Capítulo 12

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Capítulo 12

Os dias que passaram foram tranquilos e estranhos. Harry não havia falado nada e eu não o incentivei a fazer o mesmo. Vivíamos como completos estranhos. Eu acordava e me enfiava no meio dos livros o dia inteiro parando poucas vezes apenas para fazer minhas necessidades ou para comer algo que eu sabia que meu corpo necessitava. Esse hábito de comer, pelo que percebi logo, era raro em mim, comia mesmo apenas para manter meu corpo funcionando adequadamente, eu não tinha fome e quando comia a quantia era extremamente pequena.

Quanto a Harry eu não sabia o que ele fazia, algumas vezes ele saia e voltava tarde, outras vezes ficava no quintal e por diversas vezes ficava trancado em seu quarto.

Quando eu estava terminando o penúltimo livro que encontrei referente à minha situação, Harry apareceu na sala e sentou-se ao meu lado na mesa entrelaçando os dedos e esperando. Depois daquele dia em que o vi tomando banho não nos falamos mais, não sei se ele sabe que eu estava na porta de seu banheiro, mas não ouvi mais sua voz desde então. Agora ele estava ao meu lado, esperando eu terminar minha leitura, coisa que eu fiz demoradamente, eu queria sua presença o máximo de tempo ao meu lado. Mesmo depois de ter colocado em minha cabeça que eu não podia mais sentir essas coisas por essa criança, eu ainda o queria. Saber que não devo fazer não quer dizer que não quero fazer.

Ele continuava ao meu lado esperando e o cheiro de sua loção pós-banho começava a invadir minha mente dificultando minha concentração. Depois de finalmente fingir terminar o livro, o deixei de lado na mesa. Entrelacei meus dedos igual à ele e aguardei que o menino falasse algo, mas quando percebi que não sairia nenhuma informação de seus lábios eu mesmo decidi começar a conversa.

- Se tem algo a dizer, diga logo de uma vez.

- Eu, assim como o senhor, estive pesquisando sobre seu estranho caso. E pesquisei muito se quer saber. Por isso não tenho falado com o senhor esses dias, primeiro para lhe dar um espaço que achei necessário para que pudesse saber o que houve consigo e também porque achei melhor não começarmos nada antes de sabermos mais. E por isso acho que precisamos começar a tentar recobrar sua memória e sua magia antes que seja tarde demais.

- Por que tarde demais? – Questionei sem confessar que por dentro eu havia me assustado com o que o menino disse

- Porque se o senhor não conseguir, a sua magia vai se extinguir. Por ser recente a sua magia ainda está dentro do senhor, mas não se manifesta, porém, se demorar demais, ela vai diminuir até não existir mais.

- E como o senhor pensa em fazer isso? Pelo que tenho visto – Indiquei os vários livros que li – Não é um processo fácil e ninguém conseguiu saber ao certo como as pessoas tiveram suas memórias de volta

- O processo não é tão complicado quanto parece, ao contrário do que pensa, eu também li os mesmos livros que o senhor, sei de tudo e sei que é difícil, mas precisamos começar tentando fazer seu corpo não esquecer que tem magia dentro dele.

- Alguma idéia de como podemos fazer isso?

- Apesar de ser completamente estranho, teremos que fazer um processo parecido com oclumência. O senhor ainda lembra o que é oclumência?

- Eu não conheço as pessoas ao meu redor, não me lembro de minha vida social, mas lembro-me de todos os feitiços e artes do mundo mágico, assim como também os lugares.

- Que bom, seria estranho demais tentar ensinar ao senhor sobre oclumência, afinal, eu não sou um exemplo de aluno dessa matéria. Bom, precisamos de espaço então vamos para o jardim

- Por que no jardim? Há espaço nessa sala

- Pois quanto mais o senhor estiver em contato com a natureza, que é a nossa fonte de magia mais poderosa, mas fácil será o processo. E precisamos de um lugar aberto.

Conhecendo o desconhecido (Snarry)Where stories live. Discover now