Epílogo

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Me chamo Maiara, tenho 28 anos e há dois anos minha vida virou de cabeça para baixo... Eu vivia feliz em Goiânia com meus pais, meu irmão caçula e minha irmã gêmea Maraisa, aliás, que saudade da minha metade! 

Era assim que nos chamávamos, éramos unha e carne e apesar de iguais fisicamente, nossa personalidade era bem diferente, enquanto Maraisa era a razão, sempre fui a emoção, chorava por tudo,e bom hoje não é diferente, hahaha... 

Eu e a metade compartilhávamos tudo, desde as alegrias, aos medos (mesmo que fossem bobos), as paixões, os desentendimentos na escola (na verdade eu nem sabia porque, mas sempre me metia em confusão e a Maraisa sempre tava lá pra me defender), e principalmente os sonhos! Ah! Os sonhos... Maraisa e eu sempre sonhamos em viver de música, chegamos a compor algumas e até um CD gravamos, mas aí então tudo aconteceu...

Há pouco mais de 2 anos conheci o Luiz, achei que tinha encontrado o amor da minha vida. Nos primeiros meses ele era um verdadeiro príncipe, minha família o recebeu bem e gostou dele. Com exceção da minha metade, ela sempre o tratou bem, mas dizia que algo nele a incomodava e eu acabava implicando com ela, dizendo que era ciúme, porque sim, sempre fomos ciumentas uma com a outra...

Mas logo ele começou com o ciúme excessivo, a querer controlar as minhas roupas, os meus amigos e onde eu podia ou não ir... Foi quando resolvi terminar e veio a primeira agressão. Para eu não contar, ele ameaçava aquilo que tinha de mais precioso: A minha família, a minha metadinha e assim eu fui ficando quieta, POR MEDO!

No começo as marcas no meu corpo não eram visíveis, sempre na barriga, nos braços, onde a manga tampava ou nas coxas, até ele quebrar o meu braço. Maraisa chegou a desconfiar mas por sorte, ela estava na fazenda com meus pais e eu inventei que havia levado uma queda na escada. Ela não questionou, mas também não me pareceu acreditar de fato. Além das agressões que se tornaram constantes ele me obrigava a ir para cama com ele. Por conta disso comecei a tomar anticoncepcional escondido, na minha situação eu não poderia jamais ter uma criança.

Mas aconteceu, uma única vez que deixei de tomar a pílula (porque naquele dia Luiz chegou mais cedo em casa) eu engravidei... Grávida?! Meu Deus, se passava de tudo na minha cabeça, principalmente que sempre sonhei em ser mãe e que teria minha metade comigo em todos os momentos da minha gravidez. Dizíamos sempre que seriamos madrinhas babonas uma do filho da outra e agora que aconteceu, eu não posso contar a ela. A única certeza que eu tinha é que abortar não era uma opção. Meu bebê não escolheu o "pai" que tem, e foi quando tomei uma decisão: fugir...

Pensei muito, eu fugindo teria a chance de um futuro melhor para o meu filho(a) e na minha cabeça, comigo longe, Luiz não poderia ameaçar minha família. E foi exatamente o que eu fiz, em uma das vezes que esse filho da puta saiu para trabalhar, eu fugi sem avisar. Nem mesmo avisei a minha metade para onde iria, apenas mandei entregar um bilhete em casa pedindo desculpas e dizendo que ficaria bem.

Luiz simplesmente surtou e começou a me procurar, por causa disso eu nunca consegui parar em nenhuma cidade, sempre fugindo e isso ao mesmo tempo em que acabava comigo, me deixava tranquila, saber que enquanto ele estivesse atrás de mim minha família estava segura... Infelizmente, numa dessas cidades Luiz descobriu minha gravidez e agora as ameaças se estendiam ao meu bebê também.

Eu estava agora em uma cidade no interior de Minas Gerais, aqui nasceu meu filho. Meu pequeno Miguel, que graças a Deus era a cópia minha e da minha metade, em absolutamente nada parecia com o filho da puta do pai dele.

Meu filho tava com um pouco mais de 1 ano e meio e eu sempre fazia questão (mesmo que ele ainda não entendesse direito) de falar dos seus avós e dos seus tios. Mostrava a foto da minha metade e dizia que era sua dindinha e que logo ia levá-lo para conhece-la.

Quando eu achei que Luiz tinha desistido de me encontrar, doce ilusão a minha... Agora cá estou eu, a caminho de São Paulo, fugindo mais uma vez com meu bebê nos braços. As economias que eu tinha não durariam muito tempo eu logo precisaria de um emprego para evitar que nada faltasse ao meu filho.

A saudade da minha família não cabia mais no peito, mas era por eles também que eu seguia em frente. A ideia deles se machucarem era insuportável para mim... Finalmente cheguei em São Paulo,
será que algum dia eu serei livre?

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Eu espero que gostem, porque essa fic foi planejada com muito carinho! É isso, bjs e aguardem novos capítulos!

Depois da TempestadeDonde viven las historias. Descúbrelo ahora