O início

122 18 20
                                    

Março de 1999

- Bem, a notícia que temos para lhe dar é algo bom. - o homem de jaleco entra sorridente na sala.

- Diz logo doutor, eu tenho pressa. - resmungou a mulher magricela.

- A senhora está esperando um lindo bebê! - o homem conta a notícia animado, mas quando vê o rosto da mulher perde a felicidade no mesmo instante - A senhora está bem? - ele mantém os olhos atentos no rosto ossudo e de aparência cansada da moça.

- Bem? Como eu posso estar bem com uma notícia dessas? - a mulher dispara - Eu não quero a droga de uma criança. Eu tenho muito a me preocupar com a minha própria vida, não tenho tempo para cuidar de alguém que só sabe babar e chorar. - ela se levanta aflita e segura os próprios cabelos.

- Ei, vamos conversar. Podemos acertar isso. Por favor, sente-se.

Após alguns segundos a mulher decide se sentar e até mesmo aceita um copo d'água, logo já explicando toda a situação para o doutor.

- Eu não quero e nem tenho condições de ser mãe. Eu sou garota de programa, vivo nas ruas e dou meu corpo para poder sobreviver. Não posso gerar uma criança e ser responsável por ela. Não quero.

- Entendo o seu lado e sua preocupação, mas podemos conversar sobre a gestação do bebê. - o homem busca um panfleto sobre a mesa e estende a moça - Olhe, aqui no hospital temos um programa de auxílio para mães desamparadas. Não me entenda mal, não estou dizendo para que você fique com o bebê contra a sua vontade. Quando os pais não têm desejo de ficar com o recém nascido, o orfanato da igreja quem fica com eles, mas para que isso aconteça precisamos monitorar a gravidez para ter todas as informações sobre a criança.

A mulher encarou o panfleto e ficou pensando sobre o que o homem disse. Gerar uma criança dentro de si para no fim, dar ela ao abrigo da igreja? Valeria a pena?

- Não é necessário que responda agora. Você está prestes a completar três meses de gestação e o aborto já não é mais uma opção saudável para o seu corpo. Pense sobre isso e nos diga o que desejar fazer. - ele sorri calorosamente para moça que ela se sente protegida e com algum valor significativo pela primeira vez - Antes de ir embora, passe na sala aqui ao lado e diga que eu lhe mandei.

Novamente o homem sorri e a mulher se levanta com o panfleto em mãos e sai da sala. Ela para por alguns instantes em frente a sala em que acabou de sair e olha para a própria barriga antes de prosseguir até a sala ao lado.

- Olá, em que posso lhe ajudar? - uma mulher de cabelos escuros surge de trás do balcão.

- O doutor aqui do lado - aponta com o dedão para a sala ao lado - disse que era pra eu vir aqui e dizer o nome dele.

- Ah! - a mulher abre um sorriso onde parecia existir mais gengivas do que dentes e vai até uma dispensa e logo volta com uma caixa de isopor em mãos e uma sacola - Aqui, faça bom proveito e se cuide. Se desejar, pode usar o refeitório do hospital. Fica na terceira porta à esquerda dobrando o corredor.

A mulher agradece e se retira indo em direção ao refeitório do local.

Janeiro de 2021

Para qualquer um, aquela tarde seria igualmente as outras que já haviam se passado. Mas para os dois garotos que moravam no subúrbio de Seoul, nenhuma tarde sequer era parecida.

- Yoongi, precisamos conversar. -Jimin diz adentrando o kitnet onde morava.

- Chegou cedo. Diz, aconteceu alguma coisa? - pergunta enquanto tira os óculos e levanta em direção a Jimin.

Dois de MimWhere stories live. Discover now