52. Vermelho e Prazer

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- É claro, Clara. - digo sorrindo sentado num quiosque.

- Prefiro ruiva. - confessa ela ajeitando o cabelo e os nossos pedidos chegam.

- E eu prefiro-te sem aquele uniforme. - confesso e ela fica meio sem jeito - Opa, a minha saladinha chegou.

- Que adolescente gosta disso? - pergunta ela fazendo cara de espanto.

- Aqueles que querem manter-se sarados. - digo e sorrio.

- És muito diferente mesmo, Ohano, mas quantas vezes eu já vi-te comendo comidas calóricas. - diz ela em tom de desafio.

- É verdade. Mas de repente deu-me uma vontade de ser quem realmente eu tenho que ser. Sabes aquilo que a vida há muito tempo tem tentado impor-me. - confesso engolindo um pedaço de tomate.

- Mas porque isso de repente? - pergunta ela iritando-me um pouco com tantas perguntas mas respondo.

- Não foi de repente. Tu não sabes nem metade do que aconteceu comigo. - atiro como se ela fosse culpada.

- E o que é que aconteceu contigo além de seres pai? - pergunta e eu estranho ela saber sobre a Gia mas foda-se.

- Além de ser pai, eu não serei pai. A Gia fingiu a gravidez apenas para separar-me da Laura e eu todo inocente caí na armadilha suja dela. Descobri hoje quando eu e a Laura fomos saber dela no hospital, pois ela desmaiou, mas pelo menos eu quase ter morrido naquela floresta serviu para alguma coisa. - digo irritado e alguns dos clientes olham para mim.

- Meu deus, tu estavas quase a morrer? - pergunta ela assustada.

- Sim, fui atrás de um ladrãozinho e viraram dois. - digo ainda sentindo algumas dores no corpo.

- Como é que estás? E a Laura? Ela deve estar arrasada. - pergunta ela e eu gargalho.

- A Laura está na casa de um caipira qualquer em vez de estar comigo. - digo firme nos meus argumentos.

- Nem sei o que te dizer, Ohano. Passaste por tanta coisa. - diz ela meio com pena.

- Foi bom isso ter acontecido, pois mudou-me instintivamente e agora eu sou  um outro Ohano. - digo olhando para fora da vitrine.

- E como seria esse novo Ohano? - pergunta ela ficando séria.

- Esse novo Ohano é velho demais para ser inocente e acreditar nas pessoas deste mundo. - digo bebendo um pouco do meu suco e não, não é limonada.

- Assim serias muito parecido comigo. - diz ela sorrindo mas eu não sorrio.

- Não, para isso eu tinha que ser muito lindo. - digo e chego a cara mais para frente ao encontro dela.

- Vais me beijar? - pergunta ela chegando mais perto e ficamos há uns 3 milímetros de distância, sinto o seu hálito quente, o seu cheiro fica mais nítido e as partes da frente do seu longo cabelo vermelho tocam a minha testa.

- Perdi a vontade. - digo chegando rapidamente para trás e ela olha-me irritada.

- Vou fazer-te mudar de ideia. - promete ela e sai olhando para trás fazendo sinal para eu segui-la.

Deixo um dinheiro em cima da mesa e vou atráz dela rapidamente.

Quando saio do quiosque, olho em direção ao carro mas ela não está aí.

Como uma imagem tirada de um filme, ela está fora da realidade sendo perfeitamente perfeita.

O longo e expenso cabelo vermelho me lembra a personagem de um desenho animado chamado Brave. A pele é clara e percebo de onde os seus pais tiraram o nome. O corpo? O corpo é sexy, parece até a Beyoncé numa versão mais pequena. Em suma ela é extremamente desejável, penso resumindo os detalhes.

OhauraOnde histórias criam vida. Descubra agora