Como acordar uma princesa

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Kara acordou assim que o primeiro raio de sol atravessou suas cortinas, tomou um banho relaxante e vestiu um terno preto, blusa social branca e sapatos de couro.
Ela estava pronta para um dia que prometia arrancar sua paciência a base de tapas, literalmente se dependesse de Lena Luthor.

Ela ainda ficava surpresa com o quão pequena e raivosa aquela criatura poderia ser.

Lena não planejava dormir, ela realmente não planejava dormir e lá estava ela dormindo como um bebê naquela cama, ela se culparia por esse deslize, mesmo não sendo culpa dela, ela estava tão exausta da festa do Lex e então o sequestro e a luta com aquela babaca e o choque emocional e tudo pareceu uma enorme bola de neve que a fez desmanchar em um sono profundo.

— Acorde.

Kara disse suave ao entrar em passos silenciosos quarto a dentro e encontrando algo ou melhor um corpo escondido dentro dos cobertores, a única coisa realmente visível eram os fios negros. Acontece que absolutamente nada aconteceu.

Lena não era mesmo uma pessoa matutina, ela acordava mal humorada a maior parte do tempo e só acordava cedo porque era sua obrigação, mas dormindo ela não lembrava de nenhuma delas, exceto a obrigação de não ter seu sono interrompido.

Kara observou Lena se remexer e achou que ela fosse despertar, mas ao contrário do que ela pensou Lena somente se livrou das cobertas, quase zangada como se atribuísse a isso sua interrupção e continuou adormecida.

— Vamos, acorde...

Kara sussurrou enquanto sentava ao lado da cabeça de Lena na cama, aparentemente ela havia dormido com a mesma roupa da festa e esse problema seria resolvido hoje o mais rápido possível, assim que a princesa acordasse.

Lena se incomodou com um zumbido irritante e logo em seguida ergueu sua perna até a altura da barriga, em sua posição clássica para dormir e esquecer a existência do mundo.

Kara quase teve uma síncope assim que o movimento mostrou mais do que deveria sobre o vestido cortado de Lena, exibindo mais do que Kara poderia ver e céus, aquela calcinha era minúscula...
Kara respirou fundo, saindo da cama e olhando para aquele rosto sereno.

— Lena, eu mandei você acordar agora! — Kara disse autoritária, toda a suavidade indo embora.

Como em um clique a mente de Lena despertou e a memória de onde estava, com quem estava e de como chegou até lá invadiu sua mente, a deixando atordoada e em reação seu corpo se posicionou defensivamente para trás e quando ela percebeu quem a havia a acordado daquele jeito sua raiva matinal se triplicou.

— Bom dia, princesa! — Kara disse sorrindo torto ao ver os olhos verdes perdidos se tornarem ferozes.

— Bom dia, Napoleão Bonaparte! — Lena disse sarcástica.

— Levanta-se, nós vamos sair. — Kara afirmou, olhando para o prato intocado e logo o pegando para lavar.

— Eu não vou a lugar algum com você! — Lena exclamou.

— Sua roupa está na cabeceira. — Kara disse dando de ombros.

— Eu não sou um saco de batatas que você pode carregar para onde quiser! — Lena gritou se impondo e batendo com a mão espalmada no peito se Kara.

— Eu consigo tudo o que eu quero. — Kara disse suspirando pesadamente enquanto debatia de frente com Lena, tudo que eu quero é... — E o que eu quero é que você se vista, agora!

— Filha da puta! filha da puta! filha puta! Ah! — Lena dizia enquanto dava tapas pelo braço e peito de Kara e se assustou ao ver que ela jogou a bandeja contra a parede e logo em seguida a jogou com força na cama.

— Nunca. Mais. Me chame. De. Filha. Da. Puta. — Kara disse entre dentes, caindo com força sobre o corpo de Lena e a prensando contra a cama.

— Babaca. Cretina. FILHA DA PUTA! — Lena cuspiu em bom tom cada um dos adjetivos com as bochechas vermelhas enquanto se debatia com raiva do corpo que cobria o seu.

