colegas da faculdade, não gosto tanto a ponto de achar "tudo bem" limpar o vômito deles. Acho que meus dias de chofer estão oficialmente encerrados, to" certo!*

Como foi que o assunto de vômito surgiu, hein? É assim que se conquista uma garota, Naruto? Acho que não.

— Ainda tem aula hoje? – Achei melhor mudar de assunto. Ela fez que não – Que inveja. Escolhi aulas à tarde para poder dormir mais, o que foi um plano brilhante da minha parte, já que agora estou num relacionamento sério com o sono.

Ela sorriu. Isso é bom.

— Bom, acho que eu deixaria o relacionamento um pouco de lado, se pudesse fazer mais coisas à tarde. Olha só pra você: está livre para sentar ao sol e desenhar gente que nem conhece, por algum motivo bizarro. Não é incrível?