Capítulo 24

566 96 232
                                    

Olá. Antes de mais nada, quero compartilhar uma dúvida da minha querida leitora GreiceKelly203, que será a primeira a chegar aqui, deixando uma pequena enquete para vocês responderem: Com quem vocês acham que a Tess deve ficar, Jake ou Liam?

Então vamos à leitura? Este capítulo pode ajudar a chegar a uma resposta.


Liam Grant estava no apartamento da GE, na Terceira Avenida, junto com uma equipe de limpeza fazendo uma varredura nos cômodos; atrás de artefatos eletrônicos.

Um cliente importante chegaria das Bahamas naquela tarde e nada podia sair errado. Viria em seu próprio avião e para manter o anonimato, recusava-se a hospedar-se em hotéis. Liam foi falar com o zelador.

—  Não quero ninguém aproximando-se do andar, até segunda ordem.

Ninguém olharia duas vezes para o homenzinho magro e enrugado, que aparentava ser exatamente o que era: o zelador. Mas ele nunca esquecia um rosto, um nome ou uma data.

—  E se o JK aparecer?

Liam franziu a testa, intrigado.

—  Jake?

—  Só soube que ele estava aqui naquela ocasião porque tive de subir e mandar consertar a porta do quarto.

Liam não estava entendendo nada mas sentiu que era importante.

—  Quando? Que houve com a porta do quarto?

—  Há três anos, quando Tess se mudou para cá. Juro que não o vi passar pela portaria nem uma vez.

—  Que houve com a porta? — insistiu Liam.

—  Ora, tinha sido arrombada! — Ainda havia espanto na voz do zelador.

Liam ouviu, a incredulidade aumentando. Lembrou-se de uma coisa.

Já soube quem está de volta?

Você.

Jake Kyle. Posso apresentá-los, se você quiser.

Tenho certeza que vou encontrá-lo por aí, mas obrigada.

Quando na verdade tinham passado a noite juntos. Miseráveis. Os dois!

❆ ❆ ❆

Havia um telegrama à sua espera, quando Jake chegou à agência naquela tarde. Ele foi até a sala de arquivos e o abriu.

Permaneceu um longo tempo sentado, os pensamentos se agitando, até se acalmarem. Depois de todo aquele tempo, ela resolvera procurá-lo. Por quê? Quando finalmente estava pronto para esquecer, ela voltava.

❆ ❆ ❆

Enquanto isso, Liam estava com o cliente das Bahamas. O homem tinha um gênio explosivo e maneiras rudes. Era enorme, com a basta cabeleira ruiva grisalha nas têmporas, olhos azuis frios e uma barba ruiva espessa. Parecia um Viking. Mas era um Viking com grana.

Liam teve de recorrer a todo seu charme para aplacar o mal humor do cliente e deixá-lo satisfeito. Quando conseguiu finalmente livrar-se do Viking e retornar à agência, no final da tarde, ele esgotara a paciência e o charme sucumbira ao mal humor. Ao encontrar Mel em sua sala, sentada em sua cadeira, explodiu:

—  Tire seu rabo daí. AGORA!

Ela não se mexeu. Depois de um tempo, sacudiu um pedaço de papel, antes de começar a guardá-lo.

—  Isso chegou para o Jake. Achei que se interessaria, mas já que...

—  Desculpe — pediu Liam depressa. — Tive um dia péssimo. É claro que me interessa.

Armou um sorriso e estendeu a mão. Relutante, Mel lhe entregou o pedaço de papel.

—  Tive o maior trabalho para ler o telegrama, sem que Jake suspeitasse, mas me saí bem. Anotei aí o que estava escrito.

Liam estava lendo a mensagem, tentando encontrar um sentido para as palavras: ENCONTRE CATARINA POR DO SOL. TRAGA CONHAQUE.

—  Procurei-o o dia todo, mas você não atendeu minhas chamadas.

—  Eu estava ocupado atendendo o diabo — murmurou Liam sem tirar os olhos do papel.

—  Quem será essa Catarina? 

A voz de Mel continuou, mas Liam afastou-a para longe, concentrando-se em ler o que não estava escrito naquelas linhas. Catarina devia ser o ponto de encontro: um bar, restaurante... podia ser qualquer lugar. O que não fazia nenhum sentido era a menção ao conhaque. Mas ele sabia, por instinto, que cada palavra implicava um significado.

—  Cadê o Jake?

—  Saiu há meia hora.

Portanto, ele teria que decifrar a mensagem sozinho. Liam olhou pela janela. Não demoraria para o sol começar a se pôr.

❆ ❆ ❆

Jake caminhava devagar pelo píer, sentindo o vento frio do mar em seu rosto. Era uma das raras ocasiões em que ia a um encontro sem sua arma.

Julgara estar curado da emoção, inteiro outra vez. Mas, inesperadamente descobria que não estava acabado, a emoção sempre estivera presente, nas missões, impelindo-o a arriscar a vida cada vez mais, sem se importar se viveria ou morreria.

Sua vida toda fora separada em compartimentos e era como se cada compartimento pertencesse a uma pessoa diferente. Não tinha o hábito de refletir sobre o passado, mas sempre soube que chegaria o dia em que teria que responder por ele. Talvez tivesse chegado o dia. E já que começava pelo fim, podia vislumbrar como tudo acabaria, quando os compartimentos se fundissem.

No final do píer, o efeito espelhado da água refletindo no casco com o nome Catarina, ele subiu a bordo, esvaziando a mente de tudo. Só assim estaria inteiro para ela.

—  Jake...

Ele se virou. Não foi capaz de transformar em palavras a emoção, como não transformara, quando ela partiu. Ela mudara. Era como se tivesse ido do céu ao inferno e voltado, mas não inteira. Havia uma maturidade de que carecia antes, uma força e uma dor que eram novas.

—  Que aconteceu, Tess?

Ela entendeu. Jake não procurava uma resposta para seu desaparecimento, mas para sua volta.

—  Helen Finney.

De repente, foi como se o tempo não tivesse passado. Ele estava de volta à agência e o diretor lhe revelava quem era Tess na verdade.

Ela acredita que Helen Finney seja capaz de fazer-lhe mal, mas não revela o motivo.  

Era como se o tempo todo a sombra de Helen Finney pairasse sobre Tess, afetando suas ações e decisões. E agora, de alguma forma, trouxera Tess de volta.

—  Ela levou o meu filho. Preciso de sua ajuda para trazer meu filho de volta.


Alguém aí adivinhou que a Tess tivesse tido um filho?

Pois é, ela teve, mas a Helen... ela mesma. Que será que aconteceu?

Vamos descobrir?

Sombras do PassadoWhere stories live. Discover now