Prólogo

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Evalin Ashryver Whitethorn Galathynius estava por um fio de transformar o navio inteiro em cinzas.
Faziam 8 semanas que velejavam por alto mar em direção à Prythian, 8 semanas que Evalin não sentia o cheiro de pinho e neve, 8 semanas que não sentia a sensação de seus pés pisando na extensão de terra gramada de Terrasen. Mas pelo que via à frente, talvez a viagem exaustiva e enjoativa tenha valido à pena.
A princesa herdeira de Terrasen ficou feliz quando sua mãe anunciou a notícia de que eles, junto de parte da corte, iriam velejar para a Corte Noturna. Evalin visitara uma vez o local quando tinha 2 anos, e se lembrava de poucas coisas, uma delas era o filho metido à charlatão do grão-senhor, que com 3 anos fizera Evalin cobrir de gelo a ala leste superior inteira da residência que estavam hospedados, mas a princesa também se lembrava de observar o céu noturno salpicado de estrelas com a brisa do vento fresco batendo em seu rosto. Era de longe a vista mais linda que já tinha visto. Sim, as 8 semanas no mar definitivamente valeriam à pena se isso significasse ver aquela vista novamente.
Acontece que quando Evalin, seus pais, Elide, Lorcan, Fenrys, Aedion e Lysandra embarcaram rumo ao paraíso de céu estrelado, a princesa não achara que 2 meses em alto mar seria realmente tão exaustivo. Durante as primeiras semanas, Evalin acordara ao alvorecer junto de Aedion e Fenrys para treinar combate corporal. Aelin e Rowan sempre fizeram questão de ensinar a filha que, embora ela tivesse um poder tão grande que seria capaz de apagar um continente inteiro do mapa de uma só vez se desejasse, era importante treinar as habilidades com armas mortais, o que também a ajudaria com o controle sobre o próprio corpo e a própria magia. Então desde que segurara sua primeira adaga com 03 anos, Evalin fizera questão de se aprimorar até conseguir derrotar tanto seu pai, quanto sua mãe e Lorcan no combate corpo à corpo. E em magia. O que aconteceu 5 meses atrás, quando a princesa descobriu da pior maneira possível o porquê de sua mãe ser considerada a Herdeira de Mala, Portadora do Fogo.
Logo, depois das semanas iniciais, a princesa herdeira não tinha muito o que fazer, às vezes auxiliava a navegação junto de seu pai ao mover o vento para que lhes favorecessem, às vezes pedia à Lysandra que se transformasse em uma serpente alada para que montasse os ventos. O que também fazia desde que a Rainha Manon Bico Negro lhe deixara montar sua serpente alada cheiradora de flores quando tinha 02 anos, o que resultou em uma briga entre a mãe e a bruxa. E às vezes, Evalin passava tempo com Fenrys, quando os outros casais, incluindo seus pais, tiravam um tempo para desfrutar do momento à sós. Evalin sabia que Fenrys tinha suas amantes, mesmo que ele nunca tenha apresentado nenhuma formalmente à corte, mas não importava, mesmo que séculos mais novo, ele era como Lorcan para ela, um tio.
A princesa estava sentada no convéns do navio principal enquanto afiava suas lâminas quando sentiu o cheiro da terra firme à vista. Levantou de súbito quando avistou o escudo reluzente em volta de Velaris, e quando olhou para o lado, Fenrys e sua mãe estavam ali, ambos com um sorriso enorme no rosto, enquanto Lysandra se transformava em uma serpente alada, e a princesa podia jurar que o animal esboçava um sorriso.

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