CAPÍTULO 19

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Damien desce as escadas, o som de seus passos ressoando contra as paredes de pedra da masmorra. Ele prefere a solidão, a companhia apenas de seus pensamentos enquanto caminha. Ao chegar, ele se detém diante de Josh, o guarda. Um aceno de cabeça é trocado entre eles, uma comunicação silenciosa mas entendida. Damien faz um sinal discreto, e o guarda compreende imediatamente, girando as chaves para abrir a porta da cela.

Anne está sentada em um banquinho de pedra, sua postura rígida e pensativa enquanto seus olhos se fixam na pequena janela da cela. A luz fraca que se infiltra pelas grades lança sombras sobre seu rosto, refletindo a solenidade do ambiente. Ela permanece imersa em seus pensamentos, talvez ponderando sobre o passado ou conjecturando sobre o futuro incerto.

O ruído da porta se abrindo rompe a quietude, mas Anne não se mexe, não desvia o olhar da janela. Ela está à espera de Amirah, a mulher que lhe prometeu voltar com vestes novas para que pudesse trocar as roupas desgastadas pela dura vida na masmorra. A expectativa de um simples gesto de bondade parece ser o único fio de esperança em meio à escuridão de sua prisão.

—Saudações, Anne. — A voz profunda e desprovida de calor faz com que um calafrio involuntário percorra seu interior. Seus olhos, seguindo a origem daquela voz, encontram a silhueta que se materializa das sombras.

Ele mantém a mesma seriedade de sempre, aquele olhar gélido que agora carrega um vislumbre perturbador, quase psicótico. Anne se recompõe no banquinho de pedra, tentando, em vão, aumentar a distância entre ela e o monarca.

Damien avança em sua direção, seus passos medidos, sem desviar o olhar penetrante dos olhos dela nem por um instante.


—Como tem sido seus dias aqui? Dificilmente me convencerá de que tem encontrado conforto neste lugar.—Ele provoca com um sarcasmo tão cortante que Anne sente o ódio borbulhar em seu íntimo.

—Qual o propósito de sua visita? Veio apenas para prolongar meu sofrimento e infligir mais dor, como tem feito desde minha chegada? —Ela indaga, desviando o olhar, incapaz de suportar a frieza em seus olhos.

Damien aproxima sua mão do rosto de Anne com uma lentidão calculada, cada movimento carregado de uma tensão palpável. Ela se encolhe ligeiramente sob o toque inesperado, seus olhos se fechando por um fragmento de segundo, como se para se proteger ou talvez para se esconder da realidade de sua situação.

Ele, no entanto, surpreendentemente, acaricia a pele dela com uma suavidade que contrasta com a dureza de seu olhar, seus dedos traçando os contornos de seu rosto como se memorizasse cada detalhe, cada linha e curva que compõem sua beleza aprisionada.

—Vim especialmente para te ver. Não te traz nenhum contentamento? —  Ele questiona, sua voz baixa e controlada, enquanto afasta uma mecha rebelde de cabelo do rosto dela, revelando mais de sua expressão vulnerável.

Lutando contra a maré de emoções que ameaça transbordar, Anne sente as lágrimas se acumularem, prestes a romper a barreira de seus olhos. Sua voz, quando ela finalmente consegue falar, é um sussurro carregado de desespero e um pedido silencioso por misericórdia.

—Deixe-me em paz, por favor. — Ela murmura, um apelo que carrega o peso de sua alma cansada e o anseio por um resquício de paz.

COMPRADA PELO REI Where stories live. Discover now