— Geniosa! dormindo é um anjo, acordada é um diabo. — Kara sussurrou abismada, afinal Lena era minúscula, mas fazia um grande estrago, seu rosto ainda estava dolorido de ontem e ela segurou os pulsos de Lena em frente ao seu rosto antes de ser estapeada.

— Brutamontes! vai me bater? — Lena perguntou com raiva ao ter seu corpo e pulsos imobilizados, até conseguir soltar uma mão e desferir um belo tapa na pele dourada.

— Há... Como pode não ser russa?! com esse temperamento... — Kara riu sarcástica com a ponta da língua encostando no dente em um sorriso sanguinário e perguntou hipnotizada.

— Quantas mulheres irlandesas já conheceu? — Lena questionou arfando pela luta corporal e descansando as mãos livres na cama ao lado de sua cabeça.

— Você é suficiente. — Kara afirmou convicta enquanto pressionava seu corpo contra o de Lena em um aviso, até seus rostos ficarem próximos e Lena suspirar, fazendo Kara levantar de supetão. — A espero lá embaixo para o café da manhã, princesa!

Kara disse autoritária e com um sorriso cafajeste estúpido, não demonstrando importância alguma aos acontecimentos anteriores, saindo do quarto e deixando a porcelana quebrada no chão e uma Lena com o corpo queimando em ódio na cama.

Lena se jogou na cama de braços abertos e suspirou frustrada, derrotada é uma palavra muito forte que não se aplicaria a uma Luthor; por mais que ela tenha momentâneamente esquecido do presente feito a mão que havia guardado debaixo da cama enquanto estava lutando contra Kara, quando diga-se de passagem defesa corporal estava em sua grade curricular desde os quatorze anos.

Despertando do controle de um quase ataque de raiva, ela andou lentamente até o banheiro, onde tomou um demorado banho e caminhou até a pilha com peças de roupas separadas para a saída e segurando as peças em mãos, Lena sorriu diabolicamente.

— Você demorou... — Kara resmungou enquanto lia um jornal, despertando com os ecos dos saltos se aproximando da mesa.

— Foda-se. — Lena disse dando de ombros e olhando para a mesa farta de café enquanto flagrava Nia segurando o riso pela resposta afiada.

— Cuidado com a boquinha suja, eu não gostaria de ter que limpá-la com alvejante... — Kara alertou.

— Eu vou enfiar o alvejante no seu-

— Não temos tempo para as suas birras, você demorou e agora não terá tempo para o café. — Kara disse simples, interrompendo Lena.

— Ótimo, eu não costumo tomar café. — Lena retrucou se irritando pelo fato de estar recebendo ordens de alguém que nem a olha no rosto.

— É a refeição mais importante do dia... — Kara afirmou alertando em um tom firme.

— Kara me disse que você não comeu? — Nia comentou em um tom leve. — eu gostei do que fez com o vestido... ficou bem atraente!

— Ela também disse que quebrou a porcelana quando jogou ela contra a parede? oh, mas isso foi antes de me j.. — Lena questionou seria e sua expressão se aprofundou ainda mais ao ser interrompida outro vez.

— Chega! — Kara disse firme se colocando de pé e finalmente destinando sua atenção a Lena — oh, uh? uau...

Kara tentou manter a indiferença habitual e não dar atenção a Lena, mas a verdade é que ela estava deslumbrante naquele vestido azul de Nia, era um modelo simples e leve, ótimo para dias de passeios ensolarados, mas o tecido que ia até os pés agora tinha dois cortes horizontais, além do decote.

— Gaguejando, chefe? — Lena provocou com um sorriso vitorioso.

— Hum... não! só... vamos! — Kara tentou retomar a posse imbatível outra vez, andando para fora da cozinha.

— Eu já disse que não vou a lugar algum com você! — Lena disse entre dentes enquanto batia o pé no chão.

— Vamos.

Kara disse firmemente autoritária, mas ao invés de carregar Lena como uma mercadoria que ela pudesse transportar, um saco de batatas como ela mesma disse, segurou em seu braço e a puxou para fora da mansão, é realmente séria um longo dia.

A Primeira DamaOnde histórias criam vida. Descubra agora