Capítulo XIX

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Deixei meu orgulho de lado, dei meu braço a torcer e por alguns segundos eu achei que Verônica faria o mesmo. Naquele quarto quando eu finalmente a beijei e ela deixou, quando me correspondeu, quando a gente se tocou daquele jeito, eu realmente achei que nossas guardas iam baixar.

Quando o beijo terminou e fitei seus olhos eu achei que era recíproco, então eu disse, disse que queria ser dela, seja lá o que isso fosse significar, eu estava disposto a correr o risco, mas como se algo tivesse se apagado dentro de Verônica, ela se afastou e voltou a ser a mesma garota de sempre e eu entendi, deixei quieto, resolvi esquecê-la de uma vez e dessa vez estava disposto a levar a sério, mas aí ela aparece de novo, cobrando algo de mim que ela mesmo negou, parecendo ter uma crise de ciúme.

É sempre assim, eu tento expulsá-la de mim, mas quando sinto que vou conseguir ela reaparece fazendo-se presente na minha vida, pensamentos, me dando noites de insônia enchendo minha cabeça de com dúvidas.

Assim que ela saiu da sala eu pensei em ir atrás dela, mas resolvi ficar, pelo bem da minha sanidade mental. Não posso mais ficar nesse vai e vem com ela. Sem saber se ela quer, ou se só gosta da adrenalina de toda a confusão que causamos. Verônica já deixou muito claro sua posição em relação a mim, eu que fui trouxa de voltar e voltar, hipnotizado pela sua sedução e toque.

Sou acordado dos meus pensamentos quando Ana se senta ao meu lado com a expressão desanimada, olheiras de baixo dos olhos que pareciam estar muito longe daqui. Ela já chega se encostando em mim, apoiando sua cabeça em meu ombro e agarrando meu braço como apoio.

— Ana?

Ela grunhe algo de volta.

— Você tá bem?

— Não.

— Ainda sobre sábado?

— Sim.

— Pensei que ele tivesse se desculpado.

— Se desculpou.

— Então qual é o problema, Ana?

Minha amiga respira fundo e afunda sua cabeça em meu pescoço como se quisesse se esconder.

— É complicado.

— Eu que o diga. — Suspiro de volta finalmente prestando atenção na aula.

Não vi Verônica pelo resto do dia, nem para buscar sua mochila na sala ela voltou quando as aulas acabaram.

Saindo da escola eu segui com Ama para sua casa preocupado com seu estado. Seu desânimo e falta de coragem não era normal, mesmo para atual situação, ela não parecia disposta a me contar o que estava acontecendo, mas não podia me impedir de ficar ao seu lado. Quando chegamos em sua casa nos deitamos na cama encarando o teto enquanto o almoço não ficava pronto.

— Sabe, nada disso estaria acontecendo se Verônica não tivesse te ajudado aquele dia na escola. — Ana solta quebrando o silêncio entre nós.

— Eu nunca teria conhecido ela e nem você o Hugo.

— Sim.

— É isso que você quer? Nunca ter conhecido ele?

Ana fica alguns segundos pensativa, como se precisasse ponderar suas próximas palavras.

— Não, não é isso.

— Eu também não. — Admito.

— Por quê?

— Mesmo Verônica tendo feito tudo que fez, não é como se eu não tivesse minha parcela de culpa. Além do mais, eu finalmente aprendi a me defender com ela, na base da "porrada", mas aprendi.

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