Capítulo XII

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" Você o que?! "Foi a primeira coisa que escutei de Hugo após contar a ele tudo que se passou comigo e Bernardo em minha casa, a segunda foi:

— Você ficou louca porra? Traumatizou o menino a custo de que? Seu satanás em terra!

— Hugo... — Respondo perdendo minha paciência.

— Coelhinha trepa trepa, passou dos limites! Você tem que se desculpar com o garoto.

— Nem por um milhão de caralhos!

— Ah você vai, vai sim, nem que eu te leve até ele pelos cabelos, arraste você por metade da cidade, e faça você falar a base de choque, você vai!

Já estava arrependida de ter contado a ele o que aconteceu. Quando encontrei com ele na manhã seguinte ao ocorrido, fiz ele bolar as primeiras aulas para lhe contar de toda raiva que passei, — lógico que escondi os detalhes sórdidos — só não achei que contar ao meu amigo só resultaria em mais estresse.

— Me desculpar por algo que não é culpa minha? Qual o sentido?

— Verônica, a única culpada nessa história toda é você. Pelo que você mesma me contou, ele nem mesmo queria se aproximar até você o agarrar só pra depois expulsar ele a ponta pés.

— Ele que não me disse que era virgem.

— Você que não perguntou antes.

— Eu tenho que perguntar?!

— O garoto cora só de perceber que você o está encarando e você realmente achou que ele um dia pudesse ter tido qualquer espécie de relação sexual? Você devia ter no mínimo duvidado.

— Eu não pensei nisso! — Brado irritada.

— Não use a desculpa que você mesmo não aceitou dele.

Bufo irritada e começo a andar de um lado para o outro tentando me controlar para não socar Hugo aqui e agora.

Caralho, achei que ele ficaria do meu lado!

— Ótimo! Só você mesmo para transformar toda essa palhaçada em culpa minha.

— Seja racional, Verônica, toda essa palhaçada sempre foi culpa sua.

— Vai pro inferno, Hugo!

— Vou, mas depois de trazer a razão a toda essa história...

Ao contar para Hugo sobre como tudo havia se passado, realmente achei que ele fosse perceber o mesmo que eu achei que já sabia, o quão Bernardo é cínico e carente, mas ao contrário, ele fez foi ter pena do garoto e me responsabilizar por tudo.

E se ele estiver certo e eu realmente errei? Droga.

— Me parece que você mesmo esqueceu o que fizeram com você quando você perdeu a sua virgindade. — Ele diz em um tom leve, mas repreendedor.

Merda, ele tinha que lembrar desse episódio.

Quando perdi minha virgindade, aos 14 pra 15 anos, estava apaixonadinha na menina, achei que as coisas entre a gente ficariam sérias e me entreguei para as promessas feitas para mim.

Não muito tardiamente descobri que foi tudo para me conquistar e que na verdade ela só queria algo casual, de uma vez. Só não descobri isso antes de correr atrás dela como uma trouxa e receber um discurso barato dela.

Um dos meus maiores arrependimentos.

Superei e esqueci há séculos, mas é lógico que Hugo não.

— Será que vou ter que te lem...

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