Capítulo 6

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Amanheceu chovendo, os pingos melancólicos batendo copiosamente contra a calçada. Isso perdurou a manhã inteira.

Tess passou as primeiras horas da manhã sentada na cozinha, de roupão, escutando a chuva e tomando xícaras de café. Sua participação na missão consistia em alugar um carro, apanhar o cliente num determinado hotel no Brooklyn e dirigir até a marina. Apesar da simplicidade, ela mal conseguira dormir naquela noite e ao levantar, às cinco horas, sentia a cabeça pesada e o estômago embrulhado. Preparou um bule quente e forte e sentou-se para esperar o dia amanhecer.

❆ ❆ ❆

Enquanto atravessava o Queensboro Bridge, ela avistou as águas turvas lá embaixo, desejando que Liam Grant pudesse estar ao seu lado. Tinham feito o mesmo trajeto no dia anterior, enquanto ele lhe dava instruções. Tudo parecera simples então.

Depois que tivesse alugado o carro, ela teria que informar o número da placa para um número de telefone. Quando indagara sobre o cliente, Liam lhe contara uma história intrincada sobre conspiração.

❆ ❆ ❆

Pontualmente às duas horas da tarde, Tess estacionou a SUV alugada junto ao meio-fio na frente do hotel. Pelo espelho lateral ela viu um estranho adiantar-se. Um homem com 60 e poucos anos, uma aparência distinta e comum. Não havia nada que indicasse que ele estava envolvido em alguma conspiração.

Uma vez instalado no banco traseiro, ele olhou diretamente para os olhos dela, através do espelho retrovisor. Voltou-se para a janela e murmurou, mais para si mesmo:

—  Uma garota.

Surpresa? Desapontamento? Mas não era mais uma garota.

Quando chegaram à marina, o cliente saltou do carro, voltou-se para lançar-lhe um último e enigmático olhar, antes de afastar-se apressadamente pelo píer. Tess acompanhou-o com o olhar, pensando na história que Liam lhe contara. Mais além, o mar estava cinzento e revolto.

Um dos barcos atracados no píer levaria o cliente para um destino secreto. Tess se perguntou se Liam estava no barco.

Ia dar a partida, quando ouviu a porta do carro se abrir. Por um instante ela pensou que o cliente houvesse voltado, mas foi surpreendida por dois homens. Antes que tivesse plena compreensão do que estava acontecendo, um deles comprimiu um lenço úmido contra o seu rosto.

Foi a última coisa de que ela teve consciência.





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