Capítulo 3.

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Manuela On.

Estava pronto para ir para escola, só esperando minha mãe ficar pronta. Agora toda manhã ela levava um tempo gigantesco para se arrumar, tudo por causa do Heitor, que só fui conhecer ontem, quando ele veio jantar com a gente e trouxe sua filha. Minha mãe já vinha falando desse jantar desde o final de semana. Mas, ela só dizia que ele era seu amigo, coisa que obviamente não era verdade. Eu não poderia estar mais feliz por ela estar feliz. Depois de tudo que vivemos no Brasil, é bom saber que ela está feliz de novo. Eu e minha mãe nos mudamos para os Estados Unidos, mas especificamente Boston, quando eu tinha meus 13 para 14 anos. E desde de então moramos aqui. Meu pai abandonou minha mãe assim que eu nasci. Mas, quando eu já tinha meus 4 anos, ele apareceu de novo. E eles acabaram voltando. No início foi tudo muito bom, ele era um pai e um namorado muito bom. Mas aí as coisas foram mudando. Mas eu nem percebi, era muito nova. Só vi mesmo quando ele bateu na minha mãe na minha frente pela primeira vez. 

E com o tempo só foi piorando, ele batia nela, gritava comigo e saí de casa. Quando voltava era tudo maravilhoso de novo, ele trazia doces para mim e flores para minha mãe. E era um bom homem de novo. E ficava tudo bem até ele surtar novamente e bater na minha mãe de novo. E as coisas foram piorando, ele arrumava briga com ela e a fazia passar vergonha nos lugares que eles iam, fazendo com que minha mãe parasse de sair tanto. Só sai para ir ao trabalho ou me levar a escolinha. Mas não demorou muito para ele passar a implicar com o trabalho dela, até que um dia ele apareceu bêbado no trabalho dela e fez ela ser demitida. E minha mãe foi ficando cada vez pior, estava deprimida e sem trabalho, e aí além de minha mãe já ser dependente emocionalmente de meu pai, passamos a ser também dependente financeiramente dele. Nessa época as coisas ficaram piores. Qualquer coisinha que eu ou minha mãe fizesse já era o bastante para ele surtar. E foi assim até o dia que ele me bateu. 

Ele só bateu em mim uma vez. E minha mãe cuidou de mim e esperou até o dia seguinte, quando ele saiu para o trabalho, ela foi até uma delegacia. Aquilo serviu para ela criar coragem de o denunciar, segundo a mesma eu era a coisa mais importante da sua vida e não queria me ver machucada daquela forma de novo. E também, ela não queria que eu continuasse crescendo naquele ambiente. Meu pai foi preso, minha mãe conseguiu um trabalho em sua área, ela é advogada, e ela estava ganhando bem, então aos poucos tudo foi voltando ao normal, e estava tudo indo bem. Mas não deu nem seis meses e meu pai enviou uma carta dizendo que estava perto dele ser solto e ele voltaria e ela pagaria pelo que fez a ele. Então minha mãe vendeu não só nossa casa, nosso carro e tudo que tínhamos lá , pediu demissão e viemos para Boston.

 Ela escolheu esse lugar por ter uma amiga que já morava aqui. Não foi nada programado ou pensado. Mas essa amiga da minha mãe nos ajudou muito e deu certo. Minha mãe alugou uma casa e conseguiu um trabalho, que não era na sua área na época. Mas depois ela conseguiu emprego no escritório que trabalha hoje. Que é o mesmo que Heitor também trabalha, e foi lá que eles se conheceram.

Minha maior surpresa foi saber que Olivia era filha de Heitor. Ela é amiga de Amanda, Lisa e Emily, as meninas que sempre fizeram bullying comigo e com Sofia. Desde de o fundamental, na real. Elas são totalmente insuportáveis. Mas, Olivia entrou na escola no final do ano passado. De primeira, ela chamou minha atenção, ela é linda. E realmente parecia alguém legal, no primeiro dia Sofia queria que a gente fosse falar com ela. Mas, no intervalo mesmo Amanda e suas amigas foram falar com ela. E então desde de então elas se tornaram amigas. A Olívia mesmo nunca implicou ou fez nada diretamente comigo ou com Sofia, mas isso não faz dela uma boa pessoa, afinal ela também nunca foi contra as atitudes das suas amigas. Mas o meu lado, que tem um quedinha por ela, sempre tenta ver algo de bom nela. E algo idiota, eu sei, o grupinho dela tentar fazer de minha vida e de Sofia um inferno sempre, a última coisa que eu deveria fazer era gostar dela. Eu devo ser masoquista, só isso explica! 

Descobrindo o Amor. (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora