Your Little Butterfly

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*Maísa Pov

Minha consciência voltava aos poucos enquanto eu abria lentamente os olhos e me perdia na confusão de ver o teto cor rosa bebê do meu quarto.

Como diabos eu havia chego ali? Minha última memória envolvia uma ideia muito idiota de subir num palco e roubar um microfone, tudo enquanto completamente bêbada. Espera ai-

Santo caralho de asa, não era só uma ideia, era?

Depois disso quase toda a noite foi sendo recapitulada na minha mente.

O abandono de Jean. (filho da mãe desgraçado)

A bebida.

Larissa.

A meu deus, Larissa.

O que diabos eu falei pra ela? E pior, na frente de toda aquela gente. Com celulares. Com câmeras. Conectados na internet.

Santo Deus padroeiro das adolescentes bêbadas.

O que seria da minha reputação na escola? E se meus pais soubessem disso? Eu não quero nem pensar nessa possibilidade.

Na real, quer saber? Que se dane as consequências. Cansei de engolir sapos e ser tratada que nem idiota por gente que nem a Larissa Manoela. Tá mais que na hora de eu começar a aproveitar meu último ano de escola, e aquela festa era só o começo.

Não lembro absolutamente nada do que eu disse para a Larissa, mas sinceramente espero que sejam as palavras mais feias e ofensivas que a minha mente consegue projetar.

Que não são muitas, mas ainda sim mais do que eu jamais falei para uma valentona como ela.

Tomei coragem para começar meu dia e tirei as costas da cama, mas me arrependi amargamente. Senti uma dor de cabeça infernal que fazia minha testa latejar. Botei as mãos no rosto fazendo uma leve massagem numa tentativa de aliviar a dor, mas que foi em vão.

Mas assim que olhei para o relógio para ver as horas (que milagrosamente não haviam passado do horário de entrada da escola) vi uma cartela de remédios para a dor, um copo d'água e um bilhete com letras quase ilegíveis (mas familiares).

Querida amiga...

Po foi mals por te largar na festa sozinha, gatinha, foi mancada mesmo :/

Te deixei em casa e levei pro seu quarto, mas você não parava de cantar Katy Perry e começou a jogar almofadas em mim, então achei melhor deixar vc sozinha e ir pra casa.

Coloquei esse remédio que achei no seu banheiro porque aaaalgo me diz q vc vai precisar :)

Com amor, Jean ♥️

Own, que fofo. Ele até merece um abraço, se sobreviver às facadas que eu vou dar nele assim que botar meus olhos no indivíduo.

Querendo aliviar as dores intensas, eu prontamente coloquei o remédio na boca e bebi a água, que já estava quente, mas que aliviou a secura na garganta que eu nem tinha sentido até agora.

Carreguei a carcaça que eu chamo de corpo para o banheiro com dificuldade, e me despi completamente, entrando no box rapidamente.

Vi a hora no relógio que tinha na bancada e calculei quanto tempo tinha para me arrumar para a escola, e suspirei aliviada ao ver que dava para tomar um banho logo.

E só Deus sabe o quanto eu precisava de um longo banho.

Liguei a torneira no nível mais quente possível e deixei a água pelando cair nas minhas costas exaustas, e o prazer de sentir meus músculos tensos relaxando era inexplicável. Como existem pessoas que não gostam de banho quente? Isso não sei.

Aposto que a Larissa Manoela toma banho frio, assim como o sangue dela.

Larissa Manoela. Como que eu ia encara-la na escola hoje? Como eu ia encarar qualquer dos meus colegas? Aquele lugar tava completamente lotado de estudantes de todos os lugares. Literalmente todos. Inclusive eu tenho quase certeza que vi a moça da cantina no meio da multidão dançando uma hora.

Mas isso era o mínimo dos meus problemas, considerando que minha ressaca não me deixava nem olhar diretamente pela luz do sol que entrava pela janela sem querer arrancar meus olhos fora.

Terminei meu banho e coloquei a minha roupa, sem perder tempo com maquiagem ou qualquer outra vaidade. Apenas peguei minha mochila, um par de óculos escuros e o boné do meu pai, que é preto com uma abelhinha tonta segurando um copo de cerveja.

Irônico.

Saí me esgueirando como uma criminosa pela casa até chegar na cozinha, agradecendo por meu pai já estar no trabalho e minha mãe não estar ali, talvez tivesse ido no mercado.

Engoli qualquer coisa que eu conseguia olhar sem meu estômago embrulhar e arrumei tudo que precisava para ir até o ponto de ônibus.

Puta merda, o ônibus.

Eu não tinha a cara de pau de pegar o ônibus com 30 pessoas ou mais agora, e mesmo se tivesse, aposto que a Larissa Manoela ia estar na porta me esperando com uma garrafa de 1 litro de óleo de peroba para jogar na minha fuça.

Fiquei plantada na porta de casa igual a uma samambaia pensando em outro jeito de chegar na escola, mas todos haviam um problema.

1- carro: não sei dirigir

2- carona: não tenho amigos além de Jean, que vai de ônibus para a escola pra não gastar gasolina nem pneu (pão duro)

3- bicicleta: talvez...?

Eu não ando de bicicleta há séculos, aliás, a única que eu tenho aqui em casa é uma pequenininha da Barbie, com brilhos e borboletas no guidão, completamente cor de rosa.

É óbvio que eu não vou usar essa coisa.

De jeito ou forma.

Nem em um milhão de anos e ohmeudeus o ônibus ta chegando e a Larissa Manoela tá na janela e puta merda ela tá me olhando e oh porra ela olhou nos meus olhos e-

Bicicleta da barbie, aqui vamos nós.

Peguei aquele projeto de bike enchi o pneu da forma mais porca possível devido ao meu estado mental atual e montei na bicicleta, arrancando da minha varanda para a rua.

Apesar de a bicicleta ser ridiculamente infantil para uma menina de 18 anos e meus joelhos estarem batendo no guidão, isso poderia estar indo muito pior.

Eu consegui avançar pela rua sem problemas, se ignorar as olhadas esquisitas e as risadas disfarçadas, e cheguei no último sinal que levava a porta da minha escola.

Fui atravessar com a bicicleta, porém, na mesma hora, uma senhora passou na minha frente.

Notei que havia um sininho preso no guidão, e apertei, com esperanças de alertar a moça. Porém, eu acabei alertando foi qualquer forma de vida há pelo menos 3 galáxias daqui, pois o que eu ouvi não foi um barulho de sino.

🎶ay ay ay I'm your little butterfly🎶

Todo mundo, e eu quero dizer todo mundo! No pátio da escola e na rua olhou para a direção da música e começou a rir.

E foi ali que a minha dignidade e vontade de viver se esvaiu, igual ao ar que sai de um balão furado.

É isso, eu vou matar o primeiro ser humano que aparecer na minha frente.

-Oi gatinha! A dor de cabeça passou?


~~

Notas:

Voz da bruxa do pica pau: e lá vamos nóoos...

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⏰ Terakhir diperbarui: Jul 11, 2022 ⏰

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