|Capítulo 08|

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Restaurante Bocca di Bacco

Eu juro, relutei e fiz todas as propostas para a Mila desistir da ideia de restaurante e me deixar em casa, mas foi sem sucesso. Mas não, ela simplesmente me arrastou para este restaurante italiano alegando que as minhas "lindas" botinas rústicas se mesclariam com o ambiente rústico da decoração do salão, que por sinal lembra as vinícolas italianas de Toscana. Em partes ela tem razão, mas a única de botina e tubinho aqui sou eu. Não chego nem perto de uma camponesa italiana, infelizmente.

Escolhemos uma mesa de quatro lugares, mas também não tínhamos outra opção, era uma das últimas, o restaurante está lotado. O garçom prontamente veio até nós com o cardápio em mãos, rapidamente escolhi o tradicional espaguete à bolonhesa e Mila escolheu penne alla sorrentina e ficamos à espera com a barriga roncando. E ao mesmo tempo fiquei tentando tirar a vontade de voltar lá na empresa e enfiar os saltos de minhas sandálias garganta abaixo de Victor Ferrazzi.

A vantagem desse restaurante é que o atendimento é rápido e não demorou muito a nossa refeição já estava deliciosamente à nossa frente. E isso fez metade minha raiva passar de imediato.

— Eu sabia, sabia que um pouco desse seu mau humor era fome! —Mila diz quando me vê sorrindo para o prato.

— Então, você irá me contar o que aconteceu para ter ganhado essas botinas? — ela perguntou tentando se fazer de séria. —E o que tem naquele saco preto?

—Não aconteceu nada, eu juro! —exclamei um pouco nervosa. —Simplesmente, o meu chefe Victor Ferrazzi não foi com minha cara no primeiro segundo que olhou pra mim. E de uma hora pra outra lá na filial do Brooklyn, ele deu na louca de ir até ao almoxarifado e disse que eu como assistente dele devo usar aquele breguice de uniforme que ele fez questão de me entregar dentro de um saco preto. Nunca, Mila, nunca na minha que irei usar aquilo! —falo bem exaltada, e não vou usar mesmo.

—Calma, Isabela, ficar aí se matando de raiva e quase se esperneando não irá resolver nada. Isso só irá te trazer rugas, vai por mim. — Mila diz enrolando a massa com o garfo.

— Mas você foi informada que teria que usar isso?Normalmente passam as normas da empresa no dia da entrevista. —diz pensativa. — Exemplo disso é a empresa do tio Antônio, seu pai.

—Não, até perguntei pra moça do RH sobre o uniforme e ela disse com todas as letras que a única exigência era usar roupa social juntamente com o crachá. E ninguém lá na matriz usa esse uniforme. Tanto homens quanto mulheres usam roupa social. — desabafei enquanto ela estava me ouvindo atentamente.

— Claro, se eu tivesse aviso sobre o uso do uniforme no dia da entrevista, eu usaria, sem reclamar. E de uma hora pra outra o ogro do meu chefe vem com esse papo dizendo que devo comparecer amanhã uniformizada com essa marmota, pois ele não quer seu meu babá, só porque tive dificuldades de andar de salto nas pedras britas... —digo inconformada.

—Nem se eu fosse a mulher maravilha não teria como andar normalmente com salto fino em pedras britadas, simplesmente.

—Estranho... —Mila diz pensativa enquanto leva o garfo a boca. —E essa filial não tem entrada principal, onde os grandes entram??

— Claro que tem, Mila. E é uma bela entrada principal. O motorista até parou na área de desembarque, mas o meu chefe pediu para que ele parasse em frente ao portão dos caminhões. — respondi.

— Está parecendo castigo. Presta atenção, Isabela, algum motivo levou esse Ferrazzi a te punir dessa forma! Porque esse comportamento dele não tem outra explicação, falo isso porque já acompanhei muitos empresários de grande poder aquisitivo e nunca vi um CEO, milionário como seu chefe, entrar pela entrada de serviços em uma visita de uma das filiais. Mesmo se ele entrasse pela entrada de caminhões seria para o motorista ir com o carro e estacionar para ele descer diretamente no pátio, não lembra como o tio Antônio fazia? — a minha prima diz pensativa.

O Segredo do Meu Chefe - Livro 01-  [ Pausado]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora