Capítulo 34 - Esperança.

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Capítulo 34 — Esperança.

Eduardo não conseguiu fazer com que nenhum deles o escutassem. Monique tinha saído do estado de ataque de nervos para uma completa desilusão. Ela não queria se aproximar mais e agora andava com pressa para longe dele.

Michele abraçou a amiga e pegou suas coisas. Eduardo não queria que fossem embora tão rapidamente, mas não teve escolha. O portão não tinha sido fechado desde que chegaram, então apenas os seguiu enquanto saíam de sua casa.

Não ligava para o que Murilo inventava sobre si, muito menos sobre o que Michele estava pensando nesse momento. A única pessoa que se preocupava verdadeiramente, era Monique. A namorada não merecia estar sofrendo tanto em uma noite que seria dedicada a ela.

Mal teve a oportunidade para dizer o quanto queria estar na vida dela e entregar as alianças. Queria que tudo fosse diferente e que a noite fosse agradável. Pensou que fazer aquele jantar realmente o aproximaria do cunhado. Tinha boas intenções desde o começo, assim como teve ao falar com Michele.

Agora, já sozinho em sua casa, se arrependia do modo que falou. Nunca teve intenção de invadir a privacidade de Michele e um dia sabia que a moça entenderia aquilo. E agora, era Murilo que devia uma para ele. O rapaz não tinha direito de levantar aquelas falsas acusações. E Michele notavelmente tinha se sentido coagida a concordar com o mentiroso mirim. Não deixaria aquilo barato e insistiria o quanto precisasse para que Monique o ouvisse.

Eduardo pegou as chaves de seu carro e saiu com pressa. Iria até a casa da namorada porque sabia que era para lá que provavelmente iriam. E assim percebeu que seu palpite estava certo ao estacionar e ver que os outros já estavam na casa.

Tocou o interfone até que alguém atendesse. E para o seu azar, era Murilo que falava. O cunhado não aceitou que entrasse e teve que continuar a insistir. Eduardo permaneceu em frente ao portão até perceber que estava chuviscando.

Foi até o carro procurar algum guarda-chuva e não encontrou, então sua opção foi permanecer dentro do carro. Agora a chuva engrossava e preferiu ficar dentro do veículo enquanto esperava passar. Em seu celular, tentou ligar para o número da namorada, mas em poucos minutos ela já não recebia chamadas.

Se perguntava se a própria Monique teria desligado o celular ou se algum dos dois cúmplices tinha feito isso. Não podia culpar a namorada por não ter escolhido lhe ouvir quando sabia que qualquer alteração que mexesse intensamente consigo não a deixava raciocinar. Ainda mais agora que tinha a certeza de que ela não estava tomando os remédios.

Monique não sabia esconder as coisas. A namorada tinha uma ingenuidade que em muitos momentos beirava à inocência de uma criança. E era justamente por isso que queria lutar por ela, que resistiria por ela.

♢♦♢

Carlos conferia se tinha desligado o fogão, verificava se nenhuma torneira estava pingando antes de desligar as luzes da casa para ir se arrumar para dormir. Nos últimos dias andava alheio às coisas e precisava redobrar o cuidado para que não houvesse nenhum acidente na casa por pura distração.

Procurou Kid e o encontrou de frente à porta da sala. Não entendeu de primeira se ele estava pedindo para sair para fazer as necessidades ou se ele estava com medo dos trovões. Então se aproximou e se abaixou próximo dele, fazendo carinho em seu pescoço e dizendo baixinho:

— Tá tudo bem. A chuva já passou. Você quer ir dormir com o papai hoje? Você tá limpinho, tomou banho hoje e tá todo cheiroso... — Falou, acariciando o cão e vendo que ele choramingava ainda olhando para a porta, não parecendo estar com medo e nem apertado. — Ah. Eu entendi agora... A gente precisa superar isso junto, filho. Eu também tô com saudade dele.

Indigente [COMPLETA]Where stories live. Discover now