Cap 41 Um pequeno almoço (Natã)

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(um ano e meio depois...)

— Que lugar bonito, o que é aqui? Estou curiosa com a surpresa, fala logo, amor! — Suelen perguntou ansiosa, diante do portão do sítio da minha família. — Nossa, que cheiro bom de comida, parece churrasco. — Ela abriu a porta do carro. — É a casa de algum amigo?

— Eu achei que tinha uma chance de você desistir, então, vou te contar agora...

Seu sorriso foi se fechando, olhou para o portão e de volta para mim.

— Não é sua família toda lá dentro, é?

— É um pequeno almoço de domingo, juro, pequeno.

— Mas seus pais moram lá perto de você e pegamos uma hora de estrada. Vocês alugaram um espaço para algum evento? — disparou a falar e segurei sua mão, enquanto estava sentada ainda de cinto do meu lado no carro.

— Esse é um sítio da minha família. Não é uma fazenda como a do Jeff, mas tem uma horta, piscina e um campinho de futebol pequeno. Nada demais. Você não quis se aproximar muito da minha família nesse tempo que namoramos sem contarmos para eles que era nosso noivado secreto, mas agora acho que seria a hora de começar a frequentar o sítio e os almoços de família.

— Natã, como chama isso de pequeno? E por que não me avisou?!

— Fiquei com medo que dissesse não, mas me deixe terminar. Você não quis conviver com meus pais porque passamos por muitas brigas, mas eles agora estão mais receptivos com a ideia de estarmos juntos. Te prometo que não haverá discussões! Agora eles aceitam que você é a mulher que eu amo e não vão opinar como antes.

— Já contou para eles que eu aceitei me casar com você e que quero marcar a data? — perguntou-me.

— Sim, eles sabem e ficaram felizes. Por isso, eu pedi um pequeno almoço de domingo para tentarmos ver se isso funciona. Eles estão dispostos a não fazer guerra e queria te pedir que, por favor, tente ao máximo respirar duas vezes e me ajudar a ter um simples almoço de família em paz. Você come, senta do meu lado e pronto, voltamos. Meus pais não vão tocar no assunto do noivado, ao menos que você queira. Avisei que não era nem para te parabenizar. Assim, fica tudo na sua mão, ok?

— Eu vou ser uma acompanhante muda ou que ficou rouca e perdeu a voz? Essa não sou eu.

— Por favor, é só com a minha família, eles são legais, só começamos tudo errado. Por favor, amor. Você me disse sim e que quer ser minha esposa. Não posso tirar minha família disso.

Ela respirou bem fundo, tremendo as pálpebras, coçou a testa, olhou as unhas, ajeitou os anéis, colocou o cotovelo na janela, ficou estudando o lado de fora da casa.

— Ok, Natã, só porque eu amo você, na boa, não estou acreditando. Ainda bem que eu ando sempre arrumada, viu?

— Está linda. — Olhei para o seu vestido florido curto azul-marinho, as unhas vermelhas, pulseiras e bolsa amarela. Ela era gata de qualquer jeito, nem precisava de muita preparação.

— Você me paga. Eu devia ter me arrumado mais.

— Pode me pedir o que quiser.

— O que quiser? — perguntou-me do lado de fora do carro.

— Dentro da lista disponível "no menu noivado" — brinquei.

— Espere só até eu pegar "o menu de casada" e você está perdido. Não vai ter esse negócio "Senhora, hoje não temos esse prato, só o do dia".

AbstinênciaWhere stories live. Discover now