46. Eu amo-te, mas amo-me ainda mais

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Natasha cantava qualquer coisa que não prestei atenção e eu só perguntava qual música Ohano iria cantar. Eu sei que cantar com ele poderia nos fazer mal mas isso não era muito importante para mim depois de tudo o que aconteceu.

- Vais mesmo fazer isso? - Luccas pergunta enquanto entregavam o violão ao Ohano.

- Vou. - sou firme na minha resposta e ouço o som do violão, logo reconhecendo a música. Que escolha...

Eu nem sei como começo
Fica tão difícil para mim
E digo coisas sem nexo
Perguntas porque estou assim
Eu nem sei explicar, nem vou contar
Que o tempo pára ao ver-te acordar
Nesse teu jeito inocente
Que me faz não te querer largar - ele canta de olhos fechados sentindo a música automaticamente sou tomada pelo desejo de cantar com ele.

Isso tudo começou como um desafio mas agora nem sei mais o que é.

Foram os teus abraços
O sorriso maroto
O teu corpo desenhado
E eu desajeitado
E tu sem me dar troco
Fica mais um bocado - me junto a sua voz e ele abre os olhos assustado mas nunca deixando de cantar.

E ela diz que não dá
Não dá, não dá, não dá
Tu não estás bem quando estás sozinha
Eu não percebo se tu estás na minha
Mas vá lá não fiques convencida
Só porque és mais gira do que querida...- sua voz sai brincalhona enquanto dentro de mim há um mar de lágrimas que estou tentando conter.

Não deixo que meus olhos se encontrem aos dele e só desejo ser levada pela música... sozinha!

E então  eu sou um perdido e um achado
Tu às vezes pões de lado
Mas queres e então
Eu penso em ti todos os dias
Mas não sei se penso mais do que pedes...- sem querer, os meus olhos fazem uma curva inadmissível e encontram com os de Ohano... meu coração pede para estar perto dele, tocá-lo, amá-lo...mas ele não é mais meu. Ele é da Gia. A mulher perfeita para ele.

Foram os teus abraços
O sorriso maroto
O teu corpo desenhado
E eu desajeitado
E tu sem me dar troco
Fica mais um bocado...- cantamos juntos enquanto olhamos um para o outro como dois necessitados de amor e por mais que eu saiba disso, nada pode ser feito neste momento.

Meus olhos se molham e eu sei que são as mágoas mas prefiro acreditar que são os hormônios.

E ela diz que não dá
Não dá, não dá, não dá
Não dá porquê
Se nos teus olhos eu vejo
Que tu queres mais de mim
Eu grito, mas tu não vens. - sua voz sai magoada e doce. Sai feliz e triste. Sai com saudades e desejo, mas também sai como um desafio.

Nem tens alguém que te provoque
Te deseje e te toque
Que te faça rir
Te espere e te leve no meu hip-hop. - sou firme evitando que as lágrimas me invadam de vez e ele sorri... sim, aquele sorriso!

Quero ter-te por perto
Vem ter comigo, és tu que escolhes
Nunca houve mais ninguém
Tens o meu mundo nos teus olhos... - como todo ser humano, acredito que tudo tenha um limite e este é o meu, pois minhas lágrimas começam a descer calmamente. Não adianta mentir, eu ainda amo-o e por mais que eu fuja, serei sempre dele.

Nada é incerto e tu és essa vontade
De te ter, de te querer
De te sentir e escrever
E dizer - ele canta, de novo com os olhos fechados e dessa vez eu não aguento ficar e ouvir que ele também me ama.

Mas como diz a música "não dá". Saio devagar sem ouvir o final da música e vou andando de qualquer jeito para longe dele.

Não me importa mais quem eu sou, e sim o que sentia. Não existia mais a Laura, não existia mais a Grey, não existia nada além de alguém que perdeu o amor.

Prometi a mim mesma que nunca mais choraria mas não se trata mais de mim. Trata-se do meu amor que grita e eu não vou. Que me provoca, me pede e me tem. Trata-se de tudo o que senti e ainda sinto. Eu amo-o mas não posso sofrer assim para sempre.

OhauraOnde histórias criam vida. Descubra agora