Primeiro dia de aula é sempre uma bosta. E será sempre, mas estranhamente eu estava animada, pois pensava que com Oha seria diferente. Pelo menos era o que eu pensava até minha decepção aparecer exatamente ali. Ele chegou acompanhado da perfeitinha da Gia. A sensação? Raiva e puro ódio.
Mesmo assim não consegui ficar parada quando Guta decidiu atormentá-lo. Depois? Não suportei ficar por ali sabendo que o meu namorado estava na porta ao lado da minha, no corredor ao lado do meu, e eu não queria vê-lo. Então eu saí, a princípio sem rumo e quando dei por mim tinha a minha companheira de todas as horas (uma garrafa de vinho tinto) e estava no portão da casa dos avós. Coragem para beber? Nenhuma. Vontade de chorar? Toda. Mas algo me impedia. Talvez o facto de não ter razão, eu não tenho certeza.
Quando Ohano chegou eu quis e realmente até tentei ser fria mas o resultado era apenas uma garota que se encontrava perdida dentro de si própria com a mistura de sentimentos mais dura que havia: amor e insegurança. Assim que ele disse que Gia já sabia de nós, eu me deixei levar pela emoção mas no fundo eu sabia que a batalha entre eu e ela havia apenas começado. A diferença entre nós é que para mim, Ohano não fazia parte desse jogo.
Voltamos para casa conversando sobre bobeiras e assim que ele desceu do carro com a sua mochila na mão e eu saltei para cima dele toda feliz eu tive a certeza que não importavam os problemas que viriam e nem os nomes desses problemas, pois eu ia ser dele eternamente.
Mas o que não esperávamos era entrar na casa e encontrar uma das piores visões possíveis, que tivesse poder de apertar nossos corações com tanta tristeza. Vicky estava chorando e Gia segurando suas mãos, quando Ohano olhou para mim triste e sussurrou:
- Eu acho melhor ires sozinha até a Bela Flor, deixa que eu resolvo isso. - ali eu entendi o que tinha acontecido... ela havia contado tudo para Vicky sobre a gravidez.
- Juntos em todos os momentos, bons e maus, lembras-te ? - pergunto agarrando suas mãos e levando-o para frente do sofá onde Vicky se encontrava. Oha sentou-se ao lado da mãe e eu sentei na frente deles encima da mesinha da sala.
- Porque não me contaram? - ela pergunta e Gia toma por direito passar a frente de Ohano.
- Com certeza essa daí não deixou. - diz e eu rio.
- Eu queria ter certeza. Um filho não é brinquedo mãe e eu não queria alarmar-te. - Ohano diz cabisbaixo e eu ergo sua cabeça com as mãos encorajando-o.
- Alarmar Ohano? Um filho! Eu deveria ser a primeira a saber! - diz Vitória se levantando furiosa.
- Sem provas mãe? - Ohano eleva a voz junto com Vítoria.
- Sem provas? A Gia diz que fez o teste a mais de 2semanas. - ela diz e Gia entrega o teste para Ohano que me olha assustado. E em um simples abanar de cabeça eu entendo tudo.
- E por que não mostras-te? - pergunto contendo a minha raiva.
- Não interessa Laura. A questão é porque Ohano não me disse. - Vicky diz ainda triste e desapontada. - Não confias mais em mim?
- Não é isso mãe. - Ohano diz passando a mão em seus cabelos.
- Todo mundo tem seus segredos Vitória. E cada um sabe a hora certa para revelá-los. Não se trata de confiança e sim de certezas. - digo e vejo seus olhos desapontados me darem razão enquanto Gia me observava com raiva.
- Ohano eu preciso falar contigo. - Gia diz e me olha. - A sós.
- Antes Gia, a conversa vai ser comigo. - digo agarrando seus braços e levo-a até o quarto de Ohano
- Pelo visto já conheces a casa toda, uma puta realmente não perde tempo. - ela diz tentando me provocar.
- Porquê contaste pra Vitória? - pergunto firme.
- Sei lá. Talvez por que eu quis? - diz sorrindo sínica - É assim que dizes, não é?
- Gia eu não quero gritar contigo. Então diz que pohha fizeste! - minha voz sai alta e dura assustando-a.
- Tu pensas que me conheces, Laura. Mas ambas sabemos que não. Eu sou mais esperta do que tu. - diz simples e em segundos entendo onde ela quer chegar.
