Valentina
Ouço batidas ao longe, mas estou num sono tão gostoso que me recuso a acordar. A tempos não dormia tão serena assim, soube notícias de casa e caminhei bastante pelos arredores, só fiquei desconfortável na hora do almoço quando fomos ao refeitório e alguns dos homens ficaram me encarando. Assim que notei os olhares travei, lembrando daqueles três que me bateram logo que fui pega, olhei em volta para ver se encontrava algum deles, mas não. Na outra refeição que fizemos já não ouve mais os olhares hostis e consegui relaxar. As batidas insistentes continuam e me obrigo a atender.
- Tenho tempo livre, se quiser uma aula de tiro - levo alguns segundos para raciocinar o que Dante diz. "Odeio ser acordada!"
- Só preciso de minuto! - minto, suavizando minha cara fechada, de ranzinza para uma animação pura na mesma hora.
Olho tudo curiosa no estande de tiros, Dante arruma os alvos e escolho uma das pistolas para usar. Me posiciono e atiro algumas vezes, acertando 3 de 10 e todos na parte mais afastada do centro. Recarrego a arma, voltando a me posicionar de braços esticados apontando a arma. Dante se aproxima e levo um susto quando seus braços me rodeiam e segura meus antebraços.
- Controle sua respiração. Inspire e expire até relaxar - um arrepio sobe minha coluna quando escuto sua voz rouca tão próxima ao meu ouvido. Balanço a cabeça para espantar a sensação esquisita - O que foi? - ele pergunta
- Nada. E então? - tento continuar normalmente. Ele dá mais um passo e encosta seu peito em minha costas, ele baixa seu rosto e passa o nariz de leve em meu pescoço, inspirando meu cheiro. Um arrepio sobe pela minha nuca.
- Inspira , expira 1/4, tranca e dispara - ele sussurra em meu ouvido, dizer é fácil, mas como fazer isso quando um hálito quente junto com uma pontinha de bigode encostam em minha orelha fazendo meu corpo estremecer e meu coração bater como um tambor ?
- Esqueceu que estou armada? - tento baixar meus braços, mas ele ainda os segura me impedindo.
- Estou só ajudando você, pimentinha! - o filho da mãe ri, me esforço para voltar a me concentrar no alvo e atiro, acertando 7 de 10, sendo um bem próximo do centro. Desengatilho e descarrego a arma antes de soltá-la no balcão.
- Não acredito! - comemoro feliz olhando para os alvos furados. Dante me olha sorrindo parado ao meu lado de braços cruzados.
- Você é linda, Valentina! - congelo com sua direta - Fiquei fascinado por você desde a primeira vez que te vi - olho em seus olhos tentando decifrar se está sendo sincero ou querendo me enganar. Ele dá um passo em minha direção e eu recuo.
- É melhor eu voltar ! - fujo rapidamente, não estou gostando dessas novas sensações que ele está me causando.
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O miliciano e a dona do morro ( Brutos que amam - Livro 2)
Romance( Brutos que amam - livro 2) Para o miliciano Dante, ordem dada é ordem cumprida. Depois de receber uma tarefa de seu amigo capo fará de tudo para realizá-la, mas nada o prepara para os obstáculos que aparecem em seu caminho. OBS: Não é um romance d...