- Mas é claro. Achas mesmo que Vitória irá obrigar Ohano a ficar contigo porque estás grávida? - digo e desato-me a rir - Em que mundo tu vives Gia?
- No mesmo que tu. Onde cada um luta por si, doa a quem doer. - ela diz firme e minha vontade é de bate-la mas lembro-me que dentro dela tem um pedacinho do meu amor e só por isso eu não o faço.
- Saiba Gia, que não doeu em mim. E sim em Ohano. - digo chegando bem próxima a ela e vejo que isso afeta-a - E que se isso daqui for mentira eu te quebro, pior do que da última vez e dessa vez Thomas não vai me mandar parar. - digo firme e fria saindo logo do quarto.
Quando chego na sala Ohano está sozinho chorando como uma criança.
- Eu...eu não queria...- Gia tenta dizer assim que vê o estado dele mas ele a olha com o mesmo olhar que me olhou quando me viu com Guta e eu seguro sua mão.
- Saia Gia. Apenas saia. - ele diz firme enquanto Gia corre para fora da casa. - Ela não me ama mais...- sua dor é visível na sua voz e nos seus olhos.
Tomo seu rosto em minhas mãos e como da última vez vou beijando cada parte dele.
- Ela sempre te amará, meu amor. - digo beijando a ponta do seu nariz. - Só está triste por não ter sido a primeira a saber...mas vai passar, tudo passa.
- E se isso não acontecer? - ele pergunta agora de olhos abertos observando-me.
- Prometa uma coisa para mim? - digo e ele acente - Não faça esse jogo de "e se". Isso só vai te destruir mais ainda. - digo acariciando seu rosto - Oha nada nem ninguém no mundo vai te amar mais do que a Vitória, ela só precisa de tempo para assimilar tudo isto. E eu estarei aqui. Sempre. Para os 3.
- Tu vais mesmo ficar comigo assim? - pergunta referindo-se a criança e eu sorrio.
- Eu vou mimar muito. Sabes porquê? - pergunto e ele nega com a cabeça. - Porque não importa a Gia, essa criança é um pedacinho teu, e só por isso já tem tudo de mim.
- Eu te amo. - ele diz ainda chorando e beijo sua boca.
- Eu te amo. E estou atrasada. - digo triste por ter de deixá-lo. Mesmo relutante deixo-o sozinho deitado no sofá e saio da casa.
Sem pensar duas vezes sigo até casa de Mila, pois sei que encontrarei Vitória lá e bato na porta.
- Quero falar com Vitória. - digo rápida já entrando e encontro ela sentada no sofá ainda chorona. - O teu filho não tem culpa de ter omitido a gravidez da Gia. Fui eu que pedi e achei melhor assim para termos a certeza. Ohano está em casa achando que não o amas mais e a ponto de explodir de tristeza e tu estás aqui do mesmo jeito, acho melhor vocês conversarem com calma agora que a verdade veio a tona.
- Ohano ficou tão mal assim? - perguntam juntas e eu só olho para Vitória.
- Às vezes não sei se notas o quanto ele te ama. Ele precisa de ti Vicky, mesmo que tenha errado, ele precisa de ti. - digo firme tentando não deixar que a tristeza me invada.
- E vocês? Vais ficar com ele mesmo com um filho de outra? - pergunta Mila e de novo eu sorrio.
- A Gia pode ser mãe dessa criança mas eu não estarei aqui por ela e sim pela criança. Com ou sem Ohano, como sempre estive por todas as outras. - digo e a encaro. - Uma criança não escolhe em que família estar, não achas?
- Eu vou ver o meu filho. - Vicky diz saindo apressada para casa e Mila me olha indecifrável.
- Porque mentiste? - pergunta ela de braços cruzados impedindo minha passagem
- Porque o faria, se não fosse por amor? - pergunto deixando-a estática em seu lugar e saio da casa extremamente atrasada mas com o coração mais tranquilo.
"E se..."
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Ohaura
FanfictionPRIMEIRO LIVRO DA TRIOLOGIA - OHAURA 🍋 Bem-vindos a Hargan. Um lugar normal com pessoas normais vivendo vidas normais até que um dia um copo de limonada une os fios de dois destinos diferentes. Uma menina rebelde que tenta quebrar todas as leis p